IGREJAS DEPENDEM DA HOMOFOBIA PRA SOBREVIVER?
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IGREJAS DEPENDEM DA HOMOFOBIA PRA SOBREVIVER?


Da série "Coisas que não veremos numa igreja": camiseta "Jesus me ama. Sou gay".

Ai, gente, sei que a gente tem que ser tolerante sempre, mas fui a esse blog pela criminalização da homofobia que a Luciana indicou, e de lá fui parar num blog chamado União de Blogueiros Evangélicos, e olha, é difícil... É muito preconceito, muita homofobia. Por exemplo, este é um comentário que pincei de lá:
O que as pessoas críticas não sabem, é que nós cristãos, não somos contra os gays ou coisa semelhante. Não somos contra o homem ou mulher homossexual, somos contra o homossexualismo, que é um desvio de conduta. Somos contra a sua prática. Quem não conhece um homossexual sequer, que não tenha problemas de alguma doença provocada por prática da atos contrários às ordenaças de Deus, ou seja, métodos nada convencionais para os padrões de Deus? Se Deus tivesse criado o homem para viver com outro homem, teria criado juntamente com a mulher, um homossexual!
E aí eu vejo que esse tipo de discurso é praticamente padrão em igrejas evangélicas, e fica difícil não ser contra religiões que pregam essas asneiras preconceituosas. Porque vamos admitir, essa opinião não é isolada. É corrente entre os evangélicos. E vem toda embalada no discurso de “não somos contra o pecador, somos contra o pecado”, que é mais ou menos como alguém virar pra mim e dizer, “Olha, não tenho nada contra você ser gorda, mas tenho muito contra a gordura. Deus odeia a gordura! Mas Jesus te ama, e você pode aceitar Jesus no seu coração e ser magra!”. Que, sinto muito, pra mim é “What the duck? A pessoa tá dizendo que não tem nada contra mim mas que eu tenho que ser exatamente do jeito que ela quer porque tá escrito num livro em que ela acredita?”. Desculpe, mas quero ser aceita como eu sou. Eu passei a vida toda ouvindo que gordura é péssima, que gordura mata, que eu sou feia por ser gorda — não preciso ir a uma igreja pra ouvir isso. Eu preciso de uma igreja que me acolha e me aceite como eu sou. (Quer dizer, eu não preciso de igreja, é só um exemplo. E só estou puxando a brasa pra minha picanha no negócio de ser gorda. E acredite, existem dietas evangélicas e movimentos do tipo “God Hates Fatties”, Deus Odeia Gordos. Aí vem gente dizer: “Ah, mas ser gordo é opção! Não é como ser gay, que a pessoa nasce assim!”. Sei, sei. Ser gordo é tão opção em boa parte dos casos como ser baixo é opção! E desde quando essa discussão de se “é opção ou a gente nasce assim?” pode servir de justificativa pra discriminar alguém?).
Sei não, eu vejo as igrejas evangélicas lutarem TANTO contra direitos iguais pros gays que não posso pensar que elas têm Jesus no coração. Seja lá o que isso quer dizer.
E essa obsessão das igrejas evangélicas contra a lei da criminalização à homofobia me faz pensar se elas perderiam seu pé de meia se aceitassem parar de falar mal desse “pecado”, dessa “aberração”, desse “desvio de conduta” que é a homossexualidade. Sério mesmo. Se o Zorra Total e o Casseta e Planeta tivessem que parar de fazer piadas preconceituosas, seria um grande baque pros programas. Eles iam falar de quê? Quase todas as piadas deles são preconceituosas! Mas imagino que as igrejas tenham mais que fazer do que só ficar falando do terrível pecado da homossexualidade. Tipo, elas podiam falar mais de deus, de coisas boas, que de satanás e pecados. Mais amor, menos ódio. Acho que seria bom.
Se um fiel procurasse seu pastor e dissesse “Sou homossexual, odeio meu estilo de vida, e quero me curar”, sinceramente, acho que o pastor estaria certo em tentar ajudar essa pobre alma equivocada (se vai conseguir é outra história. Mas, se esse fiel deixar de fazer sexo, e não ligar pra não fazer sexo nunca mais na vida, e assim se considerar "curado", e se aceitar melhor, o problema é dele). Mas é diferente de falar pra toda igreja, em toda celebração, que homossexualidade é pecado. Precisa mesmo falar isso? As igrejas deixariam de existir se não enfatizassem tanto esse discurso? Os evangélicos estão agindo como se tivessem muito a perder com o combate à homofobia, como se toda a sua fé fosse baseada na liberdade de dizer que homossexualidade é pecado. Mais tolerância, gente. Provem que Jesus me ama.

P.S.: E se Jesus fosse gay, isso negaria seus ensinamentos? É o que pergunta Patrick Condell neste vídeo cheio de provocações:





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