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CRÍTICA: DOZE HOMENS E OUTRO SEGREDO / Poupe-me do segredo
O que mais gosto de ver seqüências horrendas de filmes medíocres é que elas fazem o original parecer uma obra-prima. Tô falando de “Doze Homens e Outro Segredo”, continuação de “Onze Homens e Um Segredo” (se alguém se lembrar do segredo leva um doce) que, por sua vez, era uma refilmagem de uma produção bem ruinzinha dos anos 60. Aliás, eram onze os sujeitos? Quem tava contando? Confio no título pra afirmar que eram onze, mas não tenho nem certeza se a soma incluía a Julia Roberts. Bom, agora são doze, mas parecem ser 35, pois os personagens ainda por cima têm família. E o filme gasta um looongo tempo apresentando cada um. Todos perdidos num roteiro confuso. Pra entender a trama eu teria que fazer o esforço descomunal de prestar alguma atenção. E tava difícil, juro. Vi muita gente se contorcendo na cadeira. Claro que com um elenco desses, quem precisa de uma história? Além da Julia, tem o George Clooney (sem ter o que fazer, fora perguntar por aí se ele aparenta ter 50 anos), o Brad Pitt (charmoso, mas com um penteado feio), o Matt Damon (quem se sai menos pior), o Andy Garcia, a Catherine Zeta-Jones... E praticamente qualquer um que já teve a sorte de trabalhar com o Steven Soderbergh, diretor um pouco, mas só um pouco, acima da média, autor de coisas boas como “Traffic” e “Irresistível Paixão”. Estamos falando de padrões diferentes, certo? Assim: quando pessoas normais querem se reunir, elas vão a um barzinho. Quando celebridades amigas querem se reunir, elas fazem um filme de cem milhões. Só que a gente teria algo melhor e mais honesto se elas só filmassem pegadinhas entre si e erros de gravação. Fazer de conta que existe um roteiro é hipocrisia.
O negócio mais revolucionário de “Doze Condenados” é que quem fez as legendas decidiu fugir do cenário branco, sabe, pra facilitar a leitura do público. Logo, as legendas ficam correndo atrás da parte escura da tela, nem que isso signifique pousar bem no meio do nariz de algum ator. Lembrei daquelas bolinhas pretas que pulavam na tela cobrindo as partes pudentes dos atores em filmes censuráveis como “Laranja Mecânica”. Que mais? Ah sim, pra nós, brasileiros, sobra o gostinho de ouvir uma música do Roberto Carlos. Cantada em italiano, que latino é tudo igual. E ó, que pós-moderno! A Julia Roberts finge ser a Julia Roberts no filme. Não é genial? Pausa pro meu bocejo.
Mal posso esperar a próxima aventura, que deve ser algo como “Treze Homens e Mais um Pretexto Qualquer pra se Ganhar uns Dólares”.
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