CRI-CRÍTICA DE TRAILER: O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Eu vi o clássico de 1951 há pouco tempo, pela primeira vez na vida (falo sobre ele aqui), e tenho certeza que, se o título da refilmagem não fosse igual, eu nem reconheceria que se trata da mesma história. Não tem absolutamente nada a ver. A julgar pelo original, o personagem (no remake feito pelo Keanu Reeves) é um extraterrestre que vem à Terra pra basicamente dizer: “Podem parar essa bagunça aí! Já! Senão vamos explodir esse planetinha arruaceiro”. Ele até fala de uma forma educada, mas a mensagem é exatamente essa. Neste trailer, que deve ser mais um teaser, o Keanu parece um cara estranho com poucos músculos no pescoço, e mais ênfase é dado a Jennifer Connelly (Mente Brilhante), que faz uma cientista ou uma jornalista, não saquei bem. No fundo, o trailer se baseia mais num interrogatório à la Blade Runner, e o sujeito que faz as perguntas consegue ser ainda mais esquisito que o Keanu. E dá a entender que a Kathy Bates é presidente dos EUA?! Como diria a patricinha, “as if!”. Tá, só na ficção os EUA elegeriam uma mulher gorda e de meia idade (Sarah Palin não é nem uma coisa nem outra, e só será presidente se o McCain for eleito e bater os coturnos, o que são duas probabilidades fortes).
Interessante como o interrogador pergunta: “Você está ciente de um ataque iminente?...” Isso é interrompido por uma grande pausa, em que a imagem corta pra um prédio no mesmo ângulo que vimos um dos aviões entrar nas Torres Gêmeas em 11 de Setembro. Aí a fala continua: “...ao planeta Terra?”. O planeta se resume às Torres Gêmeas e, óbvio, aos States. E no final vemos mais uma imagem do que parece ser o skyline de Nova York. A fala final do Keanu pro interrogador, “Você deve me deixar ir”, também é instigante. Ele diz isso porque pretende salvar o mundo, ou porque veio aqui pra destrui-lo? Conhecendo o Keanu, deve ser a primeira opção.
Aí, bem no finalzinho mesmo, ele diz pra Jennifer e pra um menininho (o filho do Will Smith, o garoto de À Procura da Felicidade), estrategicamente colocado lá pra cumprir a cota racial do filme: “Se a Terra morrer, você(s) morre(m)”. Quando eu vi o trailer no cinema, ainda em Detroit, pensei: “Bidu! É um gênio, esse Keanu!”. Óbvio, não? Só os americanos acham que não precisamos desta carcaça velha que é a Terra, e que dá pra viver no espaço, como em Wall-E. Pro resto do planeta, a gente sabe, sim, que depende daqui. Mas aí o Keanu completa: “Se você morrer, a Terra sobrevive”. E eu pensei, automaticamente:no contest! Por mais que eu tenha adorado a Jennifer em Réquiem para um Sonho, filha, se eu tiver que optar entre você e o planeta, hmm, deixa eu ver... Vamos decidir no unidunitê? Não, né? Tchau, linda. Você já era. Aliás, se eu tivesse que optar entre a pessoa que mais amo no mundo, que é o maridão, e a Terra, onde que eu assino pra despachar o corpo?
Vou dar nota 3 (em 5) pro trailer. Não por ele ser muito bom – porque não é, parece bem banal até -, mas porque adoro histórias apocalípticas.
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