UMA VAIA HISTÓRICA MARCA A SESSÃO ORQUESTRADA
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UMA VAIA HISTÓRICA MARCA A SESSÃO ORQUESTRADA


A sessão desta noite (08) na Câmara Municipal estava mais para um cassino: praticamente todo mundo apostando as fichas em algum interesse. E uma vaia histórica marcou a sessão bem orquestrada: quem sabe articulada entre o Executivo, que enviou outrora um projeto de renúncia fiscal para o município e aprovado pela casa; e o presidente Pedro Rodrigues para empurarrem com a barriga a discussão em torno do projeto de Lei de Iniciativa Popular catapultado pelo secretário Municipal de Educação, Paulo Roberto Caduda, e o advogado Fábio Emídio. Coube a vereadora Damares o surpreendente pedido de vistas ao PIP - um feito nunca imaginado por alguém que raramente discursa na tribuna. Como tudo ocorreu nessa roleta da discórida? Joguemos as fichas!

O primeiro a subir à tribuna e apelar aos edis que votassem contra a famosa "lei das empreiteiras" foi o advogado Fábio Emídio. Num discurso pouco efusivo e mais diplomático, Emídio preferiu alertar para o fato de que com a captação de recursos via pagamento dos impostos das construtoras, o povo terá mais benefícios na educação e na saúde. Algo não tão presente na vida do poço-verdense, "apesar de nós estarmos em anos melhores!".

Mesmo sendo um nome forte que faz parte do gestão Dória, Caduda foi mais contundente no discurso a ponto de chamar a atenção do vereador democrata João Ramalho mais adiante pelo teor das críticas sobre a administração. O secretário apontou a falta de um projeto de lei do gênero anterior à construção de conjuntos antigos bem como o não uso dos recursos dos impostos em prol do povo. "Por que decidi revogar essa lei? Porque as pessoas que pagaram a inscrição nesses programas tiveram de pagar para ter seu imóvel..Por que não serviu para pagar de volta às pessoas que pagaram o terreno?" e desafiou: "a parte que for para a Educação, cobrem para saber em que esses recursos serão aplicados!". E concluiu "será que está sendo fiscalizado essas casas. Elas têm o valor real do projeto? Se você recebe das construtoras, peça ao chefe a planilha que deve ser pago a vocês. Pode ser a metade do que pagaram a vocês! (...)  por que muita gente não tem um teto e não são contempladas com essa casa?!".
 

Com a palavra concedida aos vereadores inscritos, o líder do governo na Câmara, Gilson Rosário/PSB foi o primeiro a defender a manutenção da lei. Depois de explicar que o município não paga um centavo na construção das casas ficando a cargo apenas dos governos federal e estadual ao cumprirem a porcentagem devida à inserção do município no programa "Minha Casa, Minha Vida", Gilson  rebateu a informação de Caduda de que o município estaria perdendo em torno de 3 mil reais em impostos por casa. "O valor verdadeiro é R$ 1.038,00. (...) Quanto se está gerando de empregos e salários movimentando Poço Verde. Não vou sair desta Casa e depois dizer que não dei moradia com dignidade?!". Gilson ainda rebateu a informação de que os vereadores tinham recebido dinheiro para aprovar a "lei das empreiteiras". "A Caixa exige que uma comissão de pessoas avalie a construção para dizer como está!" E se referindo aos colegas disparou: "Se for construir para essa linha deles não vai é construir casa alguma. (...) O déficit de habitação é grande e temos ainda muita gente precisando de casa!" À medida que cada um deixava à tribuna, aplausos de grupos eram ouvidos no plenário.

O próximo inscrito, o vereador João Ramalho, aproveitou o ensejo para disparar para ambos os lados sem definir inteligentemente sua postura a respeito do assunto. "Como a administração pública está um samba de crioulo doido! A gente vê que o secretário municipal de Educação e homem de confiança é que vem fazer uma mobilização e ele faz determinadas colocações mostrando que a administração é relapsa. (..) Vê-se que a administração não dá atenção aos pobres. Vemos nas redes sociais como o ex-prefeito está desfrutando em outras praias e piscinas. Esse dinheiro não é só para ampreiteiras. Eles estão usufruindo também!" E se dirigindo a Caduda alfinetou "Quando se fala na dispensa de imposto é o governo ao qual ele serve. Quem está interessado em reuniciar isso não é esta Casa. Quem quer jogar a batata-quente para esta Casa é alguém que poderia muito bem fazer via decreto. Hoje tenho meu posicionamento definido. Fui inclusive assinar o abaixo-assinado!". 

E jogando na mesa suas últimas cartas, "Quantas vezes não encontramos enchedeiras na casa dos amigos; caçambas na fazenda de tal. O prefeito se esconde, mas tem dinheiro para arremtar um uísque por 300 reais num bingo que eu estava presente ontem. Daí vem um secretário de sua confiança vem fazer essa mobilização. Que jogo duplo é esse onde assessores assinam o abaixo-assinado. Isso é uma falta de respeito com a sociedade. A nova creche está funcionando irregularmente. São políticas fajutas. Uma política de enganação!", concluiu.

Falando de controvérsias de ambos os lados quanto à falta de mesmo empenho em criar um projeto de lei do tipo há anos atrás, o vereador Rivan Francisco/PDT ressaltou: "e as casas que construíram anteriormente, será que as empreiteiras recolheram à prefeitura?" e alfinetando também a dupla que defende a revogação no histórico Projeto de Iniciativa Popular, ressaltou: "A política é um instrumento mobilizador das transformações sociais.É cheio de ciúmes e de inveja. Como hoje uma construtora é genuinamente poço-verdense e tem trabalhos local e afora, criam esse imbrólio agora. Será que houve preocupação em outras situações? Nós estamos diante de duas situações: o primeiro defende o direito à moradia; o segundo, o direito à receita!"

Após o discurso do vereador Luciano Araújo/PT em que enalteceu a mudança de governo dos ricos (PSDB) para o governo dos pobres com Lula e Dilma (PT), foi a vez do presidente Pedro Rodrigues falar aos presentes que enchiam até a galeria ao lado. E no momento em que o projeto seria votado, a vereadora Damares/PSDB pediu vistas ao projeto de lei.  Algo que não é do seu feitio - obviamente, fora orientada para tal. Ela tinha conseguido um "Jackpot" (no jargão do poker, oportunidade de ganhar um bônus sob circunstâncias específica).

Sob vaias calorosas, a sessão foi encerrada. Quem não gostou nem um pouco foi a vereadora Délia Félix que apostava em outro resultado: nos corredores gritava "Isso é uma falta de respeito com o povo!". Por enquanto, ninguém conseguiu um "Full house"

naquela mesa de tantos interesses em jogo.




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