MÃES FELIZES E INFELIZES NO CINEMA RECENTE
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MÃES FELIZES E INFELIZES NO CINEMA RECENTE


Feliz dia das mães!

Ano passado eu falei de alguns filmes que fazem as mães saírem bem na foto. Não houve muita coisa de lá pra cá. Quer dizer, esta semana eu revi (partes de) Mamma Mia porque passou na TV, e ah, eu adoro esse musical! As coreografias (quais coreografias? Nem parece ter um profissional envolvido nisso; é tudo tão improvisado, tão amador!) são as piores possíveis já vistas no gênero, e deveria ser lançada uma “versão sem sofrimento” em que o Pierce Brosnan, tadinho, ou é dublado por alguém que saiba cantar ou é deixado mudo. Mas a Meryl Streep brilha, toda alegre e jovial, e só a cena de "Dancing Queen", com todas aquelas gregas largando os aventais e indo cantar e dança no pier já vale o filme (veja aqui). E eu amo ABBA. Pronto, agora falei. Mamma Mia apresenta um dos melhores relacionamentos entre mãe e filha do cinema, não acham? A Meryl se dá muito bem com sua filhota Amanda Seyfried. E é interessante como a mãe é muito mais liberal que sua filha, não que seja o único caso. (E a Meryl é tão fantástica — nos últimos trinta anos, existiu atriz mais consagrada, mais versátil que ela? — que ela representa uma das poucas coisas boas do remake Sob o Domínio do Mal, que tem uma das mães mais megeras de todos os tempos). Outras boas mamães que surgiram de lá pra cá (nos últimos dois anos, digamos) foram a Annette Bening e a Julianne Moore em Minhas Mães e Meu Pai (contrariando o que o Woody Allen sugere em Manhattan, em que seu personagem é deixado pela mulher — olha aí a Meryl Streep de novo! — por outra mulher. Seu filho está sendo criado por duas mães, e Woody reclama: “Sempre achei que muito pouca gente conseguiria sobreviver a uma só mãe”). Eu gosto da cena de Minhas Mães quando as duas abrem os braços pro filho, exigindo um abraço. Bom, essa comédia dramática pode e deve ser criticada por jogar a ideia de que o que as lésbicas realmente querem é um homem, mas a relação que as duas mães têm com seu casal de filhos é muito saudável (e é raríssimo aparecer no cinema. Vamos torcer pra que aqui no Brasil, agora que o Supremo aprovou a união estável para casais do mesmo sexo, logo tenhamos filmes com filhos sendo criados por duas mães e dois pais). E por que, quando se fala de mãe, ninguém mais fala de A Troca? É um filme muito feminista com a Angelina Jolie. Ela faz a típica mãe coragem (e solteira), que luta nos anos 1920 para encontrar seu filho desaparecido. O que acontece com ela é surreal: a polícia lhe devolve um menino, e ela diz, putz, legal, obrigada, mas esse não é o meu filho, e a polícia diz claro que é, e a Angie reclama e é mandada pra um hospício por peitar as autoridades. E parece que é baseado num caso real em que governantes realmente falaram pra uma mãe que ela não seria capaz de reconhecer seu próprio filho de 9 anos que desaparece durante uns cinco meses. Pesadelo, né? Por falar em pesadelo, vamos aos piores retratos das mães no cinema recente. Dizem que uma das mais megeras é a Jackie Weaver no australiano Animal Kingdom (trailer aqui; Jacki concorreu ao Oscar de atriz coadjuvante e perdeu pra Melissa Leo em O Vencedor — em que ela faz uma mãe forte, que mais atrapalha do que ajuda o filhinho boxeador. Mas ainda não vi Animal Kingdom e prefiro esquecer tudo referente ao Oscar 2011). Uma mãe terrível que ainda parece estar na cabeça de todo mundo é a Barbara Hershey em Cisne Negro. A caixa de comentários do meu post tá impagável e acrescenta demais a minha crítica, lançando um monte de pontos de vista. Um leitor ou leitora, não dá pra saber pelo pseudônimo Fri Yourself, diz que, quando Nina fere sua própria barriga, ela tá tentando cortar o cordão umbilical que a une à mãe. A gente pode discutir durante horas se a mãe existe de verdade ou é um figmento da imaginação da protagonista (ou se talvez a mãe existe, mas boa parte de suas ações pode ser só fantasia. Por exemplo, ela está de fato na cadeira do quarto enquanto Nina começa a se masturbar?, pergunta a Lauren), ou até que ponto ela é a vilã (será que Nina não se autodestruiria ainda mais rápido sem a mãe repressora por perto?).Pedro Alexandre Sanches, famoso jornalista da área musical, deu uma canjinha aqui no blog e interpretou a cena de sexo entre Nina e Lily como entre Nina e... a mãe dela! Fascinante essa hipótese, pois, assim como em Preciosa, há sugestões de abuso sexual por parte materna. A mãe pergunta pra Nina “Você está pronta pra mim?” num contexto muito esquisito (a cena é cortada antes que a gente saiba do que ela tá falando). Tem todo o pavor de Nina em trancar as portas, fechá-las com barras de ferro... A protagonista quebrando a mão da mãe na porta já é um sinal. Eu não creio nisso que a cena de sexo entre Nina e Lily é entre Nina e a mãe (nem acho que a cena ocorre de fato), mas não não dá pra negar que a mãe de Nina tem um papel fundamental na sua repressão sexual. Pra mim a cena maior da manipulação materna é quando a Barbara ameaça jogar fora o bolo que tinha comprado pra comemorar o novo papel da filha. Nina diz que não quer comer e a mãe muda automaticamente. Mas um ou uma leitora anônimo lembrou que essa cena pode muito bem estar relacionada com a bulimia de Nina. A mãe, controladora que é, já conhecia os distúrbios alimentares da filha e encarou a negativa de comer uma fatia de bolo como mais um desses distúrbios. É uma interpretação que faria dela menos vilã. Sei lá, há tantas análises possíveis pra Cisne Negro que a gente pode falar do filme pra sempre...E é por isso que uma mãe claramente mais vilã, como a da Mo'nique em Preciosa, empalidece em comparação com a mãe de Cisne. Fica tudo muito óbvio! A culpa da mãe de Nina é mais ambígua e, no caso de Preciosa, não há tanta possibilidade de debate sobre a mãe brutal, abusiva, monstruosa. Não estou dizendo que a interpretação de Mo'nique não é fabulosa (ela mereceu o Oscar de atriz coadjuvante que recebeu em 2010, mas acho que a Barbara merecia ter sido pelo menos indicada este ano). Mas pode ser que eu só esteja dizendo isso porque Cisne Negro é um filme tanto melhor que Preciosa, né?
Bom, gente, tudo isso é só pra desejar um ótimo dia das mães! Mães de primeira viagem, favor seguir o modelo das mães legais de Hollywood tratado na primeira parte do post. E é só impressão minha ou tem mais mãe malvada que boa no cinema?




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