A décima terceira que da sorte
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A décima terceira que da sorte


E, partindo pra assuntos que me deixam menos estressada...

Pouco a pouco, o desespero que eu sentia aqui na França vai se dissipando. Eu sinto a mudança. Eu poderia esperar um pouco mais antes de escrever um post falando sobre os progressos que tenho feito aqui, ja que sei que ainda falta muito a ser alcançado, mas... por que não?

Ontem eu fui, pela segunda vez, no restaurante em que almocei no dia em que tive que ligar, pela primeira vez, pra Mme. Cler. Faz algumas semanas ja e eu falei disso aqui. Camilo havia viajado por uma semana e eu havia ficado em Lyon pra resolver assuntos importantes. Um deles era ligar pra duas propostas de emprego. Se hoje meu francês é tosco, ha algumas semanas, ele era mais que bizarro. Quem me deu forças (me obrigou) a telefonar foi Audrey (uma menina que mora comigo). Foram minutos de sofrimento, mas eu consegui um contrato.

Ontem, quando voltei ao restaurante, eu tive uma sensação ruim, justamente as lembranças desagradaveis daquela tarde chuvosa, cinza e feia em que eu estava ensopada de medo. A diferença é que ontem eu voltei com Camilo e Co, o namorado de Audrey, e passamos quase duas horas conversando sobre nosso futuro (assunto pra um post que levara meses pra ser escrito). Quando eu digo "conversando" não é mais "eu ouvindo calada, sem entender nada". Quando eu digo conversando, me refiro a uma Luci falante. Gaguejei, consultei meu dicionario (Camilo) uma porção de vezes, mas pude ouvir e ser ouvida. Em francês. Mas o barato veio uma hora depois: uma assistente de Mme. Cler, até então desconhecida por mim, me telefonou e eu pude falar e perguntar determinadas coisas e chegar ao fim da conversa sem pensar em desligar o telefone, tomada por um ataque de pânico (como é bem meu estilo).

Pode parecer uma bobagem isso tudo, e eu até penso duas vezes quando vou falar dos meus avanços pros amigos franceses, mas a verdade é que é mais do que sufocante ver seu celular tocar e não ter a coragem necessaria pra atendê-lo. Eh sufocante saber que você não pode jamais se perder na cidade porque, ah, você não saberia pedir informação a ninguém. E hoje, na minha terceira ida ao restaurante, fui sozinha. Fui sozinha e fiquei bem feliz de entender tudo, de poder pedir o prato, de até aceitar a sugestão de sobremesa (torta de limão gostosa) e, no fim, pagar tudo com o meu dinheiro, que ganhei com o meu trabalho. São essas pequenas coisas, aparentemente tão estupidas, que tem me deixado mais tranquila.

Uma outra coisa boa, é que andei me aproximando da mexicana que mora com a gente. Nossa, preciso apresentar com calma as pessoas que moram com a gente! Agora somos onze na teoria e treze na pratica. E uma dessas treze pessoas se chama Diana. Diana chegou por um total acaso aqui. Quando a gente tava entrevistando os candidatos pra morar aqui, idos de agosto, conhecemos um mexicano e ele tava bem cotado pra morar conosco. Um dia, ele trouxe uma amiga e ela jantou aqui. Gostamos tanto dela que, um tempo depois, dispensamos o mexicano e a convidamos pra morar com a gente definitivamente.

Tem um monte de coisa que me faz gostar de morar com Diana. Me sinto um pouco mais confortada por poder dividir a França com alguém que estah na mesma situação que eu: sem amigos, sem seu idioma, sem sua familia etc. Mas minha empolgação com ela vai além dessa felicidade egoista. Diana é muito legal! Sabe quando você encontra aquelas pessoas que você sabe que tem bom coração? Pronto, eu moro com uma dessas. Eu me divirto muito conversando com ela porque ela é engraçada e bem humorada. E parece que o nosso grau de francês é o mesmo. Dai, eu sinto que posso falar qualquer coisa sem a pressão de ter que falar perfeitamente. Quando não da mesmo, ela diz a palavra que não conhece em espanhol, e eu, em português. E a gente se entende. A primeira conversa foi uma troca de figurinha sobre menstruação. Depois disso, ficou claro que nos dariamos bem. Ontem fofocamos, sem pudor algum, sobre o mexicano. E eu e Camilo temos convidado ela pra tudo que é canto. Hoje a gente vai ver Mary and Max.

Obviamente que ainda falta um bocado. Se eu tivesse metade da amizade que tenho com Diana com o resto da casa, a coisa estaria linda. Mas não é o caso. Falta aprender a falar no passado e no futuro e também de uma forma hipotética. Eh dificil. Mas ao menos eu ja posso me perder na cidade!




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