Peguei o dvd e dormi em algumas partes de Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), confesso. Achei chata a aventura, que eu só havia visto inteira uma vez. O maridão disse que, durante o filme, falam sempre em sopro de Deus, mas ele tava era ouvindo um trovão no quarto – eu roncando, segundo ele.
Tá certo que Indy 3 tem o River Phoenix (bem sem sal, vamos admitir. A parte que eu mais gosto dele é quando ele diz pro amigo: “É só uma cobra”) no começo, e o Sean Connery fazendo as melhores piadas como pai do Indy. Mas o interesse romântico/vilã é fraco (ou alguém se lembra da Alison Doody?). Ela é bonita com o penteado a la Veronica Lake, só que o personagem não vai a lugar nenhum.
A Última Cruzada é o mais religioso dos Indys, e considero isso um erro, porque faz que a trama se leve demasiadamente a sério em alguns momentos. O Sean, Dr. Jones, estapeia seu filho por blasfemia, e mais tarde diz pra ele: “Você tem que acreditar, Junior”. Mas o Deus que Spielberg, Lucas e cia. acreditam é bem cruel. Primeiro, qual a vantagem de viver 700 anos se é pra passar toda a existência sozinho dentro de uma caverna, sem livros, filmes ou internet? Segundo, pra que o cavalheiro precisa guardar o cálice sagrado? É dificílimo entrar lá. Se por ventura o sujeito conseguir entrar vivo, vai precisar escolher o cálice certo entre dezenas de tacinhas, senão morre. E aí ele não pode sair com o cálice, ou tudo desaba. Sorry, mas parece que o cálice estaria bem guardado mesmo sem o velhinho de 700 anos junto, que nem tem mais força pra empunhar uma espada.
E se tanto Indy quanto seu pai bebem o elixir da vida eterna, eles não viverão pra sempre? O maridão, que já viu o filme muito mais vezes do que eu (três vezes seguidas no cinema, inclusive, quando Última Cruzada foi lançado – mas eu o conheci no ano seguinte e o salvei dessas coisas), explica que é uma questão de interpretação (o que significa que ele não tem certeza). Diz que, pra obter vida eterna, só bebendo a água milagrosa sempre. Ele até fez um adendo: “Você não entende nada de marketing? Que tipo de produto seria esse se você só precisasse consumi-lo uma vez?”. Tá, então tem que entrar na caverna semanalmente pra beber o elixir, já que não dá pra tirá-lo de lá. Não é preciso ficar lá como o velhinho solitário. Razoável. Mulheres fazem sacrifícios maiores, como ir ao cabeleireiro toda semana.
Se bem que é um tanto estranha a dificuldade que o pessoal tem pra entrar na caverna pela primeira vez. Depois que o Indy realiza a façanha, todo mundo entra. O maridão disse que vira a casa da Noca. Eu: “Amor, acho que já faz 700 anos que ninguém usa essa expressão”.
É engraçadinha a cena que Hitler assina o diário (seria mais ainda se o ator tivesse a mínima semelhança física com o Hitler – só bigodinho não basta). Opa, notou que cansei de seguir a ordem dos filmes?
Acho que um dos meus problemas com Indy 3 é o personagem do Sean. Apesas das gracinhas e do grande carisma do ator, Dr. Jones é um carinha bem desprezível (não dá atenção pro filho, gasta sua vida toda atrás de uma obsessão, não reconhece seus erros, é meio que um fanático religioso). E Indy não fica à vontade perto dele. Há algumas piadas que funcionam, mas no geral eu capto mais desconforto que diversão. Indy pedindo pro pai não lhe chamar de Junior é engraçado nas primeiras três vezes, talvez. Mas em todas as vinte?
- A Lolinha atirou na nossa cauda!