Atriz joseense de 'A filha do mal' teve apenas uma semana para se preparar |
Fernanda Andrade estreia no cinema como protagonista do filme de terror. |
O filme conta a história de Isabella Rossi (Andrade), uma mulher que busca descobrir a verdade sobre a mãe, Maria (Suzan Crowley), que mata três pessoas durante um ritual de exorcismo. Fernanda, que já havia participado de seriados norte-americanos como "Anjos caídos" ("Fallen") e "CSI", faz seu primeiro longa-metragem no cinema sob um tema "pesado", como ela mesmo descreve. Para se preparar em tão pouco tempo, recorreu a livros e à internet. "Usei muito o YouTube para ver clipes de pessoas possuídas e, principalmente, para identificar a diferença entre ataques epiléticos e casos de possessão. Também ouvi muito a gravação do exorcismo de Anneliese Michel (que inspirou o filme 'O exorcismo de Emily Rose'), que é apavorante e incrível ao mesmo tempo", destacou a atriz paulista de 26 anos, natural de São José dos Campos. Nos Estados Unidos desde os 11 anos ? ela mudou-se com a família por conta de uma transferência profissional do pai para Miami ?, Fernanda já trabalhou ao lado de gente famosa, como o ator Andy Garcia; estudou balé e jornalismo; e agora está de olho nas produções nacionais para a telona. Em entrevista por telefone, de Los Angeles, e com exclusividade para o G1, Fernanda Andrade revela curiosidades sobre os bastidores de "A filha do mal" (que já arrecadou mais de US$ 50 milhões nos EUA) e conta da vontade de fazer cinema no Brasil. G1 ? Como surgiu a oportunidade de fazer este filme? O que a fez aceitar o papel? Fernanda Andrade ? Fiz um teste há uns dois anos, com uma das cenas do filme, mas ainda sem o roteiro. Então, me chamaram para fazer um segundo teste, em uma outra cena. Depois disso, o diretor (William Brent Bell) pediu para conversar comigo. Só então pude ler o roteiro. E foi aí que me animei. Percebi que era uma coisa diferente. Uma semana depois, já estávamos filmando em Bucareste. G1 ? Você passou por algum tipo de preparação? Fernanda ? Como disse, não tive muito tempo, apenas uma semana. Mas vários fatores ajudaram bastante. Por exemplo: o diretor sugeriu que lêssemos um livro chamado ?Interview with an exorcist? (?Entrevista com um exorcista?). Parece bobagem, mas foi algo que ajudou bastante. Foi um exorcista mesmo quem escreveu o livro. E foi importante, porque cresci num ambiente bem católico, com todos esses termos flutuando. Eu achava que entendia, mas isso acabou quando comecei a pesquisar, ler o livro e ouvir as entrevistas que o William estava fazendo com exorcistas de verdade. Consegui entender muito melhor esse mundo e essa lente com a qual eles enxergam o ?demônio?, ?anjos?, ?Deus? e tudo isso. G1 ? A internet ajudou durante essa pesquisa? Fernanda ? Sim, usei muito o YouTube para ver clipes de pessoas possuídas e, principalmente, para identificar a diferença entre ataques epiléticos e casos de possessão. Também ouvi muito a gravação do exorcismo de Anneliese Michel (que inspirou o filme ?O exorcismo de Emily Rose?), que é apavorante e incrível ao mesmo tempo. É marcante, quer você acredite ou não. G1 ? Você sentiu medo em algum momento durante as filmagens? Algo te impressionou? Fernanda ? Acho que, em geral, o tema já é bastante pesado, mas uma parte foi mais difícil e bem apavorante: a cena do exorcismo da Rosa (Bonnie Morgan), onde ela aparece toda retorcida numa cama, num porão. Esse porão ficava embaixo de uma mansão abandonada em Bucareste. Não sei o que tinha naquele lugar, mas, desde que entrei ali, senti uma coisa muito esquisita. Não sei se estava num dia ruim (risos), mas sei que não foi legal. G1 ? É verdade que você só conheceu Suzan Crowley na cena em que Isabella e Maria se reencontram? Fernanda ? É sim. Aquela cena foi filmada num hospital de animais abandonado, que por si só já era um lugar muito esquisito. O diretor achou melhor não nos conhecermos até aquele momento. Também achei isso superlegal, ajudou muito. E eu nunca tinha visto Suzan. Então foi um momento muito forte. Acho que ajudou aos dois lados. G1 ? Qual a diferença básica entre "A filha do mal" e os demais filmes de exorcismo? Fernanda ? Acho que este filme traz algo completamente diferente, que é a intenção fazer um relato autêntico e honesto de como seria uma sessão de exorcismo se você a testemunhasse. Os outros filmes passam um lado sensacionalista. Acho que a intenção do William e do Matthew Peterman (roteirista) foi exatamente documentar e relatar a história dessa menina, a Isabella, entrando neste mundo. É como se o espectador tivesse entrado no quarto com ela, acho que essa é a experiência de se assistir ao filme. G1 ? Por que você acha que filmes do gênero fazem tanto sucesso? Fernanda ? Acho que todo mundo tem um interesse muito grande nas coisas que a mente humana não consegue explicar. É uma jornada pela qual todo ser humano passa, seja rapidamente ou pela vida inteira. No fundo somos seres limitados, e muita coisa a gente não entende. Acho que estes temas sempre serão enredo para histórias e filmes. Porque são perguntas que vamos sempre refazer. G1 ? Como você passou a encarar o assunto depois do filme? Fernanda ? De uma maneira muito diferente. Achava que entendia esses termos e ideias, mas realmente tive que limpar tudo. Porque a Isabella estava entrando neste mundo com muita esperança, esperança de resgatar a mãe, resgatar ela mesma, talvez. Então acho que tive que olhar tudo isso de um jeito muito diferente. G1 ? Você tem vontade de fazer cinema no Brasil? Fernanda ? Tenho muita vontade. Sou muito fã do José Padilha e do Fernando Meirelles. O Selton Mello ainda não chegou até aqui (risos), mas também sou muito fã do trabalho dele. Estou aberta. Sempre quis fazer filmes em português e trabalhar por aí. Estou abrindo essas portas e confiando no que vier. |