Geral
Consumo e poupança - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 11/12
Ontem, em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, advertiu que o Brasil tem de ter mais cuidado com sua poupança:
"O Brasil precisa aumentar a poupança externa e doméstica nas próximas décadas. Precisamos criar folga para financiar de forma sustentável todos os investimentos."
É recado que não leva o endereço dos agentes econômicos privados. Precisa ser dirigido ao governo, porque a expansão da poupança e do investimento depende de políticas, as mesmas que não vêm merecendo suficiente atenção.
Hoje, o nível da poupança (em princípio, a riqueza e a renda não consumida) no Brasil é muito baixo. Não passa de 15,0% do PIB.
Essa é uma percepção que vai crescendo dentro do governo Dilma. Em setembro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que, para crescer 4% ao ano, o investimento tem de aumentar à velocidade de 7% ao ano. Essa tomada de consciência no governo para por aí. Não dá seguimento de modo a garantir o pulo do gato.
Para dar mais importância à poupança, o governo precisaria mudar suas práticas. Não pode continuar, por exemplo, dando tanta importância ao consumo. É verdade que alguma coisa mudou também aí. No início do governo Dilma, o entendimento dos administradores da política econômica era o de que bastaria ativar o consumo, que o resto viria espontaneamente em seguida: demanda, investimento, renda, enfim, desenvolvimento econômico. Deu errado. Logo se viu que são necessárias políticas de investimento. E o caminho já é conhecido. Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, cada real aplicado na expansão da infraestrutura tende a puxar mais 3 reais em PIB. Os leilões de concessão, embora tardios, são avanços nessa direção. Mas a maior deficiência está mais embaixo.
Alexandre Tombini preferiu não avançar sobre o que precisaria ser feito para estimular a poupança: "Porque este não é assunto do Banco Central". Mas não há divergências sobre alguns dos passos a dar. A primeira condição para expandir a poupança é garantir estabilidade na economia, por meio de uma administração responsável das contas públicas que reduza o endividamento e dê mais eficiência ao Estado.
A segunda condição é levar adiante as reformas cujos projetos estão há anos engavetados. Trata-se das reformas tributária, previdenciária, trabalhista, política, etc. Desse capítulo depende também o desenvolvimento de um mercado de capitais de longo prazo, hoje inibido no Brasil.
A condição seguinte consiste em desenvolver a produtividade do trabalho. Hoje, um dos obstáculos ao crescimento é a situação de relativa escassez de mão de obra que se reflete na situação de quase pleno emprego. Esse aumento de produtividade requer melhora da educação e novos esforços em treinamento. Não basta baixar leis que, no futuro, reservem mais verbas para a educação, se não houver também aumento da qualidade. Até agora, o governo não esclareceu como pretende aumentar a eficiência do trabalho.
-
A Poupança Encolheu - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 06/03 O governo Dilma já deu sinais suficientes de que está convencido de que, sem investimento, não dá para garantir o crescimento sustentado da atividade econômica. Mas não sabe como mudar a ênfase do consumo para o investimento....
-
Teoria Da Independência - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 22/09 Prioridades devem ser revistas sempre. As prioridades do Brasil há dez anos não são as mesmas de hoje. Na época, vínhamos de um padrão de crise recorrente por mais de duas décadas, com dívida pública vulnerável e sensível...
-
Até Onde Dá? - Celso Ming
O Estado de S.Paulo - 01/09 Com base no crescimento surpreendente do PIB no segundo trimestre, alguns entenderam que esse desempenho será fator de recuperação de confiança na economia, o que, por sua vez, atuará como determinante na melhora dos resultados....
-
Os Falsos Profetas Do Crescimento - Ernesto Lozardo
O ESTADO DE S. PAULO - 19/06 Surgem no debate econômico nacional temas de efeito midiático, mas sem consistência teórica. Um deles é a alegação de que a economia brasileira não cresce por falta de poupança. Essa consiste na oferta de recursos...
-
Falta Poupança E A Culpa é Do Governo
O GLOBO Paulo Levy, economista do Ipea, defende que o país crie mais estímulos para o investimento do que para o consumo. "A taxa de investimento é insuficiente para crescer 4,5% de forma sustentada". E lembra ainda que é preciso adotar políticas...
Geral