Um olhar crítico sobre as manifestações no Brasil: mesmo imporntante, ainda falta identidade política e liderança
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Um olhar crítico sobre as manifestações no Brasil: mesmo imporntante, ainda falta identidade política e liderança


Por Paulo César Gomes, professor, historiador e escritor serratalhadense

Grandes transformações sociais, culturais e políticas ocorridas em diversos países e em diferentes épocas tiveram início a partir de pequenos gestos, algumas dessas mudanças surgiram de reivindicações simples, mas que contemplam todo um grupo social, um bom exemplo foi a Revolução Francesa, em 1789, que com as palavras de ordem de Igualdade, Liberdade e Fraternidade proporcionou a queda do absolutismo não só na França, como também em outros países da Europa. Em 1984, os brasileiros saíram às ruas para pedir a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que recebeu o nome por que foi apresentada pelo Deputado Federal Dante de Oliveira (PMDB-MT). A proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº5/1983, tinha por objetivo reinstaurar as eleições diretas para Presidente da República , através da alteração dos artigos 74 e 148 da Constituição Federal de 1967.

A emenda não foi aprovada, e somente em 1989, após a promulgação da Constituição de 1988, voltamos a escolher um presidente através do voto livre e soberano. Mesmo não tendo obtido êxito, o movimento de 1984 serviu para colocar o povo nas ruas clamando pela volta da democracia. É bom ressaltar que manifestação como aquela não acontecia desde 1968. Em 1992, o país foi sacudido com o movimento Fora Collor. Naquele ano os jovens saíram às ruas de ?cara pintada?, não pra se esconder, mas para mostrar o orgulho de morar em um país democrático. Collor sofreu  impeachment no Congresso Nacional e acabou renunciando ao cargo de Presidente da República. Itamar Franco assumiu a presidência e deu início ao ?real?, a nova moeda e a ?pseudo estabilidade? econômica tornou-se o grande legado do governo Fernando Henrique Cardoso.

Ele acabou vendendo essa ideia para  população que acabou ficando acomodada com o cenário teatral de um novo Brasil. A chegada de Lula ao poder possibilitou a ascensão política de vários líderes sindicais, estudantis e de movimentos sociais. Com ausência de líderes políticos de expressão popular os movimentos sociais ?minguaram?, entidades históricas com a CUT, UNE, UBES, MST sucumbiram as facilidades apresentadas pelo modelo de governo petista. Pois bem, passados quase três décadas do fim da Ditadura Militar voltamos a ver o povo desafiando o poder do Estado. São manifestações em praticamente todas as cidades importantes do país e que a cada dia que passa aumentar o número de pessoas, na proporção em que aumentavam as reivindicações, que vão do passe livre ao fim da corrupção, sem contar com os que protestam pelo mau uso do dinheiro público na construção dos estádios de futebol que serão usados na copa mundo de 2014.

"Pois bem, passados quase três décadas do fim da Ditadura Militar voltamos a ver o povo desafiando o poder do Estado. São manifestações em praticamente todas as cidades importantes do país e que a cada dia que passa aumentar o número de pessoas, na proporção em que aumentam as reivindicações, que vão do passe livre ao fim da corrupção, sem contar com os que protestam pelo mau uso do dinheiro público na construção dos estádios de futebol que serão usados na copa mundo de 2014."

É claro que toda essa agitação é importante para o fortalecimento da nossa democracia, assim como para a construção de uma nova geração de brasileiros, pois o Brasil dificilmente será mudado apenas com frases de protesto escritas no facebook e no twitter. No entanto, algumas observações devem ser feitas sobre essa onda de manifestação, mesmo compreendendo o seu valor e o seu significado. Não iremos mudar muita coisa no país em quanto as pessoas não tiverem a coragem de sair às ruas mostrando o seu verdadeiro rosto, sem medo e sem preconceito.

Sem contar que está na hora dos verdadeiros líderes desse movimento colocarem ?as suas caras? na rua, pois a história está aí para comprovar que nenhuma transformação social acontece sem que existisse um líder ou líderes, e muito menos sem uma identidade ou ideologia política. Sem esses fatores, todo o movimento está fadado ao fracasso. Mas mesmo que isso aconteça, ainda assim devemos nos orgulhar de termos mais essa história para ser contada e recontada pelas futuras gerações!

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no site Farol de Noticiais de Serra Talhada, em 18 de junho de 2013.




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