Por Altamiro BorgesO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou nesta terça-feira (25) sua segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros. Segundo a mídia rentista, os “agentes do mercado” – nome fictício dos agiotas financeiros – apostam em nova alta da Selic de 0,25%. “Em janeiro, a Selic foi elevada em 0,5 ponto percentual, para 10,5% ao ano. A previsão do mercado financeiro é que a taxa continue a subir e feche 2014 em 11,25% ao ano. Em 2015, a previsão é que haja novos ajustes na Selic... No ano passado, como medida para conter a inflação, o Copom elevou a Selic em 2,75 pontos percentuais.”, relata a Agência Brasil, um sítio público que adota o mesmo linguajar do temido “deus-mercado”.
Caso as previsões se confirmem na reunião do Copom que termina na quarta-feira, a economia brasileira voltará a sentir o baque desta política monetária contracionista e de viés neoliberal – que emperra a produção e inibe o consumo e, como efeito inevitável, reduz o ritmo de geração de emprego e renda no país. Como afirma Vagner Freitas, presidente da CUT, “a política de elevação das taxas de juros, além de não contribuir para controlar os índices inflacionários, prejudica o desenvolvimento sustentável do Brasil, gerador de emprego e renda, reduz o mercado interno, encarece o crédito e serve apenas aos interesses do capital especulativo”.
A própria pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) confirma que a elevação continua da taxa de juro tem desacelerado a atividade econômica no país. O aumento da Selic impacta os juros mensais cobrados pelos bancos de pessoas físicas e jurídicas, que subiram ininterruptamente nos últimos 16 meses. Em janeiro, os juros pagos pelas pessoas físicas foram de 5,65% ao mês, acima dos 5,60% ao mês de dezembro e dos 5,57% ao mês de novembro. Em relação a janeiro de 2013, a taxa anual passou de 88,61% para 93,39%. Este aumento reduz o acesso da população ao crédito, já que as prestações apertam cada vez mais o orçamento familiar.
No caso das empresas, os juros cobrados subiram mais lentamente, de 3,25% ao mês, em dezembro, para 3,29%, em janeiro. Entre janeiro de 2013 e de 2014, o juro anual cobrado de pessoas jurídicas passou de 43,74% para 47,47%. Este aumento reduz os investimentos das empresas, o que inviabiliza novas contratações e emperra as negociações salariais das categorias. Apesar deste nefasto resultado, a Anefac elogia o arrocho monetário do Banco Central e ainda prega novas medidas de austeridade fiscal, com cortes dos gastos públicos. Para os rentistas, pouco importa a redução no ritmo de geração de emprego e renda. O que eles querem é especular ainda mais no mercado financeiro! Dane-se o Brasil!
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