PRIMEIRAS IMPRESSÕES DA CHINA: SHANGHAI
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PRIMEIRAS IMPRESSÕES DA CHINA: SHANGHAI


Eu na estação de trem de Shanghai, pronta pra ir pra Pequim. Obrigada pela foto, Pablo querido!

Muita gente está pedindo notícias da China, então vou falar um pouquinho. Ainda tenho mais de uma semana por aqui! Estou amando.

A China realmente é uma experiência fascinante.
O duro é chegar lá. A viagem de mais de um dia cansa demais. Eu cheguei moída. É exaustivo ficar sentada na mesma posição durante horas e horas, independente dos filmes pra assistir e do xadrez e gamão pra jogar. O aeroporto de Dubai me decepcionou. Esperava mais. Claro, ficamos em apenas um pedaço do gigantesco aeroporto, mas não achei as lojas do duty free grande coisa. '

Além disso, são caras. Três chocolates de 300 gramas custam entre 15 e 20 dólares. Eu fiz os cálculos: dá mais de 60 reais por 900 gramas. Mas se eu comprar barras de chocolate em casa por 6 reais cada 150 gramas, gastarei R$ 36 pra chegar ao quase meio quilo. Lindt ou mesmo Cadbury podem ser mais gostosos que meu rotineiro chocolate Nestlé, mas não creio que valha a pena pagar tanto a mais.Hoje (início de julho) fomos a dois museus: o de história e o de planejamento urbano. 
Os dois são lindos e gigantescos e inteiramente grátis. Pros chineses o que não falta é história. Eles têm registros perfeitos (incrível como tanta coisa sobreviveu) da vida de 3 mil anos atrás. Adorei ver as centenas de moedas que eles usavam. Moeda é um modo de dizer, porque algumas pareciam facas bem pontiagudas (imagino que deve vir daí a expressão “isso é uma facada!”). E eles já usavam notas de papel 200 anos antes de Cristo!
Um travesseiro mais macio, de jade
Outra coisa que me impressionou foi um travesseiro de dois mil anos atrás, por aí. Ele é de pedra. Na verdade eu não chamaria de travesseiro (mas eles chamam), e sim de encosto pra cabeça, ou melhor, um apoio pra cabeça ficar mais alta que o resto do corpo deitado. '
Juro que é um travesseiro
Mas não deve ser nada confortável colocar o pescoço numa pedra. Pior é que o “travesseiro” é decorado com várias estatuetas pequenas de búfalos. Ou seja, não basta deitar sua cabeça numa pedra. Você ainda precisa colocar sua cabeça numa pedra com pontinhas (os chifres dos búfalos). 
Também adorei as estátuas de leões que adornam a frente do museu. Cada estátua é diferente, e tem um leão que não se parece nada com um leão (tá mais pra dragão ou tigre) em várias poses: comendo, dormindo, sorrindo. Minha preferida é a de um leão se coçando.
Shanghai é a maior cidade em termos de população da China (Shanghai também é grandinha em termos físicos -– tem 6 mil quilometros quadrados). 

Tem 25 milhões de habitantes e mais uns 5 milhões flutuantes, que não moram mas circulam por aqui. A guia chinesa com inglês perfeito falou que um dos 19 distritos de Shanghai, o mais luxuoso, era também o menor: “apenas” 800 mil pessoas moram ali. Isso é mais gente que Joinville, Londrina, Maringá e outras cidades de porte médio no Brasil.
Uma das histórias mais interessantes que a guia contou foi que, até 30 anos atrás, Shanghai tinha poucos parques. Se todas as pessoas da cidade fossem colocadas em áreas verdes, elas só conseguiriam ficar em pé. Ou seja, o espaço que cada pessoa em Shanghai tinha de área verde correspondia a um par de sapatos. Vendo que isso não representa qualidade de vida, o governo tentou melhorar a situação. 
Dez anos depois, ou seja, vinte anos atrás, cada shanghaiense tinha direito a uma folha de jornal aberta de área verde. Hoje, a área verde correspondente a cada cidadão de Shanghai já é uma cama de solteiro. Em outras palavras, antes um shanghaiense só podia ficar de pé na área verde de sua cidade, depois podia sentar, e hoje já pode se deitar.
Ainda assim, Shanghai é muito poluída. Meu nariz ficou sempre congestionado. 

Uma névoa constante ocupa o céu. Não são nuvens; é a poluição. Perguntei à guia o que eles estavam fazendo para mudar isso, e sua resposta deu uma boa visão da mentalidade chinesa: ela disse que várias indústrias estavam sendo forçadas a instalarem-se em lugares mais distantes. Nada de diminuir os poluentes ou assinar o protocolo de redução de Kyoto: o negócio é levar a sujeira para outro lugar.
Eu comi muito bem em Shanghai. Típica comida chinesa (não muito diferente da boa comida chinesa que como no Brasil e que comi regularmente nos EUA), só que ela é mais doce. Shanghaienses gostam muito de açúcar.
No museu de planejamento urbano tinha a maior maquete que já vi na vida. 
Era um piso inteiro com a maquete da cidade, com todos os prédios, incluindo aqueles em construção. O que mais me chamou a atenção é que todo um enorme setor da cidade não existia 20 e poucos anos atrás. 
Logo o distrito que hoje compõe a famosa skyline de Shanghai era um grande campo vazio em 1991. Em pouco mais de duas décadas, os chineses construíram na cidade 6 pontes, 9 canais, e dezenas de arranha-céus. No Brasil ainda tem uns metrôs sendo construídos há quinze anos que ainda não foram entregues...
Amei um cineminha dentro do museu. Você entra numa sala redonda e vê um filme em 4D que mostra o ponto de vista de um pássaro atrevido (que dá inúmeros rasantes) chegando ao aeroporto de Shanghai atravessando a cidade. Eu tive certeza que a sala estava girando, mas é só impressão. De qualquer jeito, dá pra ficar tonta. 
Tinha umas barras pra segurar, e pode acreditar que minhas mãos permaneceram nelas. Todas as cidades deveriam ter um cinema desses, e deveria ser obrigatório que todos o vissem, pra conhecer e valorizar a cidade onde moram. E assim, talvez, tratá-la melhor.
Um outro filminho no museu me ensinou um monte de coisas sobre Shanghai. Parece que em toda a China as crianças começam a estudar inglês na primeira série. O objetivo do governo é que todos falem inglês, ou pelo menos uma adaptação, o que eles chamam de “chinglish” (vai demorar muito ainda. A maior parte só se comunica em chinês, o que não os impede de dominar o mundo).
O filminho também fala do homem de Shanghai: ele apoia a emancipação das mulheres, é gentil e cavalheiro, o que se traduz numa baixa taxa de violência doméstica, e ainda gosta de cuidar dos filhos (quero dizer, do filho –- a política de uma só criança por casal foi instituída em 1979 e continua firme; as exceções são se o casal tiver um filho e ele nascer com problemas, e ou se for um segundo casamento). Por tudo isso, o shaghaiense é visto como o marido ideal. Perguntei para algumas chinesas se isso era verdade e elas confirmaram. 
Um simpático professor da federal do Rio Grande do Norte disse: Tenho vontade de postar uma foto do skyline de Shanghai e dizer 'Tão vendo, coxinhas? O comunismo deu certo'.”
Depois fiquei sabendo, em Pequim, que toda aquela iluminação que forma a famosa skyline noturna de Shanghai custava 5 milhões de yuans (ou cerca de 2,5 milhões de reais) por noite -– dez anos atrás! Imagina quanto deve estar custando hoje.
Mas talvez a imagem que fique comigo pra sempre de Shanghai (e talvez de toda a China) seja uma que vi logo no primeiro dia, quando me aventurei a dar uma volta sozinha no quarteirão. Num dos prédios (comerciais), na porta do lado de fora, quase na calçada, havia um pacote com ovos, frutas, pães e outros alimentos. O entregador havia deixado aquilo na porta do prédio. E ninguém pegava!
Por que o Brasil não pode ser só um pouquinho assim?




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