DEPOIS DO DOUTORADO, A GRADUAÇÃO
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DEPOIS DO DOUTORADO, A GRADUAÇÃO


Bom, fora a minha nova e aparentemente irreversível miséria, tenho outra novidade. Lembra dos meus planos de que seria só terminar o doutorado e prestar concurso em qualquer lugar do país e talvez um dia passar num desses concursos e conseguir dar aula numa universidade federal? Tá, vai sonhando, Lolinha. Tem montes de concursos pipocando por aí, muitas novas universidades... Não há dúvida que o governo Lula vem fazendo a sua parte (não dá nem pra comparar com os oito anos de vacas magérrimas do FHC). Mas surgiu um modismo nos editais: uns 90% dos que ando vendo pra docente em Letras/Literatura/Inglês pedem graduação em Letras. E a minha é em Pedagogia.
Eu fico bastante revoltada com essas coisas. Afinal, depois de dois anos de mestrado, mais quatro de doutorado (e inclua aí uma especializaçãozinha em Língua Inglesa) em Letras, eu pensava que estaria apta a pelo menos prestar concurso em Letras. Nananinanão. E o pior é que é modismo mesmo. Alguns anos atrás, isso não existia. Pra prestar concurso em Letras, tinha que ter doutorado em Letras e ponto final. No meu curso de mestrado, um em cada quatro alunos vinha de outras áreas (principalmente Direito e Jornalismo). Meu orientador é formado em Administração. Uma professora que tive fez Farmácia. E tudo bem, porque depois eles fizeram seis anos de Letras (fora pós-doutorado - se você nunca ouviu falar deste troço, não se acanhe. Antes de entrar pro mundo acadêmico, eu também não imaginava que isso pudesse existir).
Bom, se eu teria cursado Letras se eu soubesse em 1998, quando fiz vestibular pra Pedagogia, que dez anos, um mestrado e doutorado depois eu teria que ter graduação em Letras? Claro, né? Mas, naquela época, eu só sabia que precisava de uma graduação (qualquer uma) pra depois poder entrar no mestrado. Nem cogitava em fazer doutorado. Mestrado, sim, eu sabia que queria fazer, porque tinha a ambição de estudar por prazer pela primeira vez na vida (e o mestrado certamente cumpriu meus objetivos). Nesses tempos de graduação, eu trabalhava como professora e coordenadora acadêmica de um curso de inglês. Todo dia, das duas da tarde às dez da noite. A faculdade tinha que ser de manhã. E não havia Letras de manhã (abriu um semestre depois). Deu pra dispensar várias matérias por causa da meia faculdade de Propaganda que eu havia cursado na minha juventude. Foi um grande sacrifício fazer faculdade de manhã, trabalhar à tarde e à noite e (durante vários meses) fazer estágio no horário do almoço. Ah, e escrever pro jornal também. Mas eu fiz, terminei, e pensava que só entraria num curso de graduação de novo se fosse pra lecionar (a propósito, encontrei na internet esses anúncios suspeitos da faculdade que cursei).
Ledo engano. Então sabe o que decidi que vou começar a fazer? Uma graduação em Letras a distância. Acho que já vai ser um grande passo se eu aprender, até o final do curso, se “graduação a distância” tem ou não crase. É bastante barato, pelo que me informei (uns 200 reais por mês, talvez um total de 5 mil pelo curso todo), e talvez, dispensando disciplinas, eu consiga fazer em dois anos. Espero que não seja trabalhoso. Há um encontro por semana apenas. Sorry, mas não sou hipócrita. Eu não fiz o curso de Pedagogia, e nem vou fazer este de Letras, pra aprender muita coisa. Fiz e vou fazer pelo diploma. Por um pedaço de papel. Se eu aprender alguma coisa, ficarei muito feliz e a compartilharei com você, mas será um bônus, sabe? No geral, é bem chato eu provavelmente pegar um professor que talvez, com sorte, tenha especialização. A sensação de “eu poderia estar dando esse curso” me parece inevitável. É como uma amiga falou: “Que sistema mais louco, não? Uma doutoranda com doutorado-sanduíche em Detroit tendo que fazer um cursinho não-reconhecido pelo MEC só pra apresentar graduação em Letras?!”. Mas ela e outras três amigas que consultei disseram “Faz logo”. Ah é, o curso não é reconhecido pelo MEC, mas é que a primeira turma se forma no final do ano. Espero que logo logo receba o tal reconhecimento.
Eu tô começando a ficar cansada de estudar. Fiquei um período paradona, entre 88 e 96, mas, desde 97, quando voltei a estudar, não parei mais. Sei lá, acho que faria pós-doutorado numa boa (até porque é só um ano), mas ter que fazer uma graduação inteira sem reclamar?! Pode ir aguardando mais queixas pela frente.
Ah sim, e existe o medo típico de todo mundo que tem pretensões acadêmicas: e se o PSDB voltar ao poder? Se eu tirar o diploma em dois anos, estaremos em 2011. E se o Serra vencer e se comportar tal e qual seu colega sociólogo com doutorado na Sorbonne e não abrir mais vagas? Minha carreira acaba antes mesmo de começar!
E aproveitando minha verve socialista, pra quem acredita que governo é ruim, iniciativa privada é que é competente, sugiro que olhe pras faculdades. Na enorme maioria das universidades federais, só dá pra prestar concurso com doutorado. Já as particulares continuam visando o lucro, e contratando especialistas e mestres pra não ter que pagar a mais pra doutores. É fato. Agora vem defender o indefensável pra mim, vem.




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