Goleada: inflação 6% x PIB 1% - VINICIUS TORRES FREIRE
Geral

Goleada: inflação 6% x PIB 1% - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 09/07


Inflação estoura o teto da meta, deve ficar por aí, mesmo com economia perto da estagnação


A INFLAÇÃO PASSOU do limite maior da folgada meta brasileira de variação de preços, soube-se ontem. Foi a 6,52%, dois centésimos além. Está por aí faz tempo, não faz lá grande diferença prática. Deve terminar o ano perto disso, 6,5%, assim como o crescimento da economia, do PIB, deve ficar perto de 1%.

Os resultados do último ano do governo de Dilma podem ser atribuídos à política econômica da presidente. Para o bem ou para o mal, nem sempre os governos são capazes de influenciar o desempenho da economia de modo relevante, no curto prazo (um, dois anos), a não ser em casos de incompetência extrema ou de fraude inesperada (estímulos econômicos loucamente insustentáveis).

Governos sobem no bonde andando, caso de 2011, para Dilma. Enfrentam infortúnios de crises externas, como a piora mundial de 2012. Em 2014, porém, não há como não dizer que Dilma colheu o que plantou: uma espécie algo exótica de estagflação (inflação relativamente alta com crescimento baixo). Exótica porque o desemprego é baixo.

Durante os anos de Dilma Rousseff, portanto, a tendência terá sido de piora do PIB e da inflação. Nos anos de Lula da Silva, a tendência foi de melhora do PIB e melhora da inflação, mesmo ainda quando os resultados eram horríveis, em meados de 2003. Esse progresso foi interrompido, temporariamente, apenas pelo colapso mundial de 2008.

Apesar do mau estado da economia mundial e de seus efeitos nocivos no Brasil, Dilma não teve de lidar com os efeitos de colapsos externos, como secas de capital e desvalorizações extremas da moeda. Evidente foi a deterioração lenta, gradual e seguramente daninha da administração macroeconômica que solapou as bases do crescimento possível, que era pouco e se acabou.

A poupança do governo baixou a cada ano (o deficit nominal subiu progressivamente). Em suma, o governo gastou além da conta.

O consumo do país cresceu continuamente, o que em parte se refletiu no aumento do deficit externo (a diferença entre o que o Brasil exporta e importa, vende e compra no exterior, em bens e serviços).

O consumo cresceu continuamente por causa de gastos diretos do governo e endividamento extra, dívida feita para carrear dinheiro para que os bancos públicos emprestassem mais dinheiro, quando os bancos privados julgavam mais prudente pisar no freio. O investimento do governo não cresceu, o investimento privado foi crescendo cada vez mais devagar e passou a minguar.

Sim, o desemprego está baixo (embora a quantidade de gente empregada cresça de modo cada vez menor), mas a produção brasileira não cresce, não oferta produtos a bom preço --a produtividade não cresce. Ou compramos lá fora (deficit externo) ou temos inflação. O PIB não cresce.

No entanto, difundiu-se a ideia entre demagógica, oportunista e ignorante que "não se come PIB, mas alimentos". Mas o PIB é simplesmente a renda nacional. Sem renda não se consome nada, a não ser com empréstimos, dívidas.

Toda a agitação desordenada do governo Dilma Rousseff produziu, em termos macroeconômicos, sinais de estresse e dissipação inútil de energia, inflação, déficits, dívidas, descrédito, empecilhos à retomada do crescimento nos próximos anos.




- Puxar O Cabelo Para Sair Do Chão - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 31/01 Números de emprego, salários e consumo são bons; mas não dá para melhorar sem crescer mais DILMA ROUSSEFF ontem fez festa com os números do emprego. Publicou vários "tuítes", no Twitter, a respeito da baixa do desemprego, do...

- Perspectivas Para 2014 - Luciano Nakabashi
GAZETA DO POVO - 03/01 No ano que terminou, os resultados econômicos não foram positivos: presenciamos uma elevação na dívida pública; considerável aumento nos déficits das contas externas; inflação próxima do teto da meta; retomada do ciclo...

- Quando A Fábrica De Consumo Para - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 05/12 Apesar de trimestre positivo, indústria está engripada desde a pane do 'modelo' econômico, em 2008 A INDÚSTRIA brasileira cresceu em outubro pelo terceiro mês consecutivo. Parece bom. Somadas as melhorias do trimestre,...

- Estatísticas Sem Pés Nem Cabeça - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 19/11 Em reação a críticas, presidente amputa números ruins para que eles pareçam saudáveis A PRESIDENTE está em campanha contra o que julga ser a difamação de sua política econômica. Recheia a agenda de encontros com empresários,...

- Inflação E A “bola Fora” Dos Urubólogos
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço: Saiu o índice de inflação do IBGE para dezembro, com a alta que se esperava: 0,78%. Alto, mas menor do que o registrado em 2013: 0,92%. Com isso, o teto da meta de inflação, esta “linha sagrada” de nossos...



Geral








.