Futuro mais-que-perfeito
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Futuro mais-que-perfeito


Semana passada, uma das minhas professoras decidiu arruinar minha vida: a monstra desse post. Sabe aquele trabalho sobre Abbé Pierre/Emmaus? Pronto, eu tirei oito. Isso seria uma noticia maravilhosa se a média das notas escolares francesas nao fosse dez (a nota maxima é vinte). Mas o problema nao foi a nota, foram os comentarios super motivadores. 

Ela disse que eu nao dominava o francês (o que de maneira alguma representou uma surpresa pra mim. Oi, eu estou na França ha quase dois anos e nao sei conjugar os verbos no subjuntivo) e ficou me questionando sobre o que eu pretendia fazer depois da graduaçao. Ela me chamou atençao e me questionou sobre coisas absolutamente normais, mas enquanto ela ia falando, as pessoas à minha volta foram se calando e as observacoes dela sobre minha habilidade com a lingua foram sendo ouvidas pouco a pouco pelos outros alunos até o momento em que eu me encontrei completamente constrangida, sobretudo quando eu tive que responder que o que eu gostaria de fazer em seguida era um mestrado. Foi chato. Foi chato escutar tudo aquilo e foi chato ver que o que ela disse me atingiu tanto que, assim que ela deu as costas, eu comecei a chorar. E se fosse so isso! Comecei a avaliar todas as dificuldades que eu teria num possivel mestrado com esse meu francês capenga e mimimi, o choro foi aumentando, mimimi, o que é que eu tou fazendo nessa faculdade, mimimi, ela tah certa, mimimi, eu nao vou tentar o mestrado. Olha, nem queria descrever meu estado de espirito naquele momento. TPM, baixa auto-estima, complexo de inferioridade e cansaço se deram as maos e massacraram este pobre coraçao durante as horas que se seguiram.

Entao, pra minha extrema surpresa, a Luci forte foi convocada e disse pra Luci patética  "a unica pessoa que tem o direito de sabota-la é você mesma, amiga, nao uma professora que ta com a vida ganha e que ta pouco se fudendo com você". Entao, a nuvem de medo se dissipou e eu voltei a sorrir e a reconsiderar todos os meus planos. Acho que vou escrever um livro de auto-ajuda. "Como matar seu eu patético". Vendera milhoes. E sera escrito em francês. Sem o uso do subjuntivo, é claro. 




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