Banco Central, os agiotas e Marina
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Banco Central, os agiotas e Marina


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Por Altamiro Borges

Na sua última reunião antes das eleições presidenciais, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano. Foi a terceira vez seguida que se manteve o mesmo percentual, após as várias altas do período anterior. A decisão foi unânime; a novidade é que desta vez a ata da reunião excluiu o termo “neste momento”, o que deixa indefinido o futuro da Selic. Para os tais “analistas do mercado” – nome fictício dos porta-vozes do capital financeiro –, esse recuo foi positivo, já que sinaliza novos aumentos em breve.

Os rentistas exigem mais juros com a desculpa do fantasma da inflação. Para eles, a manutenção da taxa ocorreu agora por razões “eleitoreiras”. Eles avaliam que novos e drásticos aumentos serão necessários de imediato. Isto explica porque eles apreciam tanto a proposta de “autonomia” do Banco Central pregada por Marina Silva, que virou a queridinha dos agiotas. A decisão do Copom de manter a Selic desagradou os banqueiros e a mídia rentista, mas também não recebeu elogios dos trabalhadores. Afinal, os juros seguem na estratosfera, causando estragos na economia.

No início do seu governo, a presidenta Dilma decidiu enfrentar os especuladores. Ela adotou medidas de ampliação do crédito e de reforço dos bancos públicos. Já o Banco Central reduziu a taxa de juros, que chegou ao patamar mais civilizado de 7,25% ao ano em março de 2013. O capital financeiro passou, então, a chantagear o governo, fazendo terrorismo econômico. Contou com a ajuda barulhenta da mídia rentista, que vendeu a imagem de um país à beira da falência. Diante desta violenta pressão, a presidente Dilma recuou. Já o BC voltou a elevar a taxa Selic.

Os efeitos foram nefastos. A economia desacelerou drasticamente, o que teve impacto na redução do ritmo de geração de emprego e renda. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista nesta terça-feira (3), reconheceu que a alta dos juros foi o fator principal da queda do Produto Interno Bruto. Na semana passada, o IBGE divulgou que o PIB brasileiro sofreu retração nos dois primeiros trimestres deste ano (-0,2% e -0,6%). Estudo do Ministério da Fazenda estima que a alta dos juros foi responsável por um perda de 0,7 a 1% no desempenho da economia desde meados do ano passado. Já a crise externa reduziu o PIB em 0,7% no mesmo período.

A desaceleração do crescimento da economia, amplificada pela mídia terrorista, é uma das causas do chamado "furação Marina". Ela navega na desgraça e prega ainda mais desgraceira, com a autonomia do Banco Central e o endurecimento do tripé neoliberal de juros altos, maior superavit primário e total libertinagem financeira.

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