Copom freia a queda dos juros
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Copom freia a queda dos juros


Por Altamiro Borges

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem manter inalterada a taxa básica de juros em 7,25% ao ano. Foi a segunda freada seguida na redução da Selic. Com dois anos de governo, a presidenta Dilma acumula cinco altas, dez quedas e duas manutenções na taxa que serve de referência para os juros bancários no Brasil. Desde janeiro de 2011, a Selic caiu quatro pontos percentuais, atingindo o seu menor patamar na história. Mesmo assim, ela é extorsiva, uma das maiores do mundo, e serve para manter os lucros estratosféricos dos banqueiros e rentistas.

A decisão de manter a Selic em 7,25% foi unânime na reunião do Copom. Seus oitos integrantes avaliaram que há perigo da retomada da inflação - o velho discurso da ortodoxia. "Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta", afirma a nota divulgada pelo Copom.

A repercussão diante da decisão foi antagônica, revelando os interesses em jogo na definição da Selic. Os "analistas do mercado" - nome fictício dos porta-vozes dos especuladores, que gozam de generoso espaço na mídia rentista - elogiaram a freada na queda dos juros. No jornal O Globo, alguns chegaram a defender que o Copom retome, já na sua próxima reunião, a escalada de aumento da Selic para "tranquilizar o mercado financeiro e evitar uma explosão inflacionária". Puro terrorismo com interesses mesquinhos!

Já entre os trabalhadores houve críticas à decisão. "Foi desperdiçada uma boa oportunidade para retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda", argumenta o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. Para ele, "os bancos brasileiros ainda continuam praticando juros e spreads que estão entre os mais altos do mundo, travando a produção e o consumo, e freando o crescimento do país".




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