CRÍTICA: O SORRISO DE MONA LISA / Sorriso amarelo
Geral

CRÍTICA: O SORRISO DE MONA LISA / Sorriso amarelo


Pense à vontade e responda: qual é a marca registrada da Julia Roberts? E da Mona Lisa? É o sorriso, certo? Pois é, o maior atrativo de “O Sorriso de Mona Lisa” ficou no título. O resto do filme é meio um “Sociedade dos Poetas Mortos” versão feminina, talvez um “Sociedade das Artistas Mortas”. E é bem fraquinho. A Mona, digo, a Julia, é uma professora de arte que, na década de 50, vai trabalhar numa faculdade de elite só pra moças. Dizem que a Hillary Clinton estudou lá na vida real, mas duvido que ela teve alguma mestra como a Julia, já que nossa linda mulher seria magra demais pros padrões da época. Desconfio que, naqueles tempos, alguém tão puro-osso como a Julia seria enviada correndo prum spa pra se curar da anemia. Mas todas as alunas e o corpo docente masculino (que constitui de UM professor, logo o que se envolve romanticamente com a Julia) automaticamente a consideram o máximo em matéria de beleza. Olha, juro que não é inveja, mas não acho a Julia muito atraente nem pros padrões de hoje. Ela sem o sorriso não é nada, e, quando sorri, uma veia imensa divide sua testa em dois e seu lábio superior gruda no nariz. Mas como todas as mulheres na tela olham pra Julia com cara de babona, a gente assume que ela deve ser deslumbrante mesmo.

Por falar no resto do elenco feminino, essa foi uma das coisas que me irritou no filme. Eu não conseguia distinguir a Kirsten Dunst (de “Homem-Aranha”) da Julia Stiles (de “A Identidade Bourne”) da Maggie Gyllenhaal (de “Secretária”). São todas iguais. Há uma cena onde elas fazem nado sincronizado que comprova minha tese. Parecem todas clones. Mas eis que elas dizem que uma das amigas delas não vai conseguir casar. Ué? A moça também é bastante igual a elas, só não é loira. Não entendi.

“Sorriso Colgate” é aquele tipo de filme em que uma professora vai afetar pra sempre a vida de suas alunas, e em que todas as alunas participam ativamente das aulas, sem que ninguém interrompa ninguém. Tirando a aula inicial da Julia, esse é o sonho de todo mestre-com-carinho. Mas este produto do Mike Newell, diretor do ótimo “Quatro Casamentos e Um Funeral”, também tem o objetivo de fazer a platéia feminina soltar um “Ufa! Ainda bem que não vivo nos anos 50!”. E foi isso que me fez pensar. Será que a situação da mulher de classe alta (o universo enfocado por “Sorriso”) mudou tanto assim? Ainda existem bailes de debutantes e concursos de miss. O filme capricha em mostrar propagandas da época. O design desses anúncios realmente é diferente, mas a mensagem, não. Ou, sei lá, um anúncio dizendo “Liberdade é usar .... [complete como quiser]” é tão alienígena pra gente hoje? Tudo bem, claro que atualmente nenhuma grã-fina ostentaria sua riqueza posando ao lado de uma geladeira. Mas então só mudou o produto exibido, não a mulher? As moças ricas continuam deixando suas carreiras em segundo plano, quando têm uma carreira, e seguem disputando sair em colunas sociais, quase sempre ao lado do respeitável esposo, onde serão chamadas de “Sra. (sobrenome do marido)”. Tô chegando à conclusão que, pra uma certa camada social, a revolução sexual passou em branco. Pras ricaças, mudou o quê neste meio século? O penteado? Pronuncie a palavra “feminismo” perto delas e observe a careta de desgosto que elas fazem.

Não me entenda mal, “Sorriso” só pode ser visto como feminista no sentido que os personagens masculinos estão todos mal-trabalhados. Tem uma hora em que a Julia mostra que dá pra pintar um Van Gogh só colorindo uns números, num exemplo da massificação da arte. O roteiro do filme é assim pré-fabricado também – pinte os numerozinhos, encha de estereótipos, coloque uma estrela famosa e pronto, você tem um filme. No grande clichê que é o final, as alunas pegam suas bicicletas e cercam a Julia. Pensei que elas fossem levantar vôo e imitar “ET”, cruzando a lua e tudo. Mas não. Algo que mulher alguma faz em “Sorriso” é levantar vôo. Infelizmente.





- Cri-crÍtica De Trailer: Julie & Julia
Assista o trailer aqui, mas atenção! Há dois erros nas legendas: competitiva no lugar de repetitiva, e “Julia Child era Julia Child” ao invés do contrário que é dito, “Julia Child não foi sempre Julia Child”. E também, "I have thoughts"...

- CrÍtica: Perto Demais / Nada De Mais
Por motivos estranhos, “Perto Demais” ganhou classificação livre, e só depois alguém percebeu o erro e proibiu pra menores de 14. Se alguma criança incauta viu o filme, deve ter achado um tédio. A temática não é nada infantil, sem falar que...

- CrÍtica: Doze Homens E Outro Segredo / Poupe-me Do Segredo
O que mais gosto de ver seqüências horrendas de filmes medíocres é que elas fazem o original parecer uma obra-prima. Tô falando de “Doze Homens e Outro Segredo”, continuação de “Onze Homens e Um Segredo” (se alguém se lembrar do segredo...

- Tapinhas Nas Costas
O Oscar 2001 de domingo à noite até que foi rápido – só três horas, ao invés das quatro habituais. Eu errei várias previsões, como era de se esperar, mas, de maneira geral, acho que minha promissora carreira como crítica cinematográfica está...

- CrÍtica: Queridinhos Da AmÉrica / A América Já Foi Mais Querida
A última moda em Hollywood deve ser zoofilia. O trailer já apresentava uma comédia que não verei nem morta sobre um sujeito interessado em transar com animais. Em “Queridinhos da América”, um doberman, coitado, lambe o Billy Crystal naquele lugar....



Geral








.