Pra começar a diluir este preconceito infundado com o Stalla, quero avisar que uma das experiências cinematográficas mais marcantes da minha vida foi “Tango e Cash”. Não propriamente por causa do filme, que era, de fato, trágico, mas pela platéia. Foi no Cine Marabá, uma sala gigante em SP. Sessão lotada. O pessoal pulava, jogava pipoca na tela, gritava gracinhas pros atores – um bacanal. Duvido que o Bergman consiga fazer com que seu público urre (literalmente). Auuu! São estas reações viscerais que o Sylvester nos provoca. Tem a ânsia de vômito também, dirão alguns. Intriga da oposição.
Escrevi “provoca”? Leia-se “provocava”. O Entala não é o mesmo, tadinho. Faz tempo que não tem um arrasa-quarteirão. Sabe uma lei em discussão que transformaria ex-presidentes em senadores vitalícios? Deveria haver algo parecido para ex-astros de ação. Não torná-los senadores, pelamordedeus, mas, sei lá, é importante que eles descolem uma ocupação pra quando se aposentarem. Pense no Schwarzza. Se pararem de lhe arranjar oportunidade pra brilhar no Cine Porrada, ele vai cogitar a presidência dos EUA. Cada minuto que estes senhores dedicam para refletir sobre assuntos sérios é um perigo para a humanidade, entende? Talvez eles possam ser Embaixadores da Paz no Afeganistão, coisa assim.
Momento para a menção do filme. “D-Tox” não é ruim, ruim mesmo, até chegar na sua meia hora final. Antes disso, o Stalla é um agente do FBI que se entrega à bebida quando sua quase noiva é morta por um serial killer. Um amigo lhe diz “sua vida não acabou!”, e pensei que ele se referia à carreira do Stalla, mas não. Então ele vai para um centro de desintoxicação para policiais, cheio de tiras problemáticos. Daí o título da produção. Pois é, sei que parece marca de inseticida. O lugar fica isolado do mundo, no meio da neve, e a gente sabe disso porque quem o comanda é o Kris Kristofferson, praticamente um ermitão do cinema. Bom, alguém começa a matar os chatinhos, e tem horas em que “D-Tox” lembra uma mistura entre Jason e “O Iluminado” (ó sacrilégio!). O diretor é aquele um de “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado”. A diferença é que aqui ele pôs seu talento na posição inverno e as vítimas são mais velhas. Logo o filme se perde completamente, fica escuro, confuso, com personagens mal-delineados (eu nem conseguia mais distinguir os vivos dos mortos), até descambar no gran finale, onde nosso herói aniquila o bandidão com requintes de crueldade. Opa! Desculpe se contei o fim, mas você já conhecia. O vilão é morto, re-morto, e morto mais uma vez, só pra garantir. E pra satisfazer o fã do Stalla, que defende a pena de morte e vota no Maluf.
Ao sair da sessão, o maridão deixou escapar um “Barbaridade!”. Pedi-lhe mais respeito. Disse pra ele: você está falando do homem que, seguindo as previsões da mãe astróloga, redigiu o roteiro de “Rocky” em três dias. Você está falando do cara que ganhou a guerra do Vietnã sozinho em “Rambo”. Você está falando de um astro que pegou a esposa traindo-o com a secretária, mas que tem tanta certeza de sua masculinidade que seu nome significa “Garanhão” em italiano. Você está falando do sujeito que, pra provar sua versatilidade, faz comédias como “Pare! Senão Mamãe Atira” e “Minha Filha Quer Casar”. Você está falando daquele que foi eleito o pior ator da história pelas Framboesas de Ouro. Portanto, meça suas palavras, benhê! Morda a língua!