CRÍTICA: RECÉM CASADOS / A desgraça da programação sem graça
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CRÍTICA: RECÉM CASADOS / A desgraça da programação sem graça


Dos cinco filmes em cartaz em Joinville, apenas um – “Carandiru” – é pra adultos. Acompanhe o drama: “Encontro de Amor” é pra moçoilas românticas que nunca viram “Cinderela”; “Johnny English” é pra fãs inveterados do Mr. Bean; “Sou Espião” é pra fãs invertebrados do Eddie Murphy; e “Recém Casados” é pra quem gosta de besteirol americano. Avaliei o estrago e fui ver este último, mas confesso que morri de vontade de copiar o Glauber Rocha, que escreveu sobre “Limite” sem vê-lo. Vida de crítico é dura. Tem cinco filmes e quatro são pra adolescentes?! E a gente nem chegou na temporada de férias. A gente tá em abril, mês em que o nível não deveria estar assim tão capenga. E o pior é que esse nível rastejante não é privilégio catarinense. Dê uma olhada na programação de SP. Tá igual. Nunca pensei que ia ter saudade de quando tava passando “O Núcleo, Missão ao Centro da Terra”.

Oh Deus. “Recém Casados” é justamente sobre o que diz o título. Se você viu o trailer, você viu o filme, acredite. Todas as piadas grosseiras estão lá. Inclusive as duas gracinhas absolutamente sem graça com o nome da mãe da protagonista, Pussy, que aqui virou Chana. “Recém Castrados” começa com um casalzinho voltando da lua de mel na Europa se odiando. Um joga chiclete no cabelo do outro, outro joga um carrinho de mão, esse tipo de humor sofisticado. Eles se separam, segue-se um longo flashback, e no final, ahn, puxa, não sei se devo revelar isso, eles decidem que nasceram um pro outro. O Titanic afunda, Romeu e Julieta morrem, o par de uma comédia romântica fica junto – estou me especializando em contar finais imprevisíveis.

À la “Férias Frustradas”, o filme é um festival de problemas sem conserto. Pra começar, esta é uma produção destinada ao público teen, então os personagens devem ser teens para identificação imediata. O empecilho é que adolescentes não se casam, a menos que aconteça algum imprevisto que o cinemão, via de regra, não aborda. Logo, como resolver esse impasse? Simples. O roteiro faz com que todos os coadjuvantes de “RC” falem pros dois pombinhos que eles são jovens demais pra casar. Assim, eles podem continuar se comportando como legítimos adolescentes. Por exemplo, o marido prefere fugir pulando uma janela que recusar ir pra cama com uma mulher. Meninos, jamais digam não. E ele bate a cabeça da esposa tantas vezes que não é surpresa que ela fique assim, digamos, afetada mentalmente. Claro que, perto dele, ela é um gênio.

Se discutir o próprio relacionamento com seu querido cônjuge já é um porre, o que dizer de ouvir uma hora e meia de um casal jovem discutindo o deles? Mas a sanha sádica de Hollywood não conhece limites. Quando o espectador já não agüenta mais ver os pombinhos comentando suas dificuldades, lá vai o marido falar delas com o pai. Se um pobre cachorro não tivesse morrido no comecinho, aposto que o casal iria discutir relacionamento com o Totó.

Além disso, “RC” aproveita a lua de mel européia do casal pra fazer propaganda do estilo de vida americano. Tem boné com as cores dos EUA. Bandeira. Destruição em massa. Os pombinhos destroem o sistema elétrico de um castelo francês e ainda xingam o dono do hotel. A comédia bem que poderia se chamar “Americanos: Os Malas do Mundo”.

Ah, mas não pense que esta tragédia do diretor Shawn Levy (quem?!) não tenha nada de bom. Ela serviu pra que os bonitinhos Ashton Kutcher e Brittany Murphy se unissem na vida real. Bom, pelo menos em janeiro, quando esta bomba foi lançada nos EUA, eles ainda estavam juntos. Ashton é o ator principal de “Cara, Cadê meu Carro?”. Até li num site adolescente que “os hobbies dele é ir pescar” (sic). Brittany é mais talentosa e esteve em “Garota Interrompida” e “8 Mile”. Agora, imagine que os casamentos entre atores durem mais de alguns meses e que esta abençoada união de Ashton e Brittany siga até a velhice. Será que eles terão coragem de contar pros netinhos que se conheceram durante as filmagens desta gosma? Duvido.





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