FHC e o ódio à democracia
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FHC e o ódio à democracia


Do site Brasil Debate:

O filósofo Jaques Rancière em seu livro “O ódio à democracia”, recém-lançado no Brasil, lança luz sobre a resistência das elites às aspirações de poder da população. Segundo ele, as oligarquias, seus ideólogos e especialistas julgam conhecer os mecanismos adequados para a condução de um governo democrático. Quando a legitimidade popular colide com o consenso oligárquico, trata-se da ignorância. “Se a ciência não consegue impor sua legitimidade é por causa da ignorância. Se o progresso não progride é por causa dos retardatários.”

No fundo, a grande aspiração da oligarquia é “governar sem povo, isto é, sem divisão do povo: governar sem política. E permite ao ‘governo científico’ exorcizar a velha aporia: como a ciência pode governar aqueles que não a entendem?”.

Em entrevista concedida ao Portal UOL, Fernando Henrique Cardoso afirmou que o PT cresceu nos grotões porque tem voto dos “desinformados”.

Como sociólogo ou como ex-presidente da República, tal declaração é lamentável. FHC deveria ter mais respeito pela democracia e pelos 41,6% de eleitores brasileiros que votaram em Dilma no primeiro turno.

Ao chamar algumas regiões brasileiras de “grotões” e dizer que sua população é “desinformada”, FHC parece considerar o voto dessas pessoas como ilegítimo. Ao fazê-lo, ignora que muitas dessas pessoas decidem seu voto com base naquilo que existe de mais concreto: suas vidas. Seria isso desinformação do povo? Ou elitismo e regionalismo por parte de FHC?

Como mostra André Singer (em “Os sentidos do lulismo. Reforma gradual e pacto conservador”, Companhia das Letras, 2012), ao longo de muitos anos, esse eleitor pobre, desqualificado por FHC, foi uma das importantes bases eleitorais de partidos conservadores, como o PSDB.

Entretanto, o grande avanço das políticas sociais (ver AQUI) levou o Estado às camadas mais simples da população. Isso ofereceu a este grupo social uma melhora substancial no padrão de vida, naturalmente criando um senso de identificação com um projeto que pela primeira vez os olhava e os beneficiava.

A dimensão regional também assume papel importante. O PIB per capita tem crescido mais nas regiões Norte e Nordeste (ver AQUI), que são as regiões mais pobres no Brasil. Ao contrário de desinformadas, pode-se dizer o contrário: as pessoas dessa região estão muito bem-informadas sobre a melhora objetiva de suas condições de vida.

Portanto, chamar o voto do pobre de desinformação é negar a identificação do povo com um projeto, ou seja, negar sua capacidade de identificar seus interesses, além de ser incompatível com uma sociedade republicana e democrática.




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