Lola, respeito a sua ira e talvez falta nos blogueiros progressistas mais sensibilidade a causa, mais compreensão.
Mas as vezes parece que criticar o movimento feminista é como dar murro em ponta de faca, qualquer crítica e a pessoa é acusada de machista, violenta e tal. Ninguem é dono de um saber total, muito menos portador da verdade inteira. Sou contra condenar o Nassif por isso, ele é excelente em vários aspectos. [...]
O movimento feminista é importante, nós homens temos os nosso papel nessa luta sem dúvida, como vc defende. E saiba que tem muitos homens do lado de vcs.
Mas não adianta condenar a intolerância e a violência com violência e intolerância também. Como diz a poesia de Drumond e creio nisso, "Barulho não resolve nada". Porque senão estaremos beirando a barbárie. Pacifista que sou, acredito no debate aberto e na exposição franca de idéias.
A luta do feminismo pode um dia perder a razão quando essa ira fazer com que homens sejam espancados por terem cometido algum excesso.
Feminazi é ridiculo, Nassif embora tenha errado ele condenou o termo.
Criticar o Nassif sim, condenar ele não. Prefiro muito mais ler ele do que o Diogo Mainardi. E mesmo sensibilizado com a revolta desse termo feminazi, continuo firme e forte com os blogueiros progressistas. Todos defenderam e lutaram contra a difamação da Dilma. Não esqueçamos disso.
Felipe, não estou irada. Raramento me zango. Anteontem fiquei enojada com os dois posts do Nassif, mas tentei deixar a raiva passar antes de sentar e escrever. Sobre o movimento feminista, assim como qualquer outro movimento, é totalmente diferente quando alguém de fora e alguém de dentro critica. Uma pessoa que não entende nada de feminismo, que nem sabia que feminazi é um insulto (mesmo que, convenhamos, não é tão difícil de adivinhar que é), que nem acha que o feminismo tem razão de ser, pode criticar? Poder pode, claro, mas sim, um cara que diz que feminismo é um jeito de mulheres brabas e mal-humoradas chamarem a atenção pode ser considerado machista, não acha? E eu postei alguns dos tweets do Nassif para mostrar que sim, ele foi virulento na sua reação. E, desculpe, mas é meio ridículo vc falar em violência física, porque ninguém falou nisso. Tipo esse comentário seu: “A luta do feminismo pode um dia perder a razão quando essa ira fazer com que homens sejam espancados por terem cometido algum excesso”. Ué, a gente tá chegando perto de espancar homens agora? Ok, sim, se algum dia a gente passar a espancar alguém, aí sim vc pode dizer que estamos perdendo a razão. Até lá... Vc diz que prefere ler o Nassif que o Mainardi. Só tem dois colunistas no mundo? Eu tenho que escolher? E se eu dispensar os dois, como sempre fiz? E só lutar contra a difamação de Dilma não é suficiente. Dessa forma caímos no jogo da direita, que passou a campanha toda dizendo que adora e sobretudo respeita as mulheres, que elas são tão capazes quanto os homens, dignas de admiração, mas essa Dilma aí é um poste, uma imbecil, uma prostituta de terroristas. Dilma não é mulher? É parecido com o que vejo blogueiros progressistas fazerem: que legal, elegemos uma mulher, iuppi, mas não vamos levar nenhuma pra entrevistar o Lula ou pra qualquer outro evento. A gente não é mulher? Por que ter mulher na presidência é ótimo, mas ter ou não mulheres em outros lugares, pra eles tanto faz? Alguns progressistas parecem viver em universos paralelos. Ter uma mulher na presidência não abre os olhos deles pra falta de representatividade das mulheres em tantas outras (blogo)esferas.
E permita-me colocar aqui o exercício de imaginação que deixei no Twitter. Vamos supor: e se um blogueiro famoso tivesse transformado em post comentário racista de leitor? Blogueiros negros escrevem posts rebatendo, o blog não publica. Reclamam no Twitter, o sujeito faz chacota. Até que ele publica um post justificando o post racista, porque era de bom nível e polêmico. Em seguida, o blog do sujeito publica post dizendo que comentários contrários vêm de facções negras sem representatividade. E a minha pergunta é: ainda assim teria um monte de gente dizendo “Ah, mas esse movimento negro é TÃO radical!”?
Pense, Felipe: se a questão fosse o racismo, e não o machismo, vc estaria aqui dizendo que não interessa se um blogueiro famoso foi racista, porque o importante mesmo é que todos nós apoiamos Obama na eleição americana?