GUEST POST: ESTOU BEM COM MEU CORPO
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GUEST POST: ESTOU BEM COM MEU CORPO


A L. me enviou este relato:

Lola, querida, obrigada por fazer este blog maravilhoso! Lendo alguns posts sobre gordofobia e aceitação do corpo, não pude deixar de me manifestar, já que me identifiquei muito. Se você sentir que é uma boa história e que vai ajudar outras meninas a lidarem bem com o próprio corpo, publique no blog, só que de forma anônima...
Sempre estive pelo menos sete quilos acima do peso "ideal" para minha altura, sempre fui gordinha e por muito tempo não lidei bem com isso. O de sempre -- usei roupas largas para me esconder, evitei comer em público, evitei me relacionar com homens. Sei o tanto que é ruim ser complexada com seu próprio corpo.
Mas agora não acredito mais que seja um problema -- e acho que uma das coisas que me ajudaram a lidar bem com isso foi seu blog. Olha, sempre, sempre estive acima do peso, MAS sempre fui completamente viciada em exercícios físicos. Mês passado fiz uma pequena cirurgia para tirar um cisto e tive que ficar quinze dias sem me exercitar -- quase pirei. Fico deprê, não consigo dormir nem estudar e tive a TPM mais absurda da minha vida. Quando pude voltar a correr, senti nos primeiros quinze minutos aquela maravilhosa onda de endorfina que o exercício propicia, e dormi a melhor noite de sono do mês.
Por muito tempo nadei, e também fiz academia, pilates, localizada... A academia me irritava muito. Os instrutores, em vez de me encorajarem, sempre me desacreditavam, como se pelo fato de eu ser gordinha, eu nem devia estar ali. E eu era uma das pessoas mais frequentes da academia!
Mas meu peso nunca foi de mudar muito: perdia seis quilos, depois recuperava três, mesmo me matando de malhar e fazendo dietas péssimas. Depois, percebi que meu corpo era assim mesmo e desencanei de perder peso. Faz já uns cinco anos que eu corro por prazer, estou treinando com uns amigos para fazer meia maratona. Correr é uma terapia para mim, apesar de eu ser meio lerda, continuo persistindo e tentando melhorar.
Há uns dois anos eu estava fazendo pilates, natação e musculação com a corrida, mas estava meio enjoada, achando pouco exercício e querendo explodir a academia. Me sugeriram que eu fizesse Krav Magá, uma luta de defesa pessoal. Uma moça postou umas dicas ótimas de Krav Magá aí no blog, achei super válido. O Krav Magá é uma atividade muito igualitária: contempla adultos, crianças, idosos, homens, mulheres (muito popular entre as mulheres) com todo tipo de corpo, altura e peso. 
O Krav Magá é completo e não quer te deixar "saradx", ou com um corpo esteticamente "perfeito". Como diz meu professor, lá a gente não faz abdominal para ficar com barriga de tanquinho, mas para levantar bem rápido quando cai no chão, e a gente não faz flexão para ficar com o braço malhado, mas para fortalecer o corpo. Diz também que a gente deve alcançar nossos limites e respeitá-los, e como qualquer um, independente do sexo e da idade (infelizmente, principalmente mulheres e homossexuais -- estes são os relatos mais frequentes de agressão), jamais deve aceitar alguma agressão física ou moral. 
Todos os anos, eles oferecem um minicurso simples e prático de defesa pessoal para mulheres, conscientes dos frequentes casos de agressão. Acho importante -- praticamente obriguei minhas amigas a fazerem, coitadas. Mas agora elas sabem o que fazer se algum cara puxa o cabelo delas na balada ou numa tentativa de estupro.
O pilates também é um exercício assim, que ajuda o corpo a funcionar melhor, mas não é tão pesado quanto o Krav Magá.
Enfim, com o exercício pesado é impossível não emagrecer. Mas perdi somente uns quatro quilos em dois anos de Krav magá, apesar do meu corpo ter se fortalecido e minha autoestima ter melhorado muito. Mas meu corpo não mudou tanto. Minha bunda, que já era enorme, aumentou, minha coxa engrossou e minha barriga só perdeu um pouco de gordura, mas além de perder um pouco de celulite, não mudou muito. 
O importante é: estou me sentindo muito bem com esse corpo que consegue fazer quarenta flexões. Este corpo que vai saber reagir se alguém tentar me agredir. Este corpo que tem níveis normais de colesterol e está super em dia consigo mesmo.
O que estou dizendo é -- para mim não é mais importante ser magra ou pesar o "ideal" ou caber numa calça 38, nada disso vale muito no final. O legal é você ficar bem com seu corpo e com sua mente, se divertir com seu corpo, se orgulhar dele. Os benefícios são apenas uma consequência.




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