GUEST POST: O FEMININO, A INDUMENTÁRIA E O FEMINISMO
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GUEST POST: O FEMININO, A INDUMENTÁRIA E O FEMINISMO


Não sou nada chegada à moda, não me importo com roupas (pra mim, elas devem ser confortáveis em primeiro lugar), e penso que há imposições demais dessa indústria elitista. 
Mas ultimamente tenho visto várias feministas falando que, pra mudar a indústria da moda, ajuda estar dentro dela. E até que a moda pode ser uma aliada do feminismo. Ainda não pensei muito nisso pra ter uma opinião formada.
Bom, o Rhavel começou o curso de Design de Moda na UFRJ, mas não o terminou. Como sei que tem muita gente estudando e escrevendo sobre moda e feminismo, vai aqui uma pequena contribuição do Rhavel (quem quiser escrever mais sobre o assunto, me envie um email).

O nascimento da moda ocorre durante o Renascimento. Com o advento dos burgos emergindo financeiramente, os burgueses passam a imitar as roupas da nobreza, e este é o primeiro sistema de moda existente: o da distinção e pretensão. A roupa então tinha um papel definido objetivo, o de demonstrar a que classe social pertence. 
Todavia, a roupa em si não diz absolutamente nada, objetivamente é um pedaço de tecido, cortado e costurado, moldado conforme a vontade do seu criador. O que dialoga é a consciência que se tem sobre ela. Ocorre então a primeira dialética da roupa: a distinção acerca do gênero do indivíduo -- a saia sendo uma peça típica do guarda roupa feminino, a calça do masculino. 
A roupa enfatiza e omite zonas do corpo, e essa ideia nos remete ao que é considerado o maior símbolo feminino: o ventre. O espartilho servia então para moldar o abdome de modo a exibir e evidenciá-lo, ao mesmo tempo que o condicionava a uma prisão do ponto de vista ergonômico. A cintura fina então era um padrão de beleza e estética que é perpetuado até os dias atuais. 
Jean-Jacques Rousseau foi o primeiro pensador a se pronunciar sobre os espartilhos apertados; ele indagava sobre a possibilidade do desenvolvimento da gestação em vestes tão apertadas. Consequentemente foi inventado na época um tipo de espartilho que possuía uma espécie de "câmara” para “acoplar” a barriga da gestante, e uma parte da nobreza até os desapertou. Maria Antonieta ao chegar à corte de Versalhes se recusou a usá-lo, como também posteriormente utilizou calças para montaria, sendo, então, a primeira mulher a usar calças publicamente, claro que num contexto específico. 
Georg Simmel em seu livro Filosofia da Moda e Outros Escritos afirma que a moda  "expressa e acentua ao mesmo tempo o impulso para igualização e para individualização, o estímulo da imitação e o da distinção”, e que nesse mecanismo da roupa permite ao sujeito entrar num consenso, estando livre para andar em sociedade. Simmel também dialoga sobre a moda e a mulher, propondo que a moda serviria como meio de realce da individualidade feminina, já que isto é negado em outras áreas. 
Uma breve associação da proposição de Simmel com a postura de Maria Antonieta em sua época permite afirmar que a rainha se valeu da roupagem pra dialogar com a sociedade. Aproveitou para fazer política através do frívolo em um período que o papel social da mulher era apenas de reprodução da espécie.  
A rainha da França então foi a percussora do feminismo político através da roupa. Mas que feminismo é esse? É a busca pelo fraterno, por uma sociedade igualitária. A filósofa Marcia Tiburi, em artigo para arevista Cult sobre a nudez, apresenta um ponto de vista interessante sobre a consciência da roupa. Afirma que a roupa que veste homens e mulheres é sempre travestimento, que o ser se veste de homem ou mulher, e que a travesti objetiva choca, pois possui uma consciência que diverge da do senso comum. 
Um pensamento semelhante é afirmado por Simone de Beauvoir em sua famosa proposição no livro O Segundo Sexo: “Não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres”. O sujeito então antecede o gênero, e a roupa serviria justamente para evidenciar em que gênero ele está inserido. A roupa, portanto, pode ser considerada uma segunda pele, uma carapaça incrustada de significados, que dialoga, que faz política, e que atribui consciência do gênero ao ser.




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