NÃO VÃO NOS CALAR
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NÃO VÃO NOS CALAR


Guerreiras maravilhosas falando sobre gênero no sertão, em Quixadá

Esta semana tem sido exaustiva mas, na sua maior parte, bem legal.
Dois rapazes muito simpáticos do Profissão Repórter, Guilherme e Ricardo, estiveram aqui a semana toda. Foram comigo pra universidade na segunda e terça, conversaram com várias alunxs e alguns professores, e gravaram um pouquinho das minhas aulas. (E continuo recebendo muito apoio da UFC -- o reitor pediu que a Polícia Federal investigue as ameaças e falsificações contra mim).
Ponto turístico em Quixadá
Terça fui para um evento incrível, para o qual já havia sido convidada faz um tempinho: A I Jornada de Mídias e Gênero na Feclesc, na Universidade Estadual do Ceará. Eu nunca tinha ido pra Quixadá, mas agora quero voltar. Vocês fazem ideia do que é ter um congresso sobre gênero no sertão? Foi mágico. Conheci tantas pessoas inteligentes, sagazes, comprometidas... 
E o Profissão Repórter estava lá gravando tudo. Espero que o programa, que deve ir ao ar dentro de três semanas, passe um pouquinho da emoção que foi essa jornada de gênero no sertão.
Antes de eu ir pra Quixadá, deixei um tuíte simples dizendo que estaria no Rio neste sábado, para um evento no Sesc Tijuca. Nem coloquei link nem nada, porque ainda não tinha.
Aí, no hotel no sertão, antes de me dirigir à linda jornada, vou dar uma checada rápida no chan do Marcelo (tem que copiar e colar: https:// dogolachan.org /b/ index.html), pra ver qual era a última. E, de cara, encontro uma ameaça (não que isso seja incomum):

Não foi a primeira e, lamentavelmente, não será a última ameaça que recebo ao anunciar uma palestra. E lógico que não sou um caso único. Esse tipo de ameaça é bastante conhecido entre feministas americanas. Ano passado, Anita Sarkeesian cancelou uma palestra na Universidade de Utah, porque recebeu ameaça de um massacre, e a polícia não garantiu que iria prevenir que homens entrassem com armas de fogo. Jessica Valenti declarou que, diante de tantas ameaças, fica com o pé atrás quando algum homem estranho vai falar com ela no final de uma palestra.

E o que fazer quando você se depara com uma ameaça dessas? Eu acho errado guardar a ameaça pra mim, ou só comunicar a polícia (que, em quatro anos de ameaças contínuas que recebo, até agora não fez nada). 
Outra ameaça (esta em de 11/11)
É preciso que as pessoas saibam que feministas são ameaçadas meramente por serem feministas. A visibilidade é uma das minhas maiores defesas. Se eu fosse uma completa anônima, seria menos arriscado pros mascus me matarem.
Por isso reproduzi a ameaça no meu twitter.
 

À noite, depois de voltar da linda jornada, enviei o print da ameaça ao Sesc porque, óbvio, eles precisam saber. Eles pensaram seriamente em cancelar o evento, o que representaria uma enorme vitória pros covardes misóginos que tentam nos silenciar. 
Mas o Sesc tomou a decisão correta: comunicou a polícia (que deslocará dez PMs para guardar a entrada do local), reforçou a segurança interna, e transferiu o evento, que seria ao ar livre, para um auditório. Além disso, haverá detectores de metal e agentes à paisana, prontos para agir.
Isso tudo é uma loucura, porque tenho certeza que não haverá, nem haveria, massacre nenhum. Abrir fogo e matar o máximo de "vadias e esquerdistas" é uma fantasia recorrente dos mascus, mas sabemos que eles não farão isso. Eles me ameaçam todos os dias há quatro anos, e até agora não ouvi sequer um coro de descontentes em alguma das 170 palestras que dei no período. 
Felizmente (e vamos continuar assim!) o Brasil não tem tradição em massacres em massa, ao contrário dos EUA. Agora, se a bancada BBB (Boi, Bíblia e Bala) do nosso Congresso for bem sucedida em "armar o homem de bem", aí sim teremos sérios problemas. Mascus são fanáticos por armas e sonham em colecionar várias.
O silêncio dos reaças, que sempre aparecem para viralizar o que meia dúzia de mascus criam, é notório. De jeito nenhum que reaças vão condenar o que seus primos de primeiro grau, os mascus, irmãos na ideologia da extrema direita, fazem e dizem. Não. Reaças se materializam para xingar as vítimas. Se eu denuncio as ameaças, eles dizem que estou me vitimizando. Alguns chegam a dizer que eu invento as ameaças (eles se medem pela própria régua, imagino).
Bem, espero que ninguém se deixe intimidar pelos misóginos covardes de sempre. Amanhã, às 17 horas, no Sesc Tijuca do Rio, e sob um forte esquema de segurança, teremos uma bela mesa comigo, Jout Jout (que deu entrevista no Jô ontem) e Coletivo Meninas Black Power, com a mediação da querida Lidy, do Pagu Funk. Vão lá, venham nos ouvir e conversar, tragam abraços e chocolates (brincadeira essa última parte, mas não vou recusar!). 
Não podemos ter medo, até porque já ficou evidente que quem tem medo são eles. É o medo que os move. O que nos move tem que ser a coragem e a justiça em lutar pelo que é certo.




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