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GUEST POST: PROPOSTA DE REFORMA PARA A MÃE NATUREZA
A Luciana, que tem um blog, escreveu este texto divertido quando estava grávida e no ápice de sua revolta com a desigualdade entre gêneros.
Querida Mãe Natureza,Tudo bem? Desculpe a petulância em te escrever, eu sei que a senhora é muito ocupada, mas a senhora deve ter meu cadastro aí e deve poder ver que estou grávida, né? 4 meses e meio já, pois é, o tempo voa... E mulher grávida é assim, fala o que vem na cabeça e muitas vezes tem umas ideias que não teria em outras circunstâncias, não é mesmo? Coisas dos hormônios.É que tem uma questão que anda me incomodando bastante, sabe?Já reparou que quando um casal decide engravidar não existe opção senão a MULHER encarar o processo e abrir mão de um monte de coisas? Olha, dona Mãe Natureza, não estou reclamando do privilégio de se gerar um ser, longe disso. Eu mesma adoro ficar grávida, mas cá pra nós, encarar enjoos, aumento de peso, estrias, discriminação no trabalho, dores por todo o lado, incontinência urinária, hemorróidas, coceira na barriga, limitações de movimentos, mudanças de humor repentinas, andar de pata, diabetes gestacional, entre muitas outras coisas, não é lá muito agradável, é? Claro, cada sintoma tem um porquê de existir, afinal estamos gerando um ser com pele, ossos, órgãos e cabelo, eu sei!Na verdade nem é ter esses sintomas o que mais me incomoda, e sim o fato da gente passar por tudo isso enquanto O PAI da criança continua lá INTACTO e levando sua vida normalmente, sabe? Acredita que até já ouvi falar de homens que duvidam que a oscilação de humor e crises de choro e raiva que as grávidas têm durante toda a gravidez de vez em quando, não têm nada a ver com a explosão de hormônios dentro delas? É muito chato isso. Meu marido mesmo acha que meus atuais e frequentes lapsos de memória não passam de desculpa, veja só!Por isso, eu gostaria muito de propor uma pequena reforma, dona Mãe Natureza, por favor não me leve a mal. Olha, não precisa ir lá na origem da fisiologia masculina e sair mudando uma porção de coisas pra gente poder se alternar com eles não. Mas que tal fazer assim: a gente gera e os homens sentem os sintomas?Tava pensando mais ou menos o seguinte ó, veja se é possível mexer os pauzinhos aí:Que tal AS MULHERES poderem curtir sossegadas os três primeiros meses e se focarem nos exames, em tomar o ácido fólico de cada dia e lerem tudo sobre o desenvolvimento daquele serzinho que recém formou os dedinhos, enquanto os HOMENS sentem todos os enjoos, vomitam até as tripas só com o cheiro da comida e têm tonteiras e muito sono?Por que cá pra nós, Mãe Natureza, é meio contraproducente esse negócio de vomitar enquanto temos alguém lá dentro que depende do que comemos, né não? Mas se quem vomitar for o PAI, então problema resolvido, não acha?Outra coisa... e esse negócio da gente ter esses desejos abruptos e incontroláveis de comer tantas coisas impróprias como pedaços gigantes de torta de nozes ou brigadeiro com colher? Não, o pior não é comer, imagina Mãe Natureza, mas sim os níveis de glicose e os tantos quilos a mais depois, né? Mas como eu sei que tudo na casa da senhora tem um equilíbrio, que se a gente come em excesso esse excesso tem que ir pra algum lugar, então que vá pra ELES. Assim, a gente continua cuidando pra que nosso bebê não nasça com cara de torta de prestígio ou banana caramelizada, enquanto as calorias a mais migram felizes pro papai da criança. Não te parece muito mais justo? Sem falar que depois, quando a gente estiver amamentando, os quilos a mais vão embora de qualquer forma, não é isso que todos falam? Assim acho que ficaria tudo muito mais harmônico, Mãe Natureza. As relações entre homens e mulheres ficariam mais estreitas e cheias de compreensão. Afinal, dá pra imaginar conexão mais forte que essa: minha barriga crescendo, mas meu marido perdendo o equilíbrio, tropeçando e andando com a mão apoiada na lombar inferior? Minha pele se esticando todinha, mas ele saindo correndo feito um louco atrás do melhor creme pra passar na barriga DELE pra ELE não ter estrias? Eu conseguindo dormir a noite toda, pra me sentir revigorada dia após dia (super importante pra saúde do bebê!), enquanto ele se levanta a noite toda pra fazer xixi, ou acorda com um chute nas costelas?Eu seguindo com todas as minhas atividades normais até o final da gravidez enquanto ele sente as dores nas costas, os pés inchados e todo o desconforto típico associado à esta etapa? Eu dando à luz ao bebê, o ajeitando carinhosamente nos meus seios pra mamar pela primeira vez e me preparando pra amamentá-lo em livre demanda por pelo menos 6 meses mais, enquanto o pai sente todas as dores do parto e rachaduras no mamilo?Tudo isso não contribuiria pra torná-los ainda mais engajados na maternidade e não lhes daria a oportunidade de finalmente poderem participar ativamente e entenderem TODO o processo, dona Mãe Natureza? Pensa bem.Ah, mais uma coisa, Mami Natureba (desculpa a intimidade, mas é que depois de ter falado tudo isso, me senti tão próxima da senhora). Tem algumas coisinhas que a senhora não precisa se preocupar muito em mudar porque dá muito bem pra viver com elas, viu? Tipo, a maravilhosa sensação de borboletas na barriga, os cabelos que de repente adquirem um brilho espetacular, a pele mais sedosa e lisa impossível, e o mágico retardamento do crescimento dos pelos da minha perna que me permitem depilar somente a cada três meses. Pode deixar tudo desse jeitinho, tá?Ah, mas se quiser passar essas unhas quebradiças pra ele, também agradeço!
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