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Pioras, rápidas e imprevistas - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 03/07
Indústria embica em recessão pior do que estimada; cresce risco de recessão do PIB
VAI HAVER RECESSÃO na indústria brasileira neste ano, recessão talvez feia. Isto é, as fábricas vão produzir menos do que no ano passado. Talvez menos do que em 2008. Na verdade, desde então, a quantidade de produção industrial não foi muito além desse ano do início da Grande Recessão mundial.
Maio foi ruim. Há risco razoável de junho ser pior. A coisa desanda em ritmo rápido, imprevisto.
O IBGE informou que a indústria caiu pelo terceiro mês seguido em maio. A produção despenca tanto por causa do consumo de bens duráveis (carros, eletrodomésticos etc.), que definha, como pela despesa agonizante com bens de capital (equipamentos para a produção).
Ou seja, não há dinheiro ou vontade de comprar bens mais caros, ao menos bens nacionais, ou não há dinheiro ou vontade de investir em aumento ou melhorias de produção.
De janeiro a maio, a produção industrial encolheu 1,6% em relação aos primeiros cinco meses de 2013. No mesmo período, a produção de bens de capital encolheu quase 6%. A de bens de consumo duráveis, cerca de 3%. A indústria não cresce faz três trimestres. Recessão.
Em maio, a produção de veículos, segundo a medida do IBGE, caiu espantosos 20% em relação ao mesmo mês do ano passado. Difícil esperar coisa melhor do mês de junho, pois as empresas estão parando linhas de produção, dando férias coletivas em massa, quando não estão demitindo mesmo.
Segundo comentário do economista Rodrigo Miyamoto, em relatório de ontem do departamento de economia do Itaú, junho vai ser ruim mesmo.
"Para junho, esperamos nova retração na produção industrial, em linha com os recuos da confiança do empresário industrial, os altos estoques e dados de consumo de energia. Os índices de confiança continuam em baixo patamar histórico e recuaram novamente em junho. Os estoques na indústria voltaram a aumentar e indicam uma menor produção à frente. No mesmo sentido, os dados de consumo de energia também apontam para queda. Finalmente, há o impacto negativo sobre as horas trabalhadas relacionado à Copa do Mundo de Futebol", escreve o economista.
Finda a "suspensão do tempo", os dias de anestesia festeira da Copa, os brasileiros que prestam alguma atenção ao noticiário de economia vão ter notícia de que o país pode ter entrado numa recessãozinha no primeiro semestre.
Torna-se quase consenso a estimativa (chute muito bem e honestamente informado) de que a produção econômica, o PIB, encolheu no segundo trimestre, o que deve provocar a revisão para abaixo de zero da taxa pífia de crescimento do primeiro trimestre.
Na prática, por ora, não vai fazer diferença a não ser entre a minoria, no entanto influente, que se ocupa desses assuntos. Vai haver algum bafafá político-midiático, pois.
No entanto, a velocidade na qual a economia desce a ladeira é bem maior do que a imaginada até, digamos, março, quando não se previa que a degringolada teria efeitos na vida da massa do eleitorado.
Dado o andar da carruagem, porém, as dificuldades de encontrar ou manter emprego devem ficar mais evidentes ao final do terceiro trimestre (quando entrar setembro), ao menos nas grandes metrópoles.
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