CRÍTICA: EXTERMINADOR DO FUTURO 4 SALVAÇÃO / Este programa executou uma operação ilegal
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CRÍTICA: EXTERMINADOR DO FUTURO 4 SALVAÇÃO / Este programa executou uma operação ilegal


Dessa vez eu fico com o da direita.

Sinceramente? Não sei se é possível se decepcionar com O Exterminador do Futuro após a terceira parte da série, lançada em 2003. Eu sei que a gente faz um esforço danado pra esquecer o Schwarzza lutando contra uma vilã de cristal líquido cuja principal missão na Terra é aumentar seus seios (aumentar os seios dela, não do Schwarzza. E inspirada por um outdoor do Victoria's Secret, santo merchandising!), mas a memória daquele espetáculo degradante persiste, como um trauma. Logo, se fosse possível se decepcionar ainda mais com uma sequência, eu estaria decepcionada com o número 4. Se bem que não sei o que eu tava esperando - uma salvação? Por que o filme prometia, afinal? Não tem o James Cameron (criador das duas primeiras e excelentes aventuras), e sim um tal de McG, que traz no currículo a direção de dois As Panteras (ambos tenebrosos). Não tem nem a Linda Hamilton como Sarah de volta. O único ponto em seu favor era o Christian Bale como John Connor (note as iniciais: Jesus Cristo, sacou?).
Um dos problemas é que o Christian não acrescenta nada pro papel. Podia ser qualquer ator. O personagem é rasinho, superficial, sem senso de humor, e não carrega um filme sozinho, como já vimos no Exterminador 3, em que a namorada dizia pra ele: “Mas você é um m****”, ou assim interpretou a tradutora pro português. Pô, a mãe e o pai do John são personagens muito mais fascinantes, porque eles estão cheios de dúvidas (tá, o pai menos, mas digamos que o Michael Biehn é fascinante). O Jonh só tem certezas. Em suma, é um chato. E a escalação do Christian não o torna menos chato. O seu “I'll be back” falha miseravelmente, porque o Christian é muito intenso, não se permite uma metalinguagem, uma piadinha. Acho que o único papel em que ele esteve mais levinho foi um de seus melhores, Psicopata Americano. Se T4 não tem humor, e não tem mesmo, e esse é um componente importante nas primeiras duas partes da franquia, a culpa é um pouco do Christian/John.
Dessa forma fica fácil pra outra pessoa roubar o filme, e essa alma é o Marcus Wright. Tudo que vou falar do Marcus já foi estragado pelo trailer, mas, se você não viu o trailer (ruinzinho), melhor parar de ler esta crônica por aqui e só voltar depois de ver o filme. Você foi avisado. Vá, e programe um “I'll be back”. Então, o lado Blade Runner do filme, do androide que se considera humano, não é nenhuma surpresa. Inclusive, um dos temas das partes 2 e 3 é como essas máquinas (personificadas pelo governador da Califórnia) podem aprender emoções “humanas” como compaixão e até humor (John Connor faltou a essas aulas). Marcus carrega a história nas costas. E eu tenho a distinção de ser a única no planeta que ouviu falar do Sam Worthington, que faz o Marcus, antes de T4. É que nos EUA vi em dvd uma produção de Macbeth australiano, e ele era o tirano. Muito bonito e tal, mas o filme era péssimo. Eu até incluí um pedacinho na minha tese, dizendo que quem reclama do excesso de sexo e violência no Macbeth do Polanski deveria ver o australiano de 2006. Sabe as bruxas? Nessa produção elas são meninas vestidas de colegiais. Pra contar as profecias pro Mac, elas transam com ele. Isso pra mim até tem lógica, porque se colocam um lindão como o Sam num filme, deve haver alguém pra transar com ele. Mas voltando a T4, o Sam tá perfeito na maior parte das cenas, embora o sotaque dele varie bastante. Sam/Marcus fala igualzinho a um americano durante quase toda a sessão, mas na cena em que ele diz “My name is Marcus Wright”, ele fala com sotaque alemão. Juro, tá no trailer.
No fundo, todo santo episódio de Exterminador é a mesma coisa: alguém vai tentar matar John. Alguém vai defender John. Claro que agora John já está bem grandinho e sabe se defender sozinho, o que tira bastante da graça, porque a gente sabe que ele só vai morrer se não tiverem acertado o cachê do Christian Bale pra pelo menos mais um filme.
Antes de prosseguir com alguns spoiler mais sérios, queria resolver minhas dúvidas existenciais:
a) Por que a Bryce Dallas Howard, que faz a mulher do John, está sempre maquiada? Eu me lembrei de uma leitora que questionou por que a Julianne Moore não tava usando sutiã em Ensaio sobre a Cegueira. O mundo acabou, mas continua sendo fundamental que as mulheres andem arrumadas.
b) Por que tem uma hora que T4 fica tão “I love the smell of napalm in the morning”, tão Apocalypse Now? É um tanto revisionista, já que os caras com helicópteros que jogam napalm são os bonzinhos, a Resistência. Os americanos no Vietnã estavam resistindo a quê? Em contrapartida, T4 apresenta uma menininha com boina, cabelo afro e estrelinha. Parece a maior comuna. Espero que ela tenha alguma relevância nas 145 sequências que virão aí, porque até agora ela entrou muda e saiu calada.
c) Quando eu imaginava a Resistência no futuro, não pensava que eles estariam tão bem equipados, cheios de helicópteros, metralhadoras e napalm. Pelo menos se a gente for se guiar pelas breves cenas futurísticas do primeiro Exterminador, não era assim. Bom, T1 passa imagens de 2029, e T4 se passa em 2018: de repente uma década depois a Resistência esteja em frangalhos?
d) Por que diabos o filme guarda o governador da Califórnia como máquina mortífera? Olha só, o Schwarzza é um modelo obsoleto de ciborgue desde o segundo filme da série. Coloquem o modelo de cristal líquido! Esse sim é um modelo avançado. Agora, esses de esqueleto de metal já pareciam ultrapassados em 1984!
e) Dá pra comparar a evolução dos efeitos especiais e da maquiagem se a gente se lembrar do Schwarzza em T1 com metade do rosto em carne viva. Na época todo mundo achou duca, hiper bem-feito, mas eu não consigo passar a cena pros meus aluninhos sem eles morrerem de rir e gritarem “Palha!”. Hoje a maquiagem no rosto do Marcus parece ótima. Será que daqui a vinte anos já estará tão ultrapassada que garantirá a alegria de todos os adolescentes?
E agora alguns spoilers de verdade. T4 não faz nenhum sentido. Fala a verdade: esse programa que domina o mundo é o Windows, não é? Senão, vejamos: a Skynet tem Kyle Reese, pai de John, entre seus prisoneiros. É só matá-lo que, talvez, quem sabe, John imediatamente desaparecerá. Ahn, por que não exterminar Kyle na hora? Eliminar John tampouco parece ser a coisa mais complicada do mundo. Há várias oportunidades, que as máquinas ignoram. Pra matá-lo, elas têm mesmo que atrai-lo pra sua sede, onde há montes de armas nucleares prontinhas pra serem detonadas? Nessas horas eu esperava que aparecesse na tela do cinema a mítica mensagem que ocupa a tela do meu computador: este programa executou uma operação ilegal e será fechado.




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