Lixões são inaceitáveis - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
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Lixões são inaceitáveis - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE


CORREIO BRAZILIENSE - 03/01
A imagem de garis recolhendo o lixo produzido pelas festas do réveillon oferece pálida ideia do grande desafio que representam os resíduos sólidos. Da queima de fogos de Copacabana, a mais famosa do Brasil e destaque no mundo, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana recolheu do solo 370 toneladas de sobras. O saldo foi além do jogado no chão. Onze ecopontos receberam, em média, 28 toneladas de material reciclável.
Em uma noite, em um único lugar, 400 toneladas de detritos foram criadas. Poucas horas depois do término do espetáculo, o lugar estava limpo. O recolhimento dos restos deixados por moradores e turistas constitui o primeiro passo de longo processo. Talvez seja o mais fácil. O passo seguinte - a destinação das montanhas de dejetos - busca respostas nem sempre encontradas.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) fixou 2014 o ano que acabaria com os lixões no país. Mas o prazo não será cumprido. Nada menos de 1.579 municípios continuarão a narrativa iniciada há cinco séculos. Apesar de sobejamente conhecidos os males que decorrem da inadequada destinação de refugos, governantes fecham os olhos para o alto custo pago pela sociedade em razão do descaso ou da incompetência administrativa.

Sem conseguir implantar aterros sanitários, prefeituras mantêm lixões. Em caso de problemas, a única providência que tomam é a mudança de lugar. Transferem o depósito fétido para terrenos mais distantes dos centros urbanos. Para justificar o fracasso, alegam não só falta de recursos mas também de capacidade técnica para elaborar projetos. Significa que não há previsão para erradicar um dos graves cânceres que afetam a saúde e o meio ambiente.

Ora, a questão não se restringe aos lixões. Vai além. É necessário recuperar a área degradada. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), desdobramento da PNRS, prevê que até 2031 só as regiões Sul e Sudeste terão feito o dever de casa - reabilitação de 100% dos espaços corrompidos. As medidas exigidas vão além da desativação dos lixões. Implicam captação de gases, coleta do chorume, drenagem pluvial, cobertura vegetal.

Em português claro: fechar os portões dos depósitos a céu aberto não significa bater ponto final. A herança maldita permanece enterrada. Qualquer projeto de aproveitamento do local superficialmente limpo é aposta de alto risco. O gás metano, produto proveniente da degradação do lixo, é altamente inflamável e, acumulado, pode causar explosões.

Em 2011, o deslizamento de encostas da Favela do Bumba, em Niterói (RJ), foi agravado pelo lugar em que as casas foram construídas - um antigo lixão. É inaceitável que o país conviva com essa realidade. Impõem-se ações transversais aptas a capacitar os municípios a reciclar o lixo. A urgência é mandamento da saúde, da segurança e do meio ambiente.




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