CRÍTICA: FREDDY VS JASON / Morte aos adolescentes
Geral

CRÍTICA: FREDDY VS JASON / Morte aos adolescentes


Chegou o filme que todos nós dementes, nós que gostamos de ver gente cortada em picadinho, estávamos esperando: “Freddy vs. Jason”. E, como você pode imaginar, o negócio é uma enorme frustração. Não tem graça e não assusta. O que sobra de um filme de terror sem esses dois ingredientes? Não muita coisa. Mas lá estava eu no meio da sessão cercada por um monte de adolescentes. Comentei com o maridão que ele era a pessoa mais idosa daquela sala, e ele disse: “Mais respeito! Eu sou o único aqui que viu o primeiro ‘Sexta-Feira 13’ e ‘A Hora do Pesadelo’ no cinema!”. É verdade: esses troços são, respectivamente, de 1980 e 84. Acho que nem os pais dos adolescentes vendo “Freddy vs. Jason” tinham nascido na época.

Sério, os dois serial killers do celulóide viraram ícones, e já faz tempo. Entre ambos, eles geraram 17 filmes. Nem todos lucrativos, e boa parte deles baratinhos. Na realidade, o gênero horror (também conhecido como slasher movie) estava bem falido até que a série “Pânico” veio ressuscitá-lo. “Pânico” já era uma paródia desses produtos, e com a comédia “Todo Mundo em Pânico”, então, inventaram o pastiche do pastiche. Como fazer hoje um filme em que uma moça peituda ande semi-nua pela floresta à noite sendo perseguida por um maníaco mascarado portando um facão? Ué, só como piada. Se for sério não vai funcionar. O último “Sexta-Feira 13”, “Jason X”, até que dava certo porque ria de si mesmo. Mas “Freddy vs. Jason”, do diretor Ronny Yu (do escandaloso “A Noiva de Chucky”) é todo sisudo, com raríssimos momentos de auto-paródia. Se bem que alguém deve estar gostando, porque esta joça fez sucesso nos EUA.

É difícil mesmo explicar a longevidade desses caça-níqueis. A de “Sexta-Feira” a gente até entende: os adolescentes sacrificados na série são todos pecadores, merecem a pena de morte após fazerem sexo e fumarem maconha. Não é mera coincidência que a franquia surgiu e floresceu nos anos Reagan. Jason não usa máscara para conciliar sua identidade, já que todo mundo sabe quem ele é – ela serve pra que a gente possa se colocar no lugar dele e degolar com requintes de crueldade aquela gostosa da escola que nunca nos deu bola. Quer dizer, agora você vê porque o gênero conquista muito mais fãs masculinos que femininos, né? Parece que nós, mulheres, não nos escandalizamos tanto assim com sangue. A gente menstrua todo santo mês e sobrevive. “Freddy vs. Jason”, não por acaso, proporciona várias oportunidades para que os atores chamem as atrizes de “vadias”, geralmente antes de cortá-las ao meio.

Não existe sujeito mais chato no mundo que o Jason. Ele não fala e usa máscara de hockey, que nem é um esporte popular. Convenhamos: praticamente todos os filmes da série são variações sobre o seguinte tema – um jovem diz: “Ueba! Vamos passar as férias no acampamento Crystal Lake!”, e o outro responde: ”Lá onde tem um maluco que estripa adolescentes?! Massa!”. São suas famosas últimas palavras. Em “Facas Guinzu vs. Meias Vivarina”, Jason se sente em casa quando ataca jovens numa rave. O terrível é que, ao juntá-lo com Freddy Krueger, constatamos o que sempre desconfiamos: que a série “A Hora do Pesadelo” é infinitamente mais elaborada que “Sexta-Feira 13”. Perto do Jason, Freddy é um intelectual. Sempre gostei da idéia que ele nos mata durante os sonhos, e que não podemos dormir pra continuar vivendo. É como se o Freddy representasse o id, sabe, o princípio do prazer, e Jason o super-ego, o princípio da moralidade. Zuzo bem, tô forçando um tiquinho, desculpa.

Tanto “Sexta-Feira 13” quanto “Pesadelo” já revelaram astros como Kevin Bacon e Johnny Depp, mas acho que as chances desses atorzinhos medíocres de agora crescerem e aparecerem são remotas. Pensando bem, qual a finalidade de encenar um duelo até a morte entre dois vilões que já estão mortos? Na saída, eu tava tão decepcionada com o Jason e o Freddy que falei pro maridão: “Argh, quero que os dois morram!”. E ele: “Meu anjo, todo mundo quer isso desde a terceira sequência”.





- CrÍtica: Sexta-feira 13, Parte 11 / O Velho Joça Ataca Pela última Vez
Não queria contar o filme, mas ela morre (porque está de topless). Estou me aposentando: acho que Sexta-Feira 13, Parte 11 é o último filme de terror desse tipo que eu assisto. Não tenho mais (eu ia dizer estômago, mas a verdade é que é outra...

- CrÍtica: Ultimato Bourne / Tomara Que Seja O Ultimato
Toda santa vez que penso em Jason Bourne, me recordo de uma cena de um dos dois primeiros filmes, ou "Identidade Bourne" ou “Supremacia Bourne”, em que o personagem amnésico do Matt Damon entra num bar e de cara sabe que um sujeito brigou com a mulher,...

- F
Fabuloso Destino de Amélie Poulain, O Fahrenheit 11 de Setembro Falcão Negro em Perigo Fale com Ela Família do Futuro, A Família Savage, A Fantástica Fábrica de Chocolate, A Feiticeira, A Feitiço do Tempo Femme Fatale Filhos da Esperança Fim dos...

- CrÍtica: Alien Vs Predador / Criaturas Bobonas Vs. Babonas
Como não tinha mais nada passando, fui ver "Alien vs. Predador", mas não sem antes ouvir minha mãe pedir pra eu não contar pra ninguém que sou filha dela, porque, sabe, pega mal pacas. Cheguei ao cinema e comentei com o maridão: "Cadê o gerente?...

- CrÍtica: PremoniÇÃo 2 / Sádicos, Uni-vos!
Fui ver “Premonição 2” com o maridão e, antes do filme começar, tive que comparecer à toalete. E aí pinta aquele medo clássico que a porta não abra e eu passe o resto da vida trancada num banheiro. Portanto, testei a cumplicidade da minha...



Geral








.