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Dilma pode virar Mursi?
Por Renato Rovai, em seu blog:
Quem ainda não entendeu a velocidade das ruas e das redes, vai achar que o que aconteceu no Egito foi só um golpe militar. Trata-se de bobagem sociológica, como disse a professora Marilena Chaui acerca da nova classe média.
A velocidade das ruas e das redes na nova sociedade informacional não perdoa. Não vale aquele papinho furado de vamos conversar, vamos esperar. As pessoas querem respostas, querem participar.
No Egito, Mursi achou que poderia esperar e ir negociando. Porque isso, em tese, dá certo. Durou pouco mais de 1 ano. E o que lhe levou a cair foi a sua própria incompetência de lidar com as ruas. Não a articulação de gabinete de militares.
A quantidade de pessoas que foi às ruas contra Mursi foi cinco vezes maior do que contra Mubarak. E a Irmandade Mulçumana, partido que o elegeu há pouco mais de um ano, virou pó.
É assim que as coisas acontecem hoje. E não estou aqui pra dizer se gosto ou não gosto disso. É só uma constatação. Uma constatação de quem esteve no Egito na queda de Mubarak. E tentou entender o que estava acontecendo por lá. Você pode dar uma olhada no que a Fórum publicou em duas reportagens. Uma geral sobre a revolução anunciada. E em uma entrevista com o ciberativista Ahmed Bahgat.
Voltando para o Brasil, a reflexão que me escapa é que se Dilma quiser fazer política, terá de levar as ruas para o seu governo. E se tiver que mandar a tal governabilidade congressual à breca, deve fazê-lo. Até porque, Dilma está nua em praça pública. Tentou uma Constituinte e depois um plebiscito. E o Congresso lhe deu uma banana.
Isso significa que se ficar na dela, esperando, as ruas não vão se calar. E Dilma pode virar Mursi.
Mas ela pode fazer política. E nesses casos, fazer política não é se render aos chantagistas. É ir à luta. Dilma ainda tem a chance de ir à luta.
Sugiro-lhe, com carinho, a frase de Guimarães Rosa citada no seu primeiro discurso. Pra pensar, inclusive, sobre qual deve ser o seu futuro em relação ao PMDB.
“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”
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