GUEST POST: "40 KG MAIS MAGRA, E AINDA ME ODIAVA"
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GUEST POST: "40 KG MAIS MAGRA, E AINDA ME ODIAVA"


Da G.:

Li o guest post sobre a leitora que fez cirurgia bariátrica e fiquei realmente comovida com sua história. Primeiro por ela ter se submetido à cirurgia bariátrica e, segundo, por ela continuar triste em relação à própria imagem corporal (se não mais triste do que era antes).
Estou no 8º semestre do curso de psicologia e desde que comecei o curso me interesso por esta área de transtornos alimentares e obesidade. Inclusive, faço um curso de formação na área, muito legal. Gosto tanto da área que, no meu TCC, resolvi focar nisso. 
Inicialmente tinha intenção de traçar o perfil do paciente obeso mas, conversando com a orientadora, resolvi avaliar a influência das práticas parentais relacionadas à alimentação no desenvolvimento da obesidade das crianças. Algo que, até pouco tempo, não era nem cogitado pelos pesquisadores.
Mas não é esse meu foco aqui. Estou te escrevendo por que, além disto, eu sou "ex-obesa". Emagreci 53 kg com reeducação alimentar e exercícios. Pros especialistas eu também sou considerada a exceção.
Em 2011 eu decidi emagrecer, pois estava com 17 anos e pesava 126 kg, sendo que a minha altura é 1,69. Fui considerada apta a fazer a cirurgia bariátrica, mas decidi que não seria invasiva comigo mesma a este ponto. 
Confesso que no início não focava na saúde, afinal, ainda era nova e isso realmente não era algo que passava pela minha cabeça. Queria emagrecer por que roupas pra pessoas obesas são caras e limitadas, o que era muito frustrante pra uma adolescente estudante de ensino médio.
Os últimos quatro anos, Lola, eu passei fazendo reeducação alimentar. Pra tu ter uma noção, no início eu evitava sair com os amigos porque isso sempre acabava em comilança, e eu "não podia". Perdi muito peso no início, o que me motivou a continuar.
Minha médica ficava muito feliz com os meus resultados e isso me reforçava a seguir em frente -- até pouco tempo atrás, quando eu já me sentia bem com o meu corpo e a minha médica insistia que "ainda precisa emagrecer os 6 quilos que faltam". E eu pensava: "Porra, já perdi 53 kg, meu corpo está respondendo bem (minha pele voltou ao lugar por causa da academia), e ela ainda olha só pros últimos 6 kg? Que merda é essa?"
Nesse mesmo tempo eu voltei a ler o teu blog e outros blogs feministas, que abordavam justamente essa questão da aceitação corporal. Eu mesma escrevo um blog, mas ainda não tem um tema central definido e eu não sei se um dia vai ter. E comecei a escrever sobre isso. E, principalmente, comecei a pensar MUITO sobre isso.
Somos constantemente bombardeadas por receitas e métodos de emagrecimento, corpos categorizados como "perfeitos" e "modelos". A indústria da moda e beleza gosta e tem a intenção de fazer a gente se sentir mal, afinal, nós não consumimos como loucos quando estamos satisfeitxs com nós mesmos. 
Se não tomamos whey e formos à academia 18 vezes na semana, nós não somos bons. E pra ser bom, você tem que consumir tal coisa pra se sentir melhor. E, Lola, isso tá muito muito errado e está ferrando com a cabeça das pessoas cada vez mais cedo!
E a cirurgia bariátrica tem colaborado pra isso. Aliás, ela é a caricatura dessa imposição da beleza. A pessoa vai lá e faz a cirurgia. Talvez não seja o caso dessa leitora, mas já vi várias pessoas fazerem pela rapidez da perda de peso, pois, sei lá, iam casar e precisavam ficar "bonitas" até o dia do casamento. Coisas assim, sabe?
Não sou contra a cirurgia, mas sou contra a "distribuição" desmedida dela. O problema está em focar no peso, que é a consequência, e não na causa do problema. Eu mesma senti isto na pele, quando me vi 40 kg mais magra e ainda me odiava. Tinha uma relação problemática com a comida (ainda tenho) e sei que não é algo que vai mudar tão fácil!
Minha intenção com este texto é chamar a atenção das pessoas pra causa da obesidade, pra reflexão de não limitar o obeso à gordura ou ao peso. Pra necessidade de entender que todo obeso tem alguma história de sofrimento pra se relacionar com a comida do jeito que ele se relaciona.
Enfim, fica a reflexão. Nós sempre vamos querer mais e mais ser próximas ao padrão. E cada vez mais estaremos nos submetendo a um padrão cujo único objetivo é lucrar.




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