GUEST POST: O SORRISO DA GAROTA AO OUVIR QUE A CAMPANHA É FEMINISTA
Geral

GUEST POST: O SORRISO DA GAROTA AO OUVIR QUE A CAMPANHA É FEMINISTA



Semana passada publiquei o guest post da Silvia Ferraro (PSTU), candidata à prefeita em Campinas. E neste post aqui, em que falei da importância de aumentar o número de mulheres na política (onde o Brasil tem uma das piores representações do mundo, em matéria de números), várixs de vocês disseram nos comentários em quem vão votar.
Pra vereadora, aqui em Fortaleza, eu e o maridão votaremos na jovem feminista Isabel Carneiro (PSOL 50555). 
Pra prefeito, não há nenhuma candidata, são todos homens, e nenhum me entusiasma, então acho que vou de Elmano (PT 13) mesmo. Se eu votasse em Porto Alegre, votaria na Manuela (PC do B 65). Se eu votasse no Rio, votaria no Freixo (PSOL 50). Se eu votasse em Joinville, votaria no Carlito (PT 13). Se eu votasse em SP, votaria no Haddad (PT 13), pela questão do voto útil, porque corre-se o sério risco de ter Serra e Russomano num segundo turno. E mais não sei.
Agora eu publico, com grande orgulho, o post da Xênia Mello (PSOL 50069), feminista de carteirinha e candidata à vereadora em Curitiba.

A política brasileira ainda invisibiliza a mulher. Não somos sequer um décimo das pessoas que nos representam no Congresso Nacional. Em Curitiba, somos um pouco mais de 15%. Reconhecendo essa invisibilidade no Brasil, foi promulgada uma lei que determina um mínimo de 30% e um máximo de 70% para cada sexo. Esse ano, houve no Brasil 31% de candidaturas de mulheres. Mas será que a promoção de cotas garante candidaturas feministas?
Nós mulheres feministas reivindicamos um mundo de pluralidade e respeito. Isso abarca o enfrentamento da violência contra a mulher -– especialmente a violência doméstica –-, a defesa pela legalização do aborto -- cuja morte materna e criminalização atinge especialmente às mulheres negras e pobres -–, a defesa de uma educação e mídia plural, inclusiva, não-sexista, não-racista, não-transfóbica, não-lesbofóbica e não-homofóbica. Enfim, uma enorme frente de reivindicações, pois é inegável que vivemos infelizmente numa sociedade machista, e isso é necessário ser enfrentado e superado.
Sim, sou uma candidata mulher e feminista. Deixo bem claro que, antes de partidária, sou feminista. Foi em razão da militância feminista que decidi disputar o espaço político. Essa decisão surgiu da ânsia de ocupar o Estado, já que a militância nos movimentos sociais muitas vezes era limitada pela ausência de políticas públicas feministas ou de vontade política para mudar. Assim, passei a valorar a necessidade de nós, mulheres feministas, ocuparmos o Estado pois havia cansado de não ver mudanças reais, especialmente no enfrentamento à violência contra mulher.
Para tanto, o primeiro passo foi a escolha do partido. É sabido que os espaços partidários possuem uma lógica masculinizada e muitas vezes machista. Contudo, é necessário superar tal lógica. Diante disso, considerando a minha avaliação tanto em âmbito nacional, mas principalmente local, decidi me filiar ao Psol -– Partido Socialismo e Liberdade. Tenho uma felicidade muito grande em construir o Psol, pois ao mesmo tempo que sou respeitada pelas pessoas do partido, percebo principalmente agora na eleição que temos um discurso coerente com a nossa prática. 
Nos negamos a explorar mulheres que são indignamente pagas para abanar bandeiras e panfletar, resultado de campanhas milionárias que se beneficiam da desigualdade social. Não existe a profissão abanadora de bandeira e panfleteira; as pessoas, na sua grande maioria mulheres, se submetem a esses subempregos em razão da falta de oportunidade em um trabalho formal e mais digno. Negamos também a tratar a mulher como objeto sexual. Aqui em Curitiba há pelo menos dois candidatos, Ratinho Jr. e Luciano Ducci, que contratam mulheres brancas, magras, com perfil padronizado de beleza, para fazer campanha com uniformes sensuais. Não quero realizar o controle sobre o corpo das mulheres, todas devem ter liberdade sobre si, mas isso não pode ser um recurso machista, tal qual as propagandas de cerveja, para angariação de voto. Cumprimos a cota determinada por lei bem como denunciamos os partidos que descumpriram e portanto não atingiram em suas chapas o mínimo de 30% de mulheres.
Sobre a construção de uma campanha feminista é importante ressaltar que ela é invisibilizada. Não há espaço ao discurso feminista em meio a tantas defesas politiqueiras de um modelo único de família, patriarcal, hetero, classe média, cristã e branca. Quando assumimos o feminismo negamos a possibilidade de arrecadar recursos de empresas, empreiteiras, e todas aquelas que exploram principalmente a mulher trabalhadora. Temos consciência de que a campanha se realizará de forma modesta em meio a tantas campanha milionárias, o que resulta em uma desigualdade enorme na disputa. Mas a principal dificuldade é enfrentar o machismoão é raro as panfletagens que realizo em que sou assediada, seja moralmente com cantadas, seja fisicamente com passadas de mão e tentativas de me agarrarem à força. Mesmo enquanto candidatas nós mulheres somos invisibilizadas e negadas, pois machistas se colocam no direito de violentar, abusar, pois acreditam que ao depender do voto estamos numa relação de submissão. Sinto muito, mas não nos curvamos à violência e ao desrespeito.
Por outro lado vemos a grandeza do que é construir uma campanha feminista e socialista. A começar pela felicidade de ver inúmeras pessoas contribuindo e acreditando nessa construção. São militantes que dispenderam tempo e conhecimento técnico, desde o vídeo, o site, o jingle cantado e em Libras -- Língua Brasileira de Sinais, desenvolvimento de material impresso como jornal, santinhos, adesivos, também as pessoas que contribuíram com recursos financeiros, panfletagens e ativismo nas redes sociais. Outro fato positivo é que a cada dia encontro mais pessoas que sequer eu conhecia e estão fazendo nossa campanha em seus meios por acreditar na importância e necessidade de termos um mandato feminista. Não há campanha milionária que pague o sorriso da garota quando você diz que a campanha é feminista! É sobretudo esse sorriso que move a gente a ocupar a cidade publicizando a campanha, a enfrentar todas as dificuldades, a acreditar que o feminismo está ai para ficar.
Por fim, gostaria muito de agradecer a Lola pelo apoio concedido, pela solidariedade na defesa de críticas, sobretudo, por compreender a dificuldade e o desafio do que é ser candidata, mulher e feminista. Em seu nome estendo a gratidão a todas as pessoas que contribuíram para a vitória de termos ocupado o horário eleitoral, o debate eleitoral, o espaço político com um discurso feminista e socialista. Sim, ocuparemos a cidade e a política até que todas as mulheres sejam livres e respeitadas!





- Guest Post: Uma Mulher Que Luta E Sonha
Publico aqui hoje minha última sugestão para candidata para deputada. Esta é Clarissa Sommer Alves, candidata à deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, e feminista, lógico! Não se esqueça: no domingo, vote numa feminista.  Olá Lola! Olá...

- Guest Post: Nasci Feminista E Socialista
Esta é Gil Lima, candidata à deputada estadual por SP, pelo PSOL. Lembre-se: vote numa feminista. Gil me enviou este texto escrito especialmente aqui pro blog: Olá, Lola querida e leitorxs, pedi esse espaço para a Lola para podermos discutir candidaturas...

- Vamos Votar Em Mulheres
Num outro post, eu falei da importância que é a gente ter muito mais mulheres na política. Só pra lembrar, o Brasil ostenta a vergonhosa 141a posição num ranking de 188 países no quesito mulheres no poder. Domingo que vem iremos às urnas, e vamos...

- “nÃo Sou Feminista, Sou Humanista”
Grafite feminista "Menina Beavouir", de Ana Clara Marques, Maçãs Podres Se você já teve uma discussão sobre feminismo na internet, você já se deparou com alguém -– normalmente alguém que não é muito chegado a feministas ou que diz algo como...

- #minhaamigasecreta E Os Atos Machistas
Ilustração extraída do site: GeledésPor Lia Bianchini, no blog O Cafezinho: Desde terça-feira (24), as redes sociais têm sido inundadas de textos e mensagens da campanha #MeuAmigoSecreto, uma onda criada por mulheres para denunciar atos machistas...



Geral








.