GUEST POST: CONSEGUIREI ME RECUPERAR?
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GUEST POST: CONSEGUIREI ME RECUPERAR?


A M. me enviou seu relato:

Há muito tempo que eu sinto a necessidade de falar sobre as violências que me fizeram, mas me faltava a coragem. Até que há alguns meses eu comecei a ter problemas na minha relação e, há algumas semanas, conversando com uma amiga psicóloga do Brasil (vivo na Europa), eu descobri que meus problemas derivam do meu passado.
Um resumão do que me aconteceu: fui violentada cronicamente por dois anos (entre os 9 e 11 anos), depois sofri um abuso aos 17. Mas superei (acho) essas violências.
O que está atrapalhando a minha vida foi a violência doméstica que sofri com meu ex-marido.
Foi uma coisa estranha, eu não sei se você já viu algum caso parecido com o meu... o ódio do meu ex-marido era pela nossa filha, e ele tentava sempre espancá-la. Como eu a defendia, ele batia em mim.
Ele me chantageava, ameaçava... mas suas ameaças eram sempre em relação à nossa filha. Ele praticamente usava o meu amor por ela para me bater, me impedir de ir embora. Foi a pior tortura que eu vivi. Preferiria ter sido violentada outras 3000 vezes a viver o que eu vivi com ele.
Vivi 3 anos de medo, terror, e mais um monte de sentimentos ruins que nem consigo descrever. Quando pedi ajuda, ninguém me ajudou, nem a Delegacia da Mulher, porque meu ex-marido era amigo da filha da delegada.
Tive anorexia nesse período. Demorei pra me curar.
Depois eu consegui fugir dele. Conheci uma pessoa maravilhosa, ficamos juntos dois anos. Quando ele me pediu em casamento eu disse sim, mas terminei o relacionamento poucos meses antes do casamento.
Conheci outros homens, mas acabei fugindo deles assim que percebia que começavam a sentir algo por mim.
Depois conheci meu namorido. Fugi dele no começo do relacionamento também, mas depois ele acabou me convencendo a voltar. Moramos juntos há quatro anos, mas minha filha continua com minha mãe no Brasil.
Agora, porém, os documentos da minha filha estão prontos, a casa que estamos construindo ficará pronta... e eu estou enlouquecendo.
Não posso nem imaginar uma vida familiar. Enquanto isso era só um sonho (porque é algo que eu desejo muito) eu sabia lidar. Amo muito meu namorado, ele é um homem maravilhoso, mas agora que a realização do sonho está se tornando real, eu só quero largar tudo e fugir pra bem longe.
Às vezes meu namorado me leva na construção, me leva no quarto da minha filha, então me abraça e diz "enfim estaremos todos juntos" (meu namorado ama muito minha filha e ela o chama de pai). Eu consigo ter flashes de felicidade, mas eles logo são interrompidos por lembranças ruins e medo, muito medo. Então eu saio de perto dele, ou digo alguma coisa desagradável pra fazê-lo se afastar de mim. Estou destruindo minha relação.
Mês que vem começo terapia... mas às vezes eu não sei se existe muita esperança. Eu queria muito saber de você se você já viu algum caso parecido, se já viu alguém se recuperar disso. Na verdade o que desejo mesmo é saber se existe alguma esperança pra mim, porque honestamente eu acho que não existe.
Me sinto como se alguém tivesse quebrado alguma coisa dentro de mim, como se me tivessem feito em mil pedacinhos, e como se esses pedacinhos tivessem se espalhado, e como se eles, neste momento, se encontrassem já podres ou enferrujados... E então eu penso que é muito mais fácil jogar tudo fora do que tentar reconstruir alguma coisa.
Você já viu alguém se recuperar disso?

Minha resposta: M., em primeiro lugar, parabéns por ter conseguido sair do relacionamento abusivo em que você esteve.
Creio que não é muito incomum homens violentos ameaçarem os filhos para chantagear as mulheres.
É óbvio que você viveu um pesadelo horrível durante três anos, e é óbvio que isso deixa marcas. 
Você precisa ser paciente. Com a terapia, com o amor do seu namorado, com a companhia da sua filha, você vai conseguir superar isso. Me parece absolutamente normal que você esteja com medo de repetir aquele cenário pavoroso, desta vez com novos atores. Mas dá pra superar. Todo mundo só precisa compreender o que você está passando e ter paciência.
Comece já a terapia e se dê uma chance. Claro que há esperança pra você! 




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