GUEST POST: UM HOMEM UM POUQUINHO MELHOR
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GUEST POST: UM HOMEM UM POUQUINHO MELHOR


O T. me enviou este relato que me deixa muito feliz:

Faz tempo que ensaio isso, mas sei lá, na correria do dia a dia, e na minha timidez crônica, acabei sempre deixando isso pra depois...
Bem, te escrevo pra dizer um obrigado.
Acompanho seu blog há uns três anos, talvez até mais. Devo ter comentado, quando muito, umas duas ou três vezes. Comprei seu delicioso livro!
Eu não lembro bem como "caí" no seu blog. Acho que foi lendo o Alex Castro. Não tenho certeza, já faz tempo mesmo... Mas enfim, o fato é que você mudou muito a minha forma de pensar, minha forma de agir, enfim, mudou muito a minha forma de ver o mundo.
Nunca fui um mascu. Mas muito menos era feminista. Muito menos mesmo. Lembro de na minha adolescência ter aprontado muito. Lembro de passar a mão em mulheres, mexer com mulheres na rua.
Particularmente me lembro de certa vez, pegando uma carona com os pais de um amigo meu, eu aproveitei a "oportunidade" e passei a mão na perna da irmã do meu amigo que ia comigo no banco de trás. Eu tinha uns 16 anos, ela, uns 15. Ela não falou nada, mas dava pra ver sua cara de susto.
Os anos se passaram e esse "assunto" foi embora da minha memória. Nem tinha por que me lembrar, afinal, na minha cabeça eu não tinha feito nada de errado. Tudo absolutamente normal, dentro do comportamento de "macho".
Enfim, muitos anos se passaram desde esse vergonhoso dia.
Acho que comecei a ter a mente mais aberta nos anos de faculdade, comecei a frequentar alguns debates, a conversar com pessoas de outras formações (sou químico, mas sempre tive amigos nas áreas de humanidades com quem mantenho contato até hoje).
Foi nessa época que conheci seu blog. No começo achava muito "forçado". Mas de tanto ler tantas histórias de horror que você publica no blog, depois de ler tantos depoimentos tristes e corajosos, comecei a ficar incomodado com o machismo e suas consequências.
E num dos seus textos, nem sei qual (ou talvez tenham sido vários), lembro de você escrever de uma forma como se desafiasse os homens a reconhecer o machismo, e a tomar atitudes honestas contra ele.
Bem, aquilo de certa forma me pegou, falo honestamente. Comecei a meditar, e, principalmente, a pensar em atitudes machistas que eu possa ter tido no passado e que deveria mudar.
Foi quando eu me lembrei dessa história de passar a mão na perna da irmã do amigo. E percebi como ela se encaixa perfeitamente nos estereótipos de cultura do estupro que você tanto fala:
- Eu nunca havia me sentido atraído por aquela garota. Foi apenas uma questão de fazer porque sou homem, e tinha o poder de fazer aquilo.
- Aquilo para mim era algo normal, natural, que eu deveria fazer, deveria "aproveitar a oportunidade".
- Eu nunca senti (pelo menos até aquele dia que refleti com seu post) que eu havia feito algo de errado.
Cara, eu me senti muito mal mesmo quando me lembrei disso. Tive vontade de procurar a garota e pedir desculpas pra ela. O problema é que já faz uns 15 anos isso. E a coragem pra falar com ela nunca me veio...
Nunca pedi desculpas para ela. Mas acho que tentei mudar, e estou tentando cada vez mais a cada dia. Já reclamei de amigos que têm comportamento machista, e até me afastei de alguns por causa disso. Deixei de ter o comportamento típico de "macho a caça" quando saio com os amigos. Mudei minha postura e minha opinião com relação a relacionamentos, a baladas, enfim, passei a respeitar mais as mulheres.
Isso não é mais que a minha obrigação. E definitivamente não te escrevo para me vangloriar. Na verdade conto tudo isso na esperança de que você veja como seu blog é importante! Foi muito importante pra mim e tenho certeza que é muito importante pra várias pessoas que o lêem todos os dias!
Não é exagero quando digo: ler seu blog me fez uma pessoa um pouco melhor (infinitamente cheio de defeitos, mas um tiquinho melhor). 




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