CRÍTICA: O DIA EM QUE A TERRA PAROU me fez parar
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CRÍTICA: O DIA EM QUE A TERRA PAROU me fez parar


- Corram! O mundo tá pra acabar, não vamos mais precisar do carro!

Vou escrever bem pouquinho sobre O Dia em que a Terra Parou porque eu vi o troço há vários dias eo me lembro mais dele. E também porque, preciso confessar, eu dormi durante o filme. Dormi bem, o sono das justas. Quer dizer, eu tava achando que só cochilei, até ler várias críticas e perceber que perdi uma parte inteira que muita gente considera a melhor do filme, quando o Keanu Reeves encontra um extraterrestre velhinho que mora na Terra há setenta anos e que aprendeu a gostar dessa praga chamada humanidade. Quando li sobre isso, comentei com o maridão: “Estão inventando ou essa parte realmente acontece e eu dormi?”. Ele explicou que até fazem merchandising do McDonald's nessa cena. Portanto, eu dormi mesmo.
Mas consegui ficar de olhos abertos o suficiente pra que esta refilmagem do clássico de 1951 (escrevi sobre ele aqui) me parecesse péssima. Na realidade, não tem quase nada a ver com o original. Se viesse com qualquer outro título a gente até pensaria: “Será que eles não pegaram algumas ideias do clássico?”, e algum mal-educado responderia: “Claro que não, sua tolinha, imagina, é completamente diferente”. Bom, na versão original um extraterrestre em forma de gente vinha a este planetinha pra avisar que é melhor parar com essa zona de ameaça nuclear aí, ou senão da próxima vez a visita não será tão amistosa - uma polícia intergalática surgiria pra destruir a Terra. Agora, como a gente não teme mais a Guerra Fria (as guerras são quentes, mas felizmente é raro um lado ameaçar jogar uma bomba nuclear no outro), a trama foi updated pra incluir um desastre ecológico. É tudo meio esquisito, porque, apesar de haver vários cientistas no filme, ninguém menciona as palavrinhas mágicas “aquecimento global”, mas parece que o Keanu deseja salvar a Terra dos humanos. Naquela outra produção em que o Keanu salvava a humanidade de um modo mais eficaz, o vilão dizia: “Os humanos são a doença do mundo, e nós somos a cura”. Lembra? De todo o modo, o maridão, que viu a ficção atual muito mais do que eu, deu seu parecer: “Esta refilmagem melhora muito o original! Eu nem gostava do original tanto assim antes, mas agora...”.
No trailer, quando o Keanu fala pra Jennifer Connelly “Se você viver, a Terra morre. Se você morrer, a Terra vive”, eu interpretei o you como um vocêzinho individual dito diretamente pra ela por alguém que não a perdoou por Hulk ou Diamante de Sangue, sei lá. Mas foi uma interpretação errônea. O Keanu fala “você” referindo-se à toda a raça humana. E é difícil nos convencer que o planeta viveria melhor sem nós. É como falar pros países ricos assinarem o Tratado de Kyoto pra reduzir a emissão de gases. Ninguém quer fazer sacrifícios, sabe? No entanto, o coração duro do Keanu balança quando ele ouve Bach. É até estranho, porque ele pega carona com um pessoal bêbado que grita “A Terra vai acabar! Iupppi! Êba! Que legal!”, o que, convenhamos, não soma pontos a favor da espécie. Mas aí ele observa uma trégua de dois minutos entre a Jennifer e seu enteado malinha, que deve ser um dos seres mais abjetos do universo, e pensa, “Puxa, até que essa tal de humanidade tem jeito”.
O menininho, que é o filho do Will Smith, ouviu meu conselho e se livrou de dois dos seus quatro nomes. Agora é só Jaden Smith. Ele tá terrível no filme, mas desconfio que a culpa seja mais do seu personagem. Até a Kathy Bates como Secretária de Defesa substituindo um presidente que se escondeu assim que o caldo entornou não se sai bem. Quem eu mais gostei foi o Jon Hamm, o bonitão da série Mad Men. Sempre que ele aparecia eu acordava. O mesmo não se pode dizer do John Cleese, que faz um cientista ganhador do Nobel. O tempo de tela dele não chega a três minutos, e ele não serve pra nada, a não ser pra apresentar Bach a Keanu. Num momento, John e Keanu travam uma disputa de solução de equações no quadro-negro, e eu achei que ia sair cotovelada (pelo menos tornaria a trama mais emocionante). Mas Keanu, por ser um ET, não é adepto a comportamentos muito normais mesmo. Por exemplo, tem uma hora em que ele usa um carro pra atropelar um policial. Em seguida ele utiliza um outro carro pra ressuscitar o mesmo tira. Ahn, não dava pra pular alguma etapa? Tipo, não atropelar o policial pra não precisar ressuscitá-lo? E isso que o Keanu representa uma inteligência avançada!
Os efeitos especiais são bonzinhos, mas não me despertaram tanto quanto o Jon Hamm. Um crítico americano teve outra opinião. Pra ele, os efeitos são tão fracos que perdem pros que o Al Gore usa na sua apresentação de powerpoint em Uma Verdade Inconveniente. Assim, O Dia em que a Terra Parou fica com o terceiro e último lugar entre filmes que pregam que o homem não está tratando bem o meio ambiente e vai sobrar pra gente. Até Fim dos Tempos, em segundo, é melhor. E O Dia Depois de Amanhã aparece em primeirão. Eu adoro! E eu sei que tava dormindo e que ando pensando demais no Oscar ultimamente, mas o robô do filme não parece uma estatueta do Oscar gigante?




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