RESPOSTAS AS MINHAS ACUSAÇÕES MAIS FREQUENTES
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RESPOSTAS AS MINHAS ACUSAÇÕES MAIS FREQUENTES


E depois dizem que homem não se mobiliza pra apoiar as mulheres...

Perdi a conta de quantos tweets e emails recebi nesses últimos três dias. Só sei que foram 860 comentários no post explicando a situação, 500 no primeiro, 100 no último. A maior parte me dando todo apoio, um carinho imenso. Obrigada mesmo, pessoal. E hoje de madrugada a Raquel ainda me enviou este vídeo fantástico. Francamente, quanta incoerência, Mr. Tas...
Lógico, como não podia deixar de ser, recebi minha dose diária de ódio. O Júlio César, um leitor antigo e querido do blog, deu uma boa resumida: “Uma breve descrição da Lola pelos olhos dos defensores do Tas: É uma blogueira petralha e comunista (já pisou até na Rússia!), criou este blog há mais de 3 anos para defender um movimento falido de dominação feminina sobre os homens (como pode? a natureza diz o contrário!), pregar o assassinato de criancinhas indefesas e dar apoio aos homossexuais (contrariando a bíblia!). Finalmente conseguiu seu objetivo maior: seus 15 minutos de fama através da falta de humor! E ainda tem a audácia de ilustrar o blog com fotos suas mesmo estando acima do peso!”.
Como este é meu blog e o único espaço que tenho, queria só dar meus pitaquinhos às asneiras mais repetidas que ouvi nesses últimos dias:

É só uma piada.
Nada é “só” alguma coisa. Tudo tem um significado e um contexto. Imagino que o pessoal que vive repetindo, como se fosse um mantra, “é só uma piada, é só um filme, é só uma música, é só um _____ (espaço livre para sua imaginação)”, nunca tenha ouvido falar de Análise do Discurso. Que é a área que estuda, em todo o mundo, as entrelinhas de todo tipo de discurso (e, que eu saiba, piada é um discurso). Dizer que é um favor mulher feia ser estuprada, chamar mamilo de rocambole, ridicularizar mães que amamentam em público, criticar que mães feias exponham suas “tetas” na rua — tudo isso é um discurso. E não é um discurso novo. É clichê, lugar-comum. É o que se diz sempre, tanto a sério como brincando, para condenar o corpo da mulher e limitar seu espaço. Não é nem um pouco estranho que se façam tão poucas piadas com homens brancos e héteros? Sempre que a gente discute humor, vem um desavisado dizer que “toda piada tem uma vítima”. Mas parece que as vítimas são sempre negros, gays, mulheres (ou você já contou muitas piadas de loiro burro hoje?), gordas, judeus, e outros alvos preferenciais. O humor burro é o que perpetua o preconceito. O humor inteligente é o que o combate. E abra sua mente: CQC e outras porcarias que há na TV não são as únicas formas de humor possíveis.

Você está querendo se promover.
Pois é, eu abri o blog esta semana com o único propósito de conseguir fama e fortuna. Não é que eu escreva posts diários falando de direitos das minorias há 3,5 anos. Comecei ontem. E pô, cadê a grana preta que me prometeram?!
Não entendo bem o que é promoção. Todo mundo que escreve quer ser lido, certo? Por que eu não posso querer? Ou eu não posso querer me promover “à custa de uma pessoa famosa”, como também fui acusada? Isso equivale a dizer que uma pessoa famosa não pode ser criticada. Ou que só pode ser criticada por outra pessoa famosa. Não tenho certeza, mas desconfio que esse tipo de pensamento seja ligeiramente anti-democrático.

Você quer aparecer no CQC.
Não, obrigada. Já participei do MTV Debate com o Lobão e foi uma experiência traumática pra toda a vida. Constatei que é raro ter vida inteligente na TV. De vez em quando até vou a alguns programas locais, desde que sejam comandados por pessoas sensatas sem o ego do tamanho de um boi, dessas que não deixam ninguém falar. Já passei por isso e aconselho: não aceite o convite. É o maior mico.

Conseguiu fama, hein? É só dar uma de ativista que o povo cai.
Na realidade, “o povo cai” sem precisar “dar uma de ativista”. É só ver o que faz sucesso. CQC é ativismo? Se for, é contra o quê? Só se for ativismo na arte de divulgar preconceitos.

Você deveria estar protestando contra _____ (insira aqui a causa que você acha mais pertinente. Dicas: Congresso Nacional / situação das crianças abandonadas / fome na África / corrupção / tráfico de drogas / preço do chocolate).
Este deve ser o argumento mais antigo do mundo pra mandar alguém calar a boca. Só porque você acha que tal assunto não é importante, não quer dizer que não seja. Lamento informar, mas quem decide o que é ou não importante não é você. Pra piorar, esse tipo de argumentação costuma ser usado por gente do alto do seu privilégio e dirigido a representantes de minorias que lutam por seus direitos. É ridículo.o é porque eu (e muitas outras pessoas) estou defendendo a liberdade de expressão e a amamentação em público que todas as outras lutas serão interrompidas automaticamente. Não é assim: “Atenção, Lolinha vai falar de liberdade de expressão. Vocês aí recolhendo animais na rua, podem parando já. Não insistam! Ei você aí, não ouviu? Largue já esse viralata!”. Sabe, obladioblada life goes on bla, a luta continua. Outra coincidência esquisita é que pessoas que usam esse argumento não costumam mexer um dedo em favor de causa nenhuma.

Assim o Brasil vai continuar sendo terceiro mundo.
É, bem assim, né? Primeiro que o conceito de terceiro mundo já está ultrapassado em alguns anos. O Brasil é tido como um país em desenvolvimento, parte integral dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), essas nações com maior crescimento no planeta e bem cotadas para serem as próximas potências mundiais. Durante a sua vida, inclusive, olha só que honra! Segundo que o Brasil (como qualquer outra nação) tem inúmeros problemas pra resolver, mas não vai ser não protestando que o país vai melhorar. Um dos pontos em que o Brasil ainda é totalmente subdesenvolvido é na questão de direitos humanos. Mas disso você gosta, né? Direitos humanos para humanos direitos etc e tal. Assim você apoia o subdesenvolvimento.

Já que você se diz feminista deveria cuidar de assuntos que realmente afetam as mulheres.
É, eu “me digo” feminista desde meus 8 anos de idade (tenho provas!), com muito orgulho. Um assunto que realmente afeta as mulheres é a aceitação do próprio corpo. Outro é que a mulher tenha autonomia total sobre seu corpo. Esses dois assuntos estão totalmente ligados às piadinhas do CQC contra as mulheres que amamentam em público. Este é um tema seríssimo. Não é à toa que tantas mulheres estejam se reunindo pra promover mamaços por todo o país. Estamos vendo um verdadeiro retrocesso no sentido da autonomia feminina, e o CQC só representa um exemplo visível desse retrocesso. Faz poucos anos, ninguém ousaria dizer pra uma mãe que amamenta em público pra ela ir ao banheiro, ou cobrir o filho com um paninho, ou ficar em casa. Isso era visto como um direito inalienável da mãe e do bebê. É assim nas Europas. Mas estamos importando o que há de mais tacanho e medieval dos EUA que, há mais ou menos uma década, começou a condenar mães que amamentam em público. Claro, não é uma condenação formal. É o “socialmente inaceitável”. Por força popular e conservadora, de repente dar de mamar a um bebê na frente de todos passou a ser visto como errado. E é esse modelo reacionário, estúpido, repressor, moralista, machista que estamos copiando. Acredite em mim: é um assunto urgente que interessa demais às mulheres. Mesmo àquelas que, como eu, não têm filhos.

Você só pode ser mal amada por estar criticando ______ (insira aqui o tema da vez).
What's love got to do with it, babe? Engraçado: eu não conheço uma só mulher que já reclamou sobre qualquer coisa que não foi chamada de mal amada (geralmente somos chamadas de vadias também, o que pra mim soa meio contraditório). Feministas, então, ouvem a alcunha mal amada com maior frequência do que ouvem o nome dos seus respectivos maridos, namorados, ou esposas e namoradas (sim, algumas feministas são lésbicas. O quê, você pensava que eram todas?! Aliás, alguns feministas são homens. Mas, curiosamente, eles não são chamados de mal comidos ou vadios). Quase todas as feministas que conheço são muito bem amadas, obrigada, até porque costumam ter parceir@s inteligentes, que não são machistas. Mas e se uma pessoa que luta por direitos não fizer sexo, isso invalida seu discurso? Tipo, a Madre Teresa de Calcultá não poderia se manifestar por não ser (sexualmente) amada? É a espécie de crítica-clichê que não faz o menor sentido. Como se as outras fizessem...

E, como este é um blog de utilidade pública, dou uma dica preciosa pros hominhos que sentem-se incomodados ao verem mães amamentando em público: andem sempre com um paninho pra cobrir os olhos. Não precisa agradecer.




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