GRANDES DIRETORES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A DÉCADA – PARTE 2
Geral

GRANDES DIRETORES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A DÉCADA – PARTE 2


Stephen Daldry, que teve todos seus três filmes indicados ao Oscar

Segunda parte meio que explicando de antemão porque não contemplei todos os filmes fantásticos de 2000 a 2010 de alguns grandes diretores.

David Cronenberg – Uma década de maturidade pro canadense. Spider não é ruim, mas Marcas da Violência (05) e Senhores do Crime (07) fogem de todos os excessos já cometidos por ele. Este último tem uma das melhores cenas de luta não só da década, mas de todos os tempos: Viggo Mortensen nu contra facas numa sauna.

Lars von Trier – Dançando no Escuro (00) e Manderlay (05) são acima da média, Dogville (03) já é um clássico, e ainda estou me debatendo se coloco Anticristo (09) entre os piores da década.

Irmãos Coen – Ainda não vi Bravura Indômita (True Grit). Eles sempre fazem bons filmes: O Homem que Não Estava Lá, O Amor Custa Caro, Um Homem Sério. Onde os Fracos Não Têm Vez levou o Oscar de 2007 e é um grande filme ― até a metade. A segunda metade é anticlimática, chata, pretensiosa (e isso que eles melhoraram muito o romance de Comarc McCarthy de onde o adaptaram). Sorry, mas não posso incluir em lista de melhores da década meio filme. Anton Chigurh, no entanto, certamente é o Melhor Vilão da década. Como filme inteiro, prefiro Queime Depois de Ler, que é uma graça.

Paul Thomas Anderson Sangue Negro (07) é excelente e talvez o Daniel Day-Lewis gritando “Eu tomo o seu milkshake!” tenha entrado pra cultura popular (ou já saiu?), e muitos críticos adoram Embriagado de Amor (02), mas a verdade é que o jovem diretor vai suar pra voltar ao nível dos anos 90, com seu Boogie Nights e Magnólia. Bom, ele tem tempo.

Spike Lee – O diretor negro mais famoso dos EUA ainda não repetiu o sucesso de Faça a Coisa Certa (que pra mim tá na lista dos melhores da década de 80), nem a polêmica de Febre da Selva e Malcolm X, no começo dos anos 90. Nesta década ele passou mais para documentários, como o importante Os Diques se Romperam (2006), sobre os efeitos do Katrina em Nova Orleans. O Plano Perfeito (2006) é um filme impessoal e comum sobre um assalto a banco, e A Última Noite (The 25th Hour, 2002) não segura a onda, embora conte com uma sequência inspirada em que Edward Norton xinga todos os grupos de NY. Eu usei em sala de aula de inglês pra falar sobre preconceitos e funciona muito bem. Tem que ser um dos grandes monólogos da década (veja aqui).

Clint Eastwood – A quinta década de sua carreira tem sido muito produtiva. Os anos 00 lhe deram seu segundo Oscar de diretor, por Menina de Ouro (04) – o primeiro foi por sua obra-prima, Imperdoáveis (92) – e enorme reconhecimento crítico por vários trabalhos, como Sobre Meninos e Lobos (03), Cartas de Iwo Jima (06), A Troca (08), e Gran Torino (08). E, aos 80 anos, ele só se aposentou como ator.

Juan José Campanella – Conseguiu o segundo Oscar de filme estrangeiro pra Argentina, com o impactante O Segredos dos Seus Olhos (09). O Filho da Noiva (01) também é belo. Clube da Lua (mais um com seu astro preferido, Ricardo Darín) eu não vi. Campanella parece estar dirigindo todos os seriados da TV americana, como House, Law & Order e 30 Rock.

Alexander Payne – Gosto mais de Confissões de Schmidt (02) que de Sideways, Entre Umas e Outras (04), e infelizmente foi só isso que este jovem diretor fez na década. Continuo amando Eleição (1999) acima de todas suas obras.

Stephen Daldry – O inglês tem um currículo invejável: todos seus três filmes — Billy Elliot (00), As Horas (02), e O Leitor (08) — foram indicados pro Oscar principal. E os três são muito bons. Alguma coisa certa ele deve estar fazendo.

Sofia Coppola – Ela tem um cult following, sem dúvida, mas não é muito produtiva. Nesta década fez três filmes, dois dos quais não gostei, e um que ainda não vi: Encontros e Desencontros (03), Maria Antonieta (06), e Um Lugar Qualquer (10). Pra mim, seu melhor trabalho ainda é As Virgens Suicidas (99).

É triste, mas mesmo numa década em que a primeira mulher ganhou o Oscar de direção (Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, 08), diretoras ainda têm pouco espaço no mundo do cinema. A própria Kathryn só fez mais dois filmes fora Guerra (um deles K-19). Mary Harron, depois do ótimo Psicopata Americano, só teve mais um trabalho no cinema. Jane Campion (O Piano, 93), nesta década só dirigiu dois filmes, Em Carne Viva (03) e Brilho de uma Paixão (09). Após Garotos Não Choram (95), Kimberly Peirce demorou treze anos para entregar o decepcionante Stop-Loss (08). Mesmo Nora Ephron, que fabrica comédias românticas de grande sucesso (Mensagem para Você, por exemplo, de 98), nos anos 00 só dirigiu três vezes: Bilhete Premiado (00), A Feiticeira (05), e o adorável Julie & Julia (09). É pouco.
Leia a parte 1 e a parte 3.




- Cinema, Arte Masculina Para E Sobre Homens
Aconteceu naquele século: raros filmes com protagonistas mulheres Uma leitora avisou sobre este vídeo muito bom que analisa os filmes que ganharam o Oscar nos últimos 50 anos. Só quatro desses 50, ou 8%, têm uma protagonista mulher, ou apresentam...

- Melhores Filmes Da DÉcada Em Cada Categoria – Parte 1
Depois de apresentar três listas com as contribuições de diretores importantes para o cinema na década que vai de 2000 a 2010 (tenho que incluir o ano 2000, que oficialmente pertence à década de 90, porque quando fiz a lista dos anos 90, o último...

- Grandes Diretores E Suas ContribuiÇÕes Para A DÉcada – Parte 3
Michael Haneke (ao centro) refilma seu próprio Violência Gratuita Esta é a terceira e última parte (veja as partes 1 e 2 antes de reclamar "Por que Fulano de Tal não aparece?") dos diretores que se destacaram na década que vai de 2000 a 2010 (pois...

- Resultado Da Enquete – Maior Diretor Americano Vivo
Não falei que ia ser dureza escolher o maior diretor americano vivo? Primeiro que houve gente que ousou reclamar da enquete: como assim, maior diretor vivo? O sujeito pode estar vivo e não estar ativo! E depois, cadê o Almodóvar e o Ridley Scott?...

- JÁ TÔ Com Saudades Do Sydney Pollack
Sydney Pollack, 1934-2008 Por que sou sempre a última a saber? O diretor Sydney Pollack morreu na segunda, de câncer. Era jovem ainda: tinha 73 anos. Eu gostava dele como diretor e como ator. Suas aparições mais recentes nesse quesito foram em O...



Geral








.