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Visão da Semana (de 15 de abril a 22 de abril).
Reunião do G20 e do Fundo Monetário Internacional no final de semana convergiram sobre a necessidade de ações pró crescimento, porém sem consenso sobre quais as ferramentas utilizar, nem um padrão de políticas monetária e fiscal. Importante frisar também que não houve críticas oficiais às políticas recentemente implementadas pelo Banco Central do Japão, que desvalorizou relevantemente a moeda japonesa e vem causando um maciço fluxo de capitais para o sistema financeiro global.
Consenso de mercado e, consequentemente, os preços dos ativos já embutem relevante desaceleração da economia dos EUA, continuidade da recessão na Europa, crescimento ao redor de 7,5% a.a. na China e mundo emergente mantendo vigor, mas nada de maravilhoso. Em resumo, o processo de desalavancagem, que tanto repetimos aqui nesse semanal, com baixo crescimento até que os excessos sejam digeridos, segue ocorrendo, como esperávamos. Importante repetir que ele está acontecendo. Porém, muito melhor seria se os governos conseguissem implementar reformas, que tornariam os organismos econômico e financeiro mais rejuvenescidos, mais dinâmicos e mais capazes para entrar num novo ciclo de crescimento. O papel dos bancos centrais têm sido importante para proporcionar um ambiente de estabilidade para que os políticos consigam montar consenso para fazer as reformas, mas a velocidade da efetivação de tais reformas têm decepcionado. Nesse sentido, esse ambiente de estabilidade, evitando rupturas, que os BCs têm mantido através de fortes injeções de liquidez e monetização da divida pública, sem as reformas acabará se transformando em inflação elevada e instabilidade ao sistema.
Conforme citado, os dados recentes vem mostrando alguma desaceleração da economia norte-americana, em parte explicada pelo ajuste fiscal realizado no início do ano. Na Europa, lugar onde as reformas tem sido implementadas mais rapidamente, os dados seguem bastante fracos, porém sinalizam alguma estabilidade. Na economia chinesa, acreditamos que uma desaceleração, em função da mudança de perfil de crescimento, seja saudável para o crescimento de longo prazo e evita possíveis bolhas no curto prazo. Vemos de forma positiva esse ajuste para a economia mundial, mesmo que isso ocasione algum susto e alguma volatilidade no curto prazo. Do lado doméstico, já ficou repetitivo falar mal das políticas do governo e das interferências no banco central. A economia real, o investimento, o crescimento e a inflação já sofrem pela baixíssima qualidade das ações do governo. É impressionante a falta de conhecimento dos fundamentos mínimos da economia e a arrogância em reconhecer decisões erradas. Diversos avanços feitos em governos anteriores estão sendo revertidos e, por consequência, o ambiente de investimento tem se tornado mais complexo e mais difícil. Uma revisão de medidas intervencionistas ou até mesmo mudança de parte da equipe econômica traria efeito muito positivo para a percepção do mercado.
Seguimos acreditando que o ativismo excessivo dos governos e bancos centrais atrapalham o processo natural de cicatrização e de desenvolvimento das economias. O papel dos bancos centrais injetando liquidez tem um beneficio de evitar um congelamento do sistema ou a ruína rápida de um banco, mas não tem a capacidade de criar crescimento econômico. Para tanto, reformas estruturantes são necessárias. Tanto a economia brasileira quanto a mundial seguem processo de ajustes.
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