Maria do Ba(i)rro
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Maria do Ba(i)rro


Essa semana nem terminou (INFELIZMENTE) e eu ja posso dizer que ela foi a mais bizarra desde que cheguei em Lyon (em maio). Ok, a primeira semana aqui, em que eu tava com a cara cheia de pus por ter levado uma queda de bicicleta e com um olho fechado, também não foi comum, mas enfim, deixa eu falar dessa semana. Antes de tudo, pra que vocês entendam o drama que eu vou contar, é preciso que eu me descreva um pouco emocionalmente.

Eu sou uma pessoa terrivelmente ansiosa. Medrosa. Chorona. E adoro sofrer por antecipação. Adoro! Dois exemplos basicos:

exemplo de ansiedade: eu passei o mês inteirinho anterior à minha chegada na França tenho desinterias psicologicas. Alias, as desinterias não eram nada psicologicas: é que bastava eu lembrar da viagem e correr pro banheiro. Um mês. E cada vez que se aproximava do dia da partida, eu cagava mais. Meu ultimo rastro foi no Aeroporto Castro Pinto, de João Pessoa. Quando coloquei os pés no solo francês aconteceu um milagre.

exemplo de sofrimento antecipado: eu tendo, quero acreditar que é durante a TPM, a chorar a morte de pessoas que... não morreram. Como é? Bom, tou la eu no ônibus, feliz da vida, quando começo a pensar "meu deus, como eu ficaria se Camilo morresse?" Ai eu penso no momento em que eu escuto a noticia do falecimento, no choque instantaneo, na dor, na solidão, em todas as lembranças que temos juntos e, quando me dou conta, tou chorando loucamente. Tipo assim, soluçando, vermelha, querendo vomitar as tripas de tanta dor que tou sentindo. Entenderam? Pois bem: eu sou assim.

Agora, vou contar sobre minha semana. Ela, na verdade, começou muito bem: Camilo apresentou seu TCC dia 14. Foi um dia muito legal, eu tava muito feliz por ele! Ele se deu muito bem! Bebemos até cair (eu, literalmente) e fomos felizes. No dia seguinte, porém (sempre tem um), ele viajou com os amigos da universidade e soh volta no proximo domingo. Achei melhor ficar em Lyon porque vi nessa viagem a oportunidade de deixa-lo sozinho, curtindo um momento massa da formatura dele, com os amigos dele que estão igualmente formados. Mas, de qualquer forma, vi que eu tinha uns compromissos que, geralmente, é Camilo que me ajuda a cumprir. Não eram coisas do tipo "fim do mundo", mas pra uma pessoa que caga por qualquer suspiro, o menor dos fatos de transforma numa tragédia.

A programação solitaria da semana consistia nas seguintes atividades:
segunda: limpar latrina
terça: inscrição no Pole Emploi
quarta: ir na Agência de Imigração
quinta: limpar mais latrina
sexta: beber até cair com Simone

No entanto, a inscrição no Pole Emploi me deu o contato de duas empresas que contratam pessoas que fazem faxina. Eu. Quem me acompanhou nessa ida ao Pole Emploi foi Audrey (menina que vai morar comigo na proxima casa). Normalmente, Camilo ligaria pra essas duas empresas e faria o contato entre ela e a mocinha aqui, mas Audrey é terrorista e me fez telefonar pra essas duas empresas. Eu quase tive um derrame, mesmo a gente tendo treinado as frases-chave da conversa. A mulher do outro lado da linha, obviamente, não tinha o roteiro da conversa e me fez uma pergunta inesperada e eu me embananei todinha. Foi lindo. De qualquer forma, ela marcou comigo uma entrevista de emprego pra hoje.

Sei que, lendo assim, as coisas parecem muito simples. E são. Mas antes de eu chegar até aqui pra contar essa historia, eu chorei bastante, me senti muito sozinha, perdida, incapaz de fazer essas coisas. E isso, acreditem, me deixa muito puta comigo mesma. Porque faz com que eu sofra com coisas com as quais qualquer pessoa normal tiraria de letra.

Essa é a primeira parte da novela mexicana. Vem ai a volta por cima... ou quase.




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