CASAMENTO REAL, OU SÍNDROME DE SÚDITO
Geral

CASAMENTO REAL, OU SÍNDROME DE SÚDITO


Este semestre passei a saber muito mais sobre a história do Reino Unido do que gostaria, pois estou lecionando a disciplina de Inglês 7, que é justamente sobre cultura britânica. Se eu voltar a lecioná-la (e eu quero, pois é uma disciplina legal de se dar, não tem livro, a gente é quem bola tudo), vou diminuir bastante a parte de História. Até agora, metade do semestre, salvo algumas exceções, vimos uma imensa galeria de reis e rainhas, o que é um martírio pra mim, que abomino a monarquia (não consigo pensar em um só rei, rainha, príncipe ou princesa, de qualquer país ou época, por quem eu nutra a menor admiração), e os rituais e as tradições de forma geral. Já que eu e meus alunos aguentamos até aqui, vamos ter de falar um pouco sobre o casamento do século, este de William e Kate. Ainda não engoli nem o casamento do século passado, aquele de Charles e Diana, que custou 30 milhões de libras (a bagatela de 90 milhões de reais?).
A rainha vai pagar parte deste casamento (não se sabe qual será o custo total, já que eles não divulgam). Os pais de Kate, que têm uma fortuna de R$ 78 milhões, pagarão outra parcela mais modesta, na casa dos R$ 260 mil. Mas os contribuintes serão responsáveis pela fatura da segurança e transporte. E eles não se importam em pagar, nem estando na pior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial. Apenas 18% dos britânicos é contra a monarquia. Fica mais fácil entender essa louvação se pensarmos que, em toda sua história, eles só tiveram uma república durante onze aninhos. Aliás, adoro essa anedota real. Vou contar: após várias guerras civis internas, em 1649 Charles I foi condenado pelo Parlamento e executado por traição. Foi a primeira e única vez que um rei foi morto não por seus sucessores ao trono (Shakespeare explica), mas por quem deveriam ser seus súditos. Oliver Cromwell então governou a Grã Bretanha, bastante tiranicamente também, até 1658. Este foi o curto período da República (de 1649 a 1660), que deu tão errado que o filho exilado de Charles I, previsivelmente chamado de Charles II, foi recebido com pompa de volta a Londres. E adivinha qual foi o primeiro ato do novo rei? Canonizar seu pai, lógico. Até hoje o Santo Carlos Mártir da Igreja da Inglaterra é celebrado pela tradição anglicana. (O segundo ato do novo rei foi mandar executar todos os juízes que votaram a favor da morte de seu pai, porque vingança pouca é bobagem, mas deixa quieto).
O reino de Charles II, que marca a restauração da monarquia, foi caracterizado pela peste negra e por um incêndio que quase destruíram Londres, e pelo hedonismo (o que pode ser visto em O Libertino, péssimo filme de 2004 com o Johnny Depp –- quem faz o rei é o John Malkovich). Embora Charles II não tenha tido herdeiros com sua esposa, Catarina de Bragança (parece familiar? Ela foi filha de João IV, rei de Portugal), ele deixou doze filhos ilegítimos (quer dizer, esses só contando os que ele reconheceu). Pra provar que não dou ponto sem nó, sabe quem é descendente de um desses filhos bastardos? A princesa Diana.
Amanhã falarei mais sobre o espetáculo que será o casamento (que não pretendo ver) do filho de Diana com a plebeia. Só queria dizer que considero muito mais interessante que todas essas tradições que existam gatos oficiais. Pelo menos eles servem pra alguma coisa: caçam ratos. E custam pouco, só umas cem libras por ano. Outra opinião: compreendo que os britânicos deem tanta importância pra um evento tão sem importância. Mas e o resto do mundo, por que esse fascínio? O que faz com que dois bilhões de pessoas queiram acompanhar uma cerimônia carérrima de uma instituição simbólica e inútil como a monarquia?
Eu tenho uma pista. Lembro de uma colega da faculdade de Pedagogia me dizendo como ela admirava a monarquia britânica, e que o sucesso dessa monarquia era o principal motivo pelo qual aquele país estava tão melhor que o nosso. Acho que minha colega adorava a monarquia porque não sabia absolutamente nada sobre ela e porque tinha crescido ouvindo contos de fada e príncipes encantados. O que ela mais queria na vida era que os Bragança voltassem a ser nossos reis, praí sim o Brasil tomar jeito.
Tem uma galerinha doida pra ser súdita de alguém, né? Prefiro ser cidadã, obrigada.




- Escândalo Na Família Real Inglesa: Príncipe Charles Tem Filha Bastarda
 história há muito que circula nos corredores do Palácio da família real inglesa. Charles e Diana terão sido pais antes de casarem. Parece estranho, mas o que Sarah alega é que a Rainha Elizabeth II obrigou Diana a provar que era fértil....

- Papai Feliz: Príncipe William Comemora Nascimento Do Primeiro Filho
Papai de primeira viagem, Príncipe William fez, nesta segunda-feira, uma curta declaração sobre o nascimento de seu filho com Kate Middleton. Segundo informações do jornal inglês The Telegraph, o duque de Cambridge afirmou: ?Nós não poderíamos...

- A EncenaÇÃo Que MantÉm A Ordem
Espetáculo matrimonial transmitido para o mundo inteiro Ontem falei um tiquinho sobre o casamento real, mas tenho mais pra falar. Só que parece que o assunto já morreu (ainda bem!). Bom, pro meu curso de Crítica da Mídia, estamos lendo o ótimo...

- Casamento Real: Meganegócio Do Século?
Reproduzo artigo de Alfonso Daniels, publicado no sítio Opera Mundi: Toalhas de mesa com a imagem do príncipe William e Kate Middleton, guardanapos estampados com os noivos, cinzeiros, pratos, chaveiros, broches ou xícaras de porcelana. É quase impossível...

- “casamento Real” E Os Súditos Da Mídia
Por Altamiro Borges A busca por audiência não deve ser a única justificativa para a overdose midiática na cobertura do “Casamento Real”. Revistonas dão capas melosas para a união do príncipe William com a “plebéia” Kate. Jornalões gastam...



Geral








.