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"CONTEI SOBRE DST PRA FICANTE DO MEU EX"
A F. contou seu relato aterrorizante e me fez uma pergunta:
Primeiro, você é um exemplo de tolerância e paciência, tenha certeza que suas atitudes inspiram muita gente. Segundo: doenças sexualmente transmissíveis, o motivo pelo qual estou te escrevendo.
Eu estava ficando com um cara desde março. Na primeira vez que transamos, ele não queria usar camisinha, mas eu dei piti e usamos. Ele mora em Vitória, e eu em Porto Alegre. O tempo foi passando, fui me apaixonando e tinha todos os sinais de que era recíproco. Depois da primeira vez que ficamos, em Vitória, ele veio para Porto Alegre passar uns dias e o clima era de total love, sempre com proteção. Em abril, no meu aniversário, eu fui para Vitória novamente e ele começou a dizer que me amava. Como ele havia terminado um namoro recentemente e me prometia que ficava só comigo, eu fiz a burrada de transar sem camisinha. Em maio ele viajou a trabalho durante o mês inteiro e eu fui à minha ginecologista, pois achava que estava em um lance sério e queria colocar um diu, e admito que foi uma atitude precipitada de minha parte. Minha surpresa foi ser diagnosticada com HPV nesta consulta. O último exame preventivo que eu havia feito foi em outubro de 2013, e eu estava limpa. O preventivo que eu fiz nessa consulta de maio acusou nic 2, que é uma lesão precursora de câncer. Minha médica ficou alarmada e me deu a certeza que eu contraí o vírus com ele, já que nunca tinha tido hpv antes. Ela tem todo meu histórico, pois me consulto com ela desde que tinha 18 anos (hoje estou com 27). Repetimos o preventivo, pois nic 2 seria um estágio muito avançado, e, como preventivo nenhum tinha acusado qualquer coisa antes, poderia ser um erro. Minha desagradável surpresa foi descobrir no exame repetido que sim, é nic 2. Quanto ao cara, contei para ele, que assim que retornou ao Brasil, em junho, fez os exames necessários e também descobriu que tinha hpv. Ele iniciou o tratamento e logo teve que viajar a trabalho novamente. O romance continuou, eu fui para Vitória uma vez e ele veio para Porto Alegre uma vez também. Em agosto, ele teria uma nova consulta para dar continuidade ao tratamento, mas ele não foi, e nunca mais remarcou. Enquanto isso, eu corria com exames auxiliares, pois terei que me submeter a um procedimento cirúrgico no colo para retirar a área lesionada e fazer uma biopsia para verificar se há um tumor maligno. Também em agosto, ele veio para Porto Alegre e o romance começou a esfriar, mas até então existia confiança e ele ainda afirmava que eu era a única. Eu não fiquei com mais ninguém desde que o conheci, em março. Continuamos juntos até outubro, quando comecei a desconfiar que eu não era a única. Diversas vezes perguntei sobre a existência de outra pessoa, e ele negava. Quando tive provas mais concretas, o encostei na parede e ele confessou que ficou algumas vezes com outra garota, enquanto ficava comigo. Fora a parte doída da mentira, fiquei preocupada com o hpv. A essa altura eu já não tinha motivos pra confiar nele pra nada e não acreditei quando ele falou que a outra garota sabia de mim e do hpv. Então, educadamente, escrevi para ela explicando a situação do hpv, claro. Afirmei que não tinha raiva dela, já que estamos no mesmo barco (e o canalha é o cara, né Lola!). Eu duvido que ela sabia de mim. O cara odiou que eu me meti na vida dele para falar com uma pessoa que nem conheço, e ele brigou tanto comigo por isso que acabei ficando com a consciência pesada de ter tomado a atitude de escrever para ela. Fiz errado em alertá-la, Lola? Eu parti do princípio que se ele não queria se proteger comigo, não queria se proteger com mais ninguém. Também considerei o fato de ele ter escondido ela de mim por tanto tempo, grandes chances de eu também ter sido escondida, já que moramos em cidades diferentes.
Eu estou bem estressada com a ameaça de um câncer, que também ameaçaria minha capacidade de engravidar. Ele disse que eu perdi totalmente o controle ao escrever para ela, que mesmo numa situação difícil assim eu deveria me manter controlada e ser indiferente ao fato de ele ficar com mais uma (ou umas? Descobri só uma, mas pode ter mais gente correndo o risco). Esse meu descontrole, segundo ele, causou repulsa nele. Entendi que deveria reprimir tudo que estou passando só para mantê-lo ao meu lado. Não sei nem o que pensar a respeito disso... Também tem o fato de ele ter se negligenciado e não continuado o tratamento... Enfim, quando o conheci, ele era alguém muito legal e diferente da maioria dos caras, mas acabou se revelando só mais um egoísta e displicente com a condição alheia. Bom, gostaria da sua opinião, considero você uma pessoa muito esclarecida. Eu realmente irei levar em conta o que você me disser a respeito dessa história. Como pode perceber, estou bastante insegura e vulnerável. Minhas amigas que sabem da história estão tão decepcionadas com ele quanto eu, e acham que eu fiz o correto em alertá-la.
Minha resposta: Acho que você agiu muito certo. Parece bem óbvio que ele transou sem camisinha com ela também (e talvez com outras), e que ele não iria avisá-la. E se ela não soubesse, não procurasse um hospital, e a doença avançasse? Agora é você tratar da sua doença, se curar, ficar boa, e, óbvio, não querer mais nada com um carinha que não se mostrou nada legal.
Aceitar transar sem camisinha "em nome do amor" é a coisa mais comum do mundo. E pode ser muito perigoso, como foi no seu caso.
F. responde: Tenho certeza que muita gente passa por isso e se reprime, com medo de se expor e perder o cara. Tenho diversas amigas que transam sem camisinha na primeira vez por vergonha de pedir... Enfim. Certo que eu nunca mais o verei! E sigo no meu tratamento, claro.
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