CRÍTICA: LOUCAS POR AMOR, VICIADAS EM DINHEIRO / Gastando como se não houvesse amanhã
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CRÍTICA: LOUCAS POR AMOR, VICIADAS EM DINHEIRO / Gastando como se não houvesse amanhã


Putz, vi Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro faz uma eternidade (dez dias) e, por não ter anotado nada, mal me lembro do que se tratava. Mas me recordo vagamente que a comédia não foi assim tão péssima quanto eu imaginava que seria. A Diane Keaton, por exemplo, está muito melhor que no seu último fracasso, o realmente embaraçoso Minha Mãe Quer que Eu Case, presente na maior parte das listas dos piores do ano passado. Aqui em Loucas ela faz uma dona de casa com um bom padrão de vida, casada com o Ted Danson. Mas quando ele perde seu ótimo emprego, o casal imediatamente se vê com uma dívida de quase 300 mil dólares. Diane decide trabalhar fora, o que é quase impossível pra mulheres de sua idade sem experiência no mercado. Ela consegue um emprego de faxineira no Tesouro Central, ou algo do gênero, que é onde fazem as notas. Ao ver que doláres amassados e sujos são destruídos sem dó, ela tem uma idéia genial: ficar com eles, como se fosse uma reciclagem. Convoca duas colegas, a Queen Latifah e a Katie Holmes, e o trio enche os bolsos.

Obviamente isso não vai acabar bem. O personagem da Diane é irritante. Não daria pra juntar dinheiro, não gastar, não dar na vista, e depois fugir pra algum paraíso tropical como, hã - você sabe pra onde todo mundo vai – e viver lá felizes para sempre? Alguém precisa mesmo comprar um anel de diamantes de 60 mil dólares pra sobreviver? O filme é excessivamente tímido em criticar o consumismo exacerbado dos americanos. A mocinha abobada da Katie é uma gracinha, mas o roteiro a ignora e não a desenvolve, como, aliás, não desenvolve o tema de que enriquecer pode afetar um relacionamento a dois. Eu me identifiquei mais com o personagem da Queen, claro, que é mais pé no chão, mais pão-dura, e mais gordinha. Quer dizer, não que eu seja uma pão-dura miserável! Eu nego!

O que é sempre chocante pra mim é constatar como não fui picada pelo bichinho da propaganda, como não tenho grandes sonhos de consumo. Pode ser total falta de criatividade, mas já tive essa discussão com o maridão e chegamos à triste conclusão que, se fossemos ricos, nossa vida não mudaria quase nada. Eu jamais poderia passar a frequentar supermercados e jogar no carrinho os produtos que eu quisesse, sem verificar o preço, pesquisar, e escolher a marca mais em conta. Gastar 20 reais num sanduíche? Pra mim é anti-ético. Não faz parte da minha personalidade. Carros são apenas um meio de transporte, não sinal de status, então qualquer popular 1.0 tá mais do que bom pra mim. E o maridão pensa igual. Um dia, faz alguns anos já, tivemos uma conversa sobre isso. Perguntei pra ele: “Amor, se a gente fosse muito rica, no que você gastaria parte do dinheiro?”. Ele pensou, pensou, e respondeu: “Eu gostaria de ter um mouse sem fio”. Fiquei surpresa porque, apesar de não ter idéia do que fosse aquilo (cinco anos atrás), imaginava que não custasse tanto assim, e impliquei: “Você tá dizendo que, se a gente fosse milionária, tudo que você compraria seria uma coisa que a gente poderia comprar agora, se realmente quisesse?! Não é possível! O que mais você gastaria de comprar?”. E ele pensou mais e mais, e, muito abatido, disse: “Tem muita coisa sem fio que eu gostaria de ter”.

Sabe aquele clichê de “como presentear alguém que já tem tudo?”. É mais ou menos como a gente se sente. Porém, pra americano, ter tudo nunca é o suficiente.

Os críticos me odeiam por eu ser rica ou por ter casado com o Tom Cruise?





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