Keynesianismo maneta
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Keynesianismo maneta


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

De forma bastante simplificada, o manual keynesiano manda o governo estimular a economia em épocas de recessão, e recolher os estímulos durante a bonança. Trata-se da conhecida política “anticíclica”. Não obstante as inúmeras críticas que esta política merece, por seu foco obsessivo em dados agregados e por ignorar o real funcionamento da microeconomia, a coisa fica muito pior quando um “pequeno detalhe” é costumeiramente esquecido pelas autoridades: a parte que fala em recolher os estímulos nos períodos de pujança.

Keynes acabou oferecendo, com embalagens teóricas, uma grande desculpa para a gastança desenfreada dos políticos irresponsáveis. Estes só se lembram das tais “medidas anticíclicas” quando o cenário se deteriora. Foi assim que a crise de 2008 ofereceu a justificativa perfeita para “sentar o pau na máquina” em 2009 e 2010 – “por acaso” um ano eleitoral. O governo Lula liberou geral a gastança com recursos alheios. Foi estímulo fiscal para todo lado, aumento acelerado de crédito público e redução da taxa de juros. A rodada de estímulos surtiu efeito momentâneo, e a economia brasileira cresceu mais de 7% no ano. Dilma foi eleita.

A fatura, entretanto, chegou. A inflação ultrapassou com folga a meta do Banco Central. O país entrou em “pleno emprego”. Sinais de superaquecimento surgiram em vários lugares. Era preciso entrar com urgência na fase de recolhimento dos estímulos. Mas o governo, naturalmente, detesta fazer isso. Cortar gastos vai contra a religião deles, ainda mais dos populistas. Foi assim que o BC de Tombini ficou “atrás da curva”, sem puxar como deveria a taxa de juros para conter a ameaça inflacionária, e o governo anunciou um “corte de gastos” que representa, na verdade, um aumento em relação a 2010.

Agora que as bolsas despencaram e alguns falam em nova recessão nos EUA, eis que “desenvolvimentistas” (leia-se, aqueles que adoram torrar o dinheiro dos outros) já começam a falar em nova rodada de medidas “anticíclicas”. Que raio de anticíclico é esse que só tem uma direção? Se a economia vai mal, então o governo gasta à vontade para estimulá-la; se a economia cresce, então o governo gasta mais porque pode. E assim caminha a insanidade, até o dia em que a farra fica insustentável, como ocorreu na Grécia. São os efeitos de um keynesianismo maneta.




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