GUEST POST: DISCRIMINADA POR SER MULHER, EM RESTAURANTE EM BRASÍLIA
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GUEST POST: DISCRIMINADA POR SER MULHER, EM RESTAURANTE EM BRASÍLIA


A advogada Simone me enviou o seu relato:

Anteontem, no domingo, fui almoçar no restaurante natural A Tribo, aqui em Brasília, e sofri discriminação machista muito clara e grosseira de um fulano que se apresentou como "dono" do negócio.
Eu e uma amiga lá almoçamos e ocupamos uma mesa coletiva, de seis lugares. Quando chegamos, já havia duas pessoas na mesa, pedimos licença e nos sentamos, como de costume em mesas coletivas de self services. 
Daí, enquanto almoçávamos, as outras pessoas terminaram de comer e foram embora. Quando eu e minha amiga terminamos de comer, continuamos lá, conversando, como estava ocorrendo nas demais mesas, pois àquela hora já havia pouco movimento. Então um cara que estava trabalhando no restaurante, sem uniforme, ao recolher os pratos, já foi virando para a minha amiga e dizendo assim: eu vou reservar esta mesa. Dá para tirar essa bolsa da cadeira (ele apontou pra minha bolsa, que já foi tocando)? 
Minha amiga respondeu, já estamos de saída, mas não dá para tirar esta bolsa porque ela é da minha amiga (eu), que está no toalete. O cara: mas eu já vou reservar a mesa. Assim que desci, peguei a bolsa, e, a caminho do caixa, minha amiga me contou que o cara tinha "pedido" a mesa para ela. Aí observei que realmente havia muitas outras mesas ocupadas com pessoas que já tinham terminado de almoçar e estavam conversando. 
O cara que tinha exigido a mesa estava no caixa. Perguntei para ele por que escolhera "pedir" a nossa mesa, já que na maioria das demais mesas as pessoas tinham terminado de almoçar e estavam conversando (detalhe: nas outras mesas nessa situação, havia famílias e casais). Ele, num tom ríspido, respondeu, "Você está totalmente errada, eu não escolhi a sua mesa, eu tinha seis pessoas em pé para acomodar". Repliquei: aqui todo mundo espera quando não tem lugar, tem outras mesas em que as pessoas estão só conversando, mas você tinha que pedir justo a única mesa só com duas mulheres.
Aí ele engrossou, disse que eu estava errada e que o restaurante era dele e lá ele mandava, que o problema estava na minha cabeça. Fui ao ponto e devolvi: se eu estivesse errada, você não reagiria com tanta agressividade; você, em primeiro lugar, pediria desculpas, calmamente diria que foi um mal-entendido e se explicaria, com respeito. Mas você já reagiu falando rispidamente, como se, só por ser homem, pudesse ralhar com uma mulher. 
Daí veio a pior parte. Ele levantou o queixo e me disse assim: o seu problema é que você não gosta de homem. Respondi um pouco do que ele merecia ouvir, e não reproduzirei aqui. E falei em alto e bom som, para os presentes no restaurante: esse cara aqui me discriminou por ser mulher. Dei as costas e saí. O sujeito, para mostrar o "poder " que ele não tem, gritou, "Você não entra mais aqui". E ouviu de mim: não entro porque tenho asco, porque aspirante a homem nenhum manda em mim.
Chamar a polícia: não adiantaria.  O fato -- discriminação de gênero -- não é crime, daí o PLC 122/2006 tentar corrigir a lacuna da Lei 7716/1989, que define os crimes de discriminação resultante de preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional.

Meu comentário: Em posts como este, sempre aparecem os arautos do Estado Mínimo pra afirmar que o dono do lugar é deus e tem o poder de agir como bem entender. Falei sobre isso num post recente:
"Há diferença entre preconceito e discriminação. Se o tal amigo se negar a dar uma vaga de trabalho para um gay apenas por ele ser gay, isso é discriminação -- e é proibido por lei, não é uma questão de opinião. Se ele tiver um estabelecimento comercial, um bar, por exemplo, e um casal gay for jantar lá e, no meio do jantar, eles se dão um beijinho (como fazem os casais hétero), e o dono do bar se recusar a atendê-los ou expulsá-los, isso é discriminação, também proibido. Não tem essa de 'o bar é meu, faço o que eu quiser'. O bar está assentado num lugar chamado mundo."
Só pra poupar tempo. Agora fiquemos com os comentários habituais do tipo "Vocês só ficam de mimimi, isso não foi discriminação!"




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