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SOMOS TODXS ADELIR, A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Ato no Rio de Janeiro na sexta, dia 11
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Nani e eu no Direito da UFPR |
Eu queria ter me envolvido no Somos Todxs Adelir, mas só deu pra me manifestar no Twitter. Infelizmente, a semana passada, como tantas outras, foi de correria intensa (passei mais de dois dias em Curitiba, e, mesmo que tudo tenha sido ótimo, a viagem de volta foi absurda -- doze horas desconectada do mundo em aeroportos e aviões).
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Ato em João Pessoa |
Pedi pra uma especialista que eu adoro escrever um guest post, mas ela também estava ocupada demais, inclusive com o ativismo (além das mil e uma atividades de uma professora universitária). |
Ato-denúncia no Ministério Público de Santa Catarina, em Florianópolis |
Pelo pouco que acompanhei, o ato #SomosTodxsAdelir
foi um sucesso
estrondoso, com mobilização, protestos, vigílias em 22 cidades
ao mesmo tempo (ou trinta, segundo outras fontes
). Para quem está boiando -- e é até aceitável que esteja, pois violência obstétrica é um tema bastante novo --, o que aconteceu foi que em Torres, RS, no dia primeiro de abril, no meio da madrugada, Adelir Carmem Lemos de Góes, 29 anos, foi retirada de sua casa à força, por policiais armados, e levada para um hospital. |
Adelir e o marido deixam hospital com o bebê |
Lá, foi submetida, sem a presença de seu marido cigano (embora ter um acompanhante seja direito garantido pela lei federal 11.108/2005), contra sua vontade, a uma cesariana. A decisão judicial para este ato de violência foi para "proteger a vida do nascituro", o que mais uma vez abre o precedente perigoso de que o corpo de uma mulher não pertence a ela, e sim ao "bem comum", ao Estado, ao público.
Isso tudo num contexto de incrível desrespeito à autonomia das mulheres: em que não apenas temos uma das legislações mais arcaicas do planeta em relação ao direito ao aborto, como ainda somos ameaçadas com uma aberração do nível do Estatuto do Nascituro; em que somos recordistas mundiais em cesáreas, sendo que a Organização Mundial de Saúde recomenda que só 15% de todos os partos sejam através dessa intervenção cirúrgica; em que uma em cada quatro brasileiras já sofreu violência obstétrica
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Ato em João Pessoa |
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Adelir grávida, em foto no seu FB |
Antes do dia 1/4, Adelir já havia passado por duas cesáreas, ambas contra a sua vontade. Para que não fosse forçada a mais uma, buscou a doula Stephany. Um dia antes, as duas estiveram num hospital para que Adelir fizesse exames, que constataram que ela e o feto estavam bem.
Adelir assinou um termo de responsabilidade e foi para sua casa, mas não adiantou. Uma juíza, baseada na avaliação de apenas uma médica, emitiu o mandato para que Adelir (que já estava em trabalho de parto) fosse forçada a ser levada ao hospital sofrer uma cesariana. |
Ato no Largo de São Francisco, em SP |
Uma violência sem tamanho! Ela não pôde escolher onde ou como faria seu próprio parto. Foi tratada como uma incubadora, nada mais que isso. |
Ato em Recife |
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Ato em Porto Alegre |
Além das vigílias no Brasil, houve também protestos em outros países. A notícia de que não respeitamos mulheres que optam pelo parto natural pega mal pacas pro Brasil. |
Ato em Viena, Áustria |
Toda essa mobilização fez com que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, e o Ministério da Saúde lançassem nota
se solidarizando com Adelir. |
Ato em Nova York |
É o mínimo. Mas é muito pouco. Quais mudanças essa solidariedade do governo vai gerar nas políticas públicas dos direitos reprodutivos das mulheres? Haverá a alteração de rumo das ações de um governo que, mesmo presidido por uma mulher, não está fazendo um governo voltado para as mulheres? |
Ato em Salvador |
Parabéns às ativistas, que conseguiram se mobilizar com tanta rapidez e habilidade. Vocês mostraram que, se depender da nossa luta, o Brasil não continuará ostentando o vergonhoso título de campeão de cesáreas e de violência obstétrica.
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Pessoas assistem ao documentário O Renascimento do Parto durante ato em SP |
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