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CRÍTICA: MAIS QUE O ACASO / Não foi por acaso, foi sem querer
Geralmente, após assistir a um filme descartável, a gente leva o quê, uns 15 minutos, para esquecê-lo? Este foi um recorde. Deixei a sessão sem saber o nome. Era "o sucesso não ocorre no meu caso"? "O Ocaso"? Não, sabia que estava na trilha certa, mas tive que voltar e ler o cartaz. Era "Mais que o Acaso". Aí você pergunta, por que você foi ver uma gosma dessas? Olha, era isso ou o Van Damme e seu "Replicante". Meu maridão queria prestigiar o belga anão. Ele até argumentou que este era o melhor filme do Van, mas quando o ameacei com o divórcio ele parou de insistir. Tenho orgulho de dizer que nunca vi uma película com o Van. Prefiro ficar virgem pra essas coisas. Entre eu e "O Replicante", sou mais a Implicante aqui.
Tá, escapei do obtuso pra acabar na companhia do Ben Affleck. Ben, o Aflito, é uma gracinha e, mesmo que não seja melhor ator que o Van, pelo menos é mais alto. Seu estilo de atuar é variado – ele tem três expressões. Fica de boca aberta, ou fecha os olhos ou, em momentos de tensão, faz ambos ao mesmo tempo, o que é super difícil e exige concentração enorme. Em "Mais que o Acaso" (vamos apelidar a produção carinhosamente de "Sem Querer"), Ben é um yuppie que cede sua passagem aérea pra um pobre-coitado. O avião cai, o cara morre, mais uma viúva no mundo, Ben sente-se culpado, vai atrás da moça. Interpretada por quem? Pela Gwyneth Paltrow, que já foi namorada na vida real do Ben. A G é aquele osso de sempre. Aqui, ela muda a cor do cabelo, mas não se preocupe que seu, uhm, talento continua intacto.
Agora, sinceramente, pense na pior coisa que pode te acontecer ao sair com alguém pela primeira vez. Tudo bem, fora que o sujeito palite os dentes na sua frente (pior que isso, só se ele palitar os seus dentes). Pensou? É a pessoa não parar de falar no ex, certo? Pois bem, a G faz isso em todos seus encontros com Ben, o Aflito, que ouve calado. A gente medita: e eu com isso?
Em "Sem Querer", a G é uma corretora de imóveis e o Ben, um publicitário. São profissões boas, cinematograficamente falando, porque eles não trabalham nunca e passeiam o dia inteiro. Afinal, quem lota as salas para ver os personagens se matando de labutar? E dá-lhe videoclip. Todo filme hollywoodiano que se preze tem cenas inteiras sem diálogos, só com uma musiquinha de fundo pra poupar o trabalho do roteirista e pra gente não se esquecer de comprar o CD com a trilha sonora. "Sem Querer" tem uns seis videoclips. Se as canções não fossem tão ruins, e se o Ben e a G soubessem dançar, passaria por um musical. Qualquer possibilidade de diálogo mais profundo é imediatamente abortada. Tá certo que a gente não vai ver uma produção com o Ben, o Aflito, esperando que ele diga algo inteligente, mas acho que eles exageraram.
Eu, a Implicante, estou pegando no pé do filme, lógico. É que, ao ler o título, imaginei tratar-se de uma comédia romântica. Até agora não identifiquei o que era. Um dramalhão romântico? Um desastre aéreo romântico? Ainda por cima tem criança fazendo bico. A verdade é que houve cenas em "Sem Querer" que me levaram à reflexão. Gastei vários neurônios em questões filosóficas como: por que o Ben não entrou no avião? Por que a G não era uma das passageiras? Por que os dois pombinhos não foram despachados junto com as malas?
E o título do filme em inglês não tem nada a ver com o "Sem Querer". É "bounce", que é aquele movimento que a bola de basquete faz ao quicar no chão. Imagino que, neste caso, signifique reerguer-se. Já na abertura, há umas bolinhas enjoadas pulando na tela, o que é um mau sinal. De lá em diante, a situação cai ladeira abaixo. Eu duvido que, se a raquítica da G se jogasse no chão, ela conseguiria quicar. Ponto pro Van Damme.
Teve uma sequência onde eu me envolvi. Foi quando o personagem do Ben, o Aflito, reclama por perambular horas numa locadora, sem ser capaz de encontrar um só filme que preste. Entendo como ele se sente. Quer saber? Talvez o nome do drama fosse "Mais que o Asco", e eu que não estava prestando atenção.
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