A PIOR NOITE DA MINHA VIDA?
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A PIOR NOITE DA MINHA VIDA?


Ou uma das piores, sem dúvida alguma. Então, gente, o pior aconteceu. O meu maior pesadelo. Lá estava eu dormindo ao lado do maridão. Quarto quente pra caramba, ventilador ligado, trequinho pra afastar mosquito na tomada, e eu, ansiosa, com dificuldade pra dormir, só dormia e acordava. Daí, lá pelas 4:30 da manhã, senti alguma coisa passar no meu braço. Sem pensar duas vezes, sentei na cama, liguei o abajur, e o que vejo, no meu travesseiro? Uma barata enorme! Tenho que repetir: no meu travesseiro! Sabe, onde meu formoso rosto repousava havia alguns milésimos de segundos?
Eu tenho pavor de barata. Ok, é nojo. Lógico que eu sei que sou bem maior que uma barata e que, numa batalha até à morte, ela provavelmente levaria a pior (apesar de sua anatomia de tanque de guerra). Mas é um nojo que, ao longo dos anos, foi se transformando em terror mesmo. Não há nada no mundo que me assuste mais que uma barata (bom, duas baratas). Tá, eu faria um grande escândalo ao ver um rato, mas rato não é tão comum, graças, graças. Agora, com barata eu tenho até pesadelo. Sério mesmo. Tem vezes que acordo no meio da noite, grito e acendo a luz, porque visualizei uma barata. Só depois me lembro que, se estava tudo escuro, é porque não pude visualizar barata alguma. Tô contando isso pra vocês entenderem o tamanho do meu horror.
Uma vez, vários anos atrás, uma barata foi parar na nossa cama. Mas foi diferente, a luz tava acesa, a gente tava assistindo TV, não dormindo. E não foi na cara, foi mais na parte da cama onde ficam nossas pernas. Naquela época, nosso quarto tinha duas janelas, uma das quais tinha um pequeno vão, e eu tinha certeza que entravam baratas por lá (mas me digam, o que uma barata vem fazer no nosso quarto? Vai pra cozinha, pô!). Já na reforma seguinte, eu pedi pros pedreiros tirarem aquela janela e colocarem tijolo de vidro (pois com uma janela só o quarto já fica bem ventilado). As baratas no quarto diminuíram sensivelmente depois disso.
Mas esses dias vem sendo um inferno. É o calor, eu sei, é a casa suja, mas é principalmente (imagino) a validade das iscas de barata que usamos ter se expirado. E a gente não encontrou novas no supermercado! Isca é uma desgraça, porque atrai baratas. Mas eu sou testemunha que elas vêm de qualquer jeito, até onde não existe isca nenhuma (tipo: meu travesseiro). Então é preferível que elas apareçam por causa da isca, comam o veneno, e morram. Geralmente funciona. Mas a validade venceu. Outro dia, mais ou menos umas duas semanas antes do episódio traumático do travesseiro, eu fui ao banheiro de madrugada (ando dormindo muito tarde). Entrei, acendi a luz, e só quando já estou dentro do banheiro, o que vejo? Uma barata no batente da porta! Ela parecia de prontidão, só esperando que eu passasse pra pular em cima de mim. Fiquei imóvel no banheiro, o mais longe possível da porta, e comecei a chamar o maridão. Ele tava dormindo pesado e não me ouviu. E eu lá, gritando. E nada de maridão. E a barata me olhando, como se dissesse “Quero só ver você passar pela porta ha ha ha” [risinho diabólico de barata]. Eu não podia gritar muito, muito alto porque também não queria que os vizinhos chamassem a polícia por causa de uma barata. Mas gritei o mais alto possível sem acordar os vizinhos. Foram muitos chamados de socorro. Eu pensava no que faria. Tentaria me jogar pra fora da porta, rápida demais até pra uma barata? Eu tava de chinelo, mas matar barata com chinelo implica em se aproximar muito dela. Finalmente, o maridão acordou (eu ouvi o seu “Ãh? Oi?”), veio e matou a barata, que, hipnotizada pelo meu terror, nunca saiu do batente.
Desde então ir ao banheiro de madrugada tem sido mais assustador que pro menininho do “I see dead people” de O Sexto Sentido. Eu vejo baratas vivas.
Mas isso tudo é bico se comparado ao fato de ter uma barata no meu travesseiro. Me levantei na hora, e, sem entrar em pânico, acordei o maridão. Ele, sonado, demorou um tempão até ver a barata (que a essa altura já não estava mais no travesseiro, e sim na parede, indo em direção ao teto). Nossa parede é branca. A barata é marrom escura. O contraste é visível. Mas o maridão pensou que tudo aquilo havia sido um dos meus pesadelos e disse: “Não tô vendo nada, amor”. Eu apontei, ele viu, e a matou. Troquei de fronhas (na realidade durmo com dois travesseiros, um dos quais fica encostado na parede), desencostei a cama da parede (nunca mais), e fiquei andando de um lado pro outro, agora sim apavorada, dizendo pro maridão que eu nunca mais iria dormir na vida, tal qual as vítimas do Freddy Krueger.
E aí, cinco minutos depois, eu ainda andando de um lado pro outro no quarto, o maridão já de volta à cama, o que vejo? Outra barata. Não tô inventando. Duas baratas no meu quarto na mesma noite. E, onde ela estava, não restava a menor dúvida que ela havia passado pela cama (por cima, por baixo, ou pela parede) pra chegar lá. Ela estava na estante de livros, bem embaixo do meu Complete Shakespeare. Pra essa foi preciso jogar um monte de inseticida, até que ela saiu de trás dos livros e o maridão pôde matá-la, meu herói (tadinho, ele também morre de nojo, mas cumpre seu papel de macho alfa. Nessas horas o privilégio é feminino).
Mas não pensem que a noite acabou. Eu não ia mais dormir, o maridão também não, e começamos a ver um dvd, Imperdoáveis. Mas o dia já tava começando a clarear lá fora, e o maridão achou de bom tom 1) deixar a porta dos fundos aberta, pra Blanche poder entrar, se quisesse; e 2) apagar a luz da antesala. É o seguinte: quando a luz do meu quarto tá acesa à noite, a luz da antesala tem que ficar acesa também. Porque senão todos os bichos da madrugada (mariposas, mosquitos, moscas etc) vem pro quarto, atraídos pela luz. E claro que podia ser já seis da matina, mas, depois de duas baratas no meu quarto, a luz ficaria acesa durante um bom tempo. Enfim, em questão de segundos, não tô exagerando, uns cinquenta insetinhos entraram andando pela porta do quarto. Não sei descrever o tipo, acho que são cupins, porque também perdem as asas, mas não são os tais aleluias, são mais parrudos, sabem? Eles não estavam mais voando, só andando. Eu só comecei a rir, porque me senti no meio das Sete Pragas do Egito (versão reduzida a duas pragas). Jogamos inseticida, varremos os cadáveres, o cheiro de aerosol no quarto ficou insuportável, mas continuamos vendo Imperdoáveis. Já no início do filme eu ia dizer pro maridão, referindo-me ao oeste americano de 1870, “A vida é bem melhor hoje”. Mas aí lembrei das duas baratas no quarto e me calei.
Eu nem sei mais o que fazer. Uma solução é providenciar já a mudança pra Suécia. Acho que outros países na Escandinávia ou qualquer lugar gelado também estão valendo. Outra é executar aquele meu projeto de construir uma redoma de vidro com furinhos minúsculos, só pra respiração, pra eu poder dormir dentro. Quero uma redoma de vidro anti-barata!
Aguardo minhas queridas leitoras de Fortaleza me assegurarem que lá não tem barata não. Obrigada.




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