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TV Globo ironiza movimento LGBT
Da revista Fórum:
Nesta terça-feira (19), a página Feminismo Sem Demagogia divulgou no Facebook uma nota de repúdio contra a TV Globo, acusando a emissora de transfobia. De acordo com a denúncia, a novela A Regra do Jogo vem tratando assuntos importantes da pauta LGBT com ironia e descaso, o que representaria um desserviço em relação aos direitos dessa comunidade, já tão discriminada.
Leia o texto na íntegra:
Nota de repúdio contra a transfobia na novela "A regra do jogo"da Globo
Ontem dia 18/01/2016, fomos surpreendidas com uma cena na novela “A Regra do Jogo” veiculada pela Rede Globo que nos incomodou bastante por considerarmos repulsiva e transfóbica.
Na narrativa o personagem Breno, interpretado pelo ator Otávio Müller, ex-gerente de banco vinha sofrendo com a crise do desemprego, até que há poucos dias ele se encontrou por acaso com um ex-colega de trabalho que para fugir da crise “optou” trabalhar como crossdresser.
Então iniciando o enredo “cômico” do personagem, Breno é aconselhado pelo amigo a também trabalhar como crossdresser e desde então o personagem vem se vestindo de mulher.
Acontece que no capitulo de ontem, Breno resolveu procurar o ex-chefe e exigir que o mesmo o readmitisse, caso contrario ameaçou chamar a comunidade LGBT e a imprensa para manifestar contra empresa e acusá-la de transfóbica. Com isso, após essa chantagem ao empregador Breno é readmitido e, além disso consegue um aumento salarial de 30% com relação ao anterior.
No entanto, alguns pontos precisam ser considerados a respeito para várias problemáticas por trás desta cena, tais como:
Primeiro Ponto: O tom cômico dado ao personagem é carregado de estereótipos deixando dúbia a explicação sobre o que é um crossdresser e a diferença com relação às mulheres trans, pois a maioria das pessoas não sabem a diferença e associam tudo ao pejorativo termo “traveco”, aumentando a discriminação na sociedade. Por isso não é engraçado usar a figura de uma mulher trans tratando como comédia uma chantagem quando na realidade maior partes das transexuais tem as portas fechadas para o mercado de trabalho e por este motivo são lançadas a prostituição e expostas à violência transfóbica.
Segundo Ponto: Breno não foi demitido por ser crossdresser e sim pela crise, então ao exigir sua admissão ele mentiu ao relacionar sua demissão ao fato de ser crossdresser, e em tom de chantagem o personagem se comporta como fosse correto mentir para ter o quer e ainda mencionar que teria o apoio da comunidade LGBT, colocando as pautas da comunidade LGBT numa posição de descrédito e ainda disponível ao deleite de um homem burguês falido, branco cis Hétero, incentivando o telespectador achar aquilo natural e engraçadinho, mas sem problematizar a realidade das principalmente das pessoas trans.
Também não se pode negar a ênfase da novela em associar a questão do desemprego e a profissão de crossdresser como uma alternativa de segunda classe também dentro do humor.
Terceiro Ponto: No modo como foi abordada a readmissão de Breno, foi ignorando os fatos corriqueiros que vai além do desemprego como também toda a marginalização por trans das mulheres trans que só faz reforçar o desserviço prestado pela novela.
Na página FSD temos como exemplo o caso da Luiza Coppieters,que foi nossa moderadora, após assumir-se trans, a escola onde trabalhava a demitiu em situação clara de transfóbia, e não voltaram atrás mesmo com a pressão de alguns alunos que a acolheram por considerá-la excelente profissional. E infelizmente este caso da Luiza não é um fato isolado, pois a transfobia enraizada na sociedade coloca várias mulheres e homens trans em situação semelhante, e pior, pois grande maioria nunca tiveram um trabalho formal.
Por tudo que expusemos aqui, repudiamos as cenas de humor com o personagem Breno, por consideramos transfóbicas e de extremo mau gosto, não condizendo com a realidade das mulheres Trans, que cotidianamente são lançadas a violência e ao desemprego.
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