Geral
Ressaca monetária - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 21/06
Dólar sobe no mundo todo após anúncio de reviravolta do Fed, e efeito no Brasil se agrava com as deficiências da política econômica de Dilma
Se o governo Dilma Rousseff antes perdia o sono com o "tsunami monetário" --como caracterizava o fluxo de entrada de capitais resultante da política do Fed (banco central americano) de inundar o mercado com recursos--, sobram agora razões para se preocupar com a retração da onda.
Os sinais de reversão da maré estão à vista de todos. Há mais otimismo com a recuperação da economia americana, que deve crescer 2% neste ano e talvez bem mais que isso em 2014. Com a melhora, o estímulo monetário deixaria de ser necessário.
O Fed já navega nessa direção. Seu presidente, Ben Bernanke, disse que as compras de títulos no mercado --hoje no ritmo de US$ 85 bilhões ao mês-- serão contraídas em breve e suspensas até meados de 2014. Para prevenir sobressaltos, disse que a retirada será gradual e que a taxa de juros deve permanecer perto de zero até 2015.
O mercado financeiro não tem paciência com detalhes. Quando identifica mudanças como essa, antecipa as consequências: menos recursos no mercado global, juros em alta nos EUA e valorização do dólar perante outras moedas, especialmente de países emergentes.
No caso do Brasil, há o fator agravante da política econômica errática, em particular na questão da austeridade fiscal, que prejudica a imagem do país. Acentua-se, com isso, o temor pela perda de valor dos investimentos aqui realizados, o que provoca a saída de dólares e a consequente desvalorização da moeda nacional.
A cotação do real frente ao dólar fechou em quase R$ 2,26, ontem, mesmo após o Banco Central comprometer US$ 3 bilhões para conter a desvalorização. Foi o pior nível desde abril de 2009, quando a crise internacional estava no auge.
Um sintoma da deterioração do cenário foi o adiamento da oferta de ações da Votorantim Cimentos na Bolsa, que deveria levantar até R$ 10 bilhões. É notável o contraste com a situação de abril passado, quando a BB Seguridade conseguiu captar R$ 11,4 bilhões.
Salvo uma improvável grande decepção com a economia americana, nos próximos anos haverá um enxugamento do capital farto em circulação pelo mundo.
O Brasil está mais preparado que no passado para enfrentar a turbulência: tem US$ 375 bilhões em reservas, e a dívida em dólar do governo foi eliminada, entre outros fatores. Mas aproveitou mal a liquidez externa: não aumentou a taxa de investimento, não ajustou as contas públicas como deveria e não reforçou a competitividade da economia para enfrentar a saída de capitais.
A alta do dólar encarece importações e incentiva aumentos de preços domésticos, realimentando a inflação. O Banco Central se vê forçado a elevar ainda mais os juros. Nesse mar revolto, vai a pique o otimismo postiço do governo federal nos últimos anos.
-
Ano Novo, Real Fraco, De Novo - Vinicius Torres Freire
FOLHA DE SP - 03/01 Mercado deu o tom do que será o câmbio; governo tem de ser hábil para evitar acidentes com o dólar DÓLAR A R$ 2,40 foi um aperitivo forte demais para o início de 2014, mas esse vai ser um dos sabores do ano. Resta saber qual...
-
Boa Resposta - Antonio Delfim Netto
FOLHA DE SP - 28/08 Parte importante das tensões sentidas pela economia mundial, na última quarta-feira, resultou da confusão produzida pela divulgação da ata da reunião do Fed de 30/31 de julho. Afinal, do que se trata? A economia dos EUA dá sinais...
-
Câmbio, Risco E Confiança - Henrique Meirelles
FOLHA DE SP - 25/08 Os fatos mais relevantes hoje na economia e nos mercados são a volatilidade cambial e a valorização do dólar diante de várias moedas, incluindo o real. Isso causa a elevação da expectativa de inflação, o que impacta as taxas...
-
Sob Desconfiança - Editorial Zero Hora
ZERO HORA - 20/08 Os sinais sustentados de recuperação da economia dos Estados Unidos e a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) comece a reduzir ainda este ano as políticas de estímulo à atividade produtiva provoca...
-
Turbulência Cambial - Celso Ming
O ESTADÃO - 16/06 Ao longo da semana passada, as cotações do câmbio enfrentaram uma volatilidade como há muito tempo não se via, apesar dos 4 leilões de compra no câmbio futuro (swap cambial) realizados pelo Banco Central. Desta vez, a deterioração...
Geral